NEGÓCIOS SOCIAIS NA AGRICULTURA FAMILIAR
Por: Eloir Trindade • 27/8/2018 • Trabalho acadêmico • 6.047 Palavras (25 Páginas) • 222 Visualizações
NEGOCIOS SOCIAIS NA AGRICULTURA FAMILIAR.[1]
Josiane Lucia da Paz Lima[2]
Eloir Trindade Vasques Vieira [3]
RESUMO: Este artigo parte de uma apresentação das diferentes visões sobre o conceito de negócios sociais, que se refere a empreendimentos que combinam a lógica empresarial de mercado com a lógica social, ou seja, utilizam mecanismos de mercado com a finalidade de gerar valor social. Através dos conceitos levantados sobre o assunto, apresenta-se um breve estudo sobre a agricultura familiar e sua importância na política de segurança alimentar. Apresentam também, modelos, de alguns negócios sociais implantados na agricultura familiar, apresentando como podem contribuir para auxiliar no crescimento socioeconômico, com possibilidade de abertura inclusive de novos canais de vendas e mercado com produtos de qualidade, pois apoiar o desenvolvimento sustentável, incentivando aquisição de gêneros alimentícios saudáveis, é um dever na premissa do negócio social.
PALAVRAS-CHAVE: 1Negócios Sociais. 2Agricultura Familiar. 3Inclusão
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INTRODUÇÃO
O mundo apresenta alguns problemas tais como: fome, miséria, pobreza, educação, violência, mas mesmo em todo este contexto existem pessoas que pensam não apenas em ganhar dinheiro, mas fazer a diferença e mudar este cenário.
Para que se tenha uma sociedade desenvolvida, sugerem-se modelos capazes de beneficiar mais pessoas, diminuindo o nível de pobreza, aumentando as oportunidades, garantindo acesso a uma vida digna e sustentável.
Como uma forma de contribuir para a mudança deste cenário, surge os negócios sociais com uma proposta para responder aos desafios da sociedade contemporânea e contribuir para a elaboração de soluções viáveis para problemas básicos e antigos.
Com o objetivo de enfrentar estes problemas, surge um novo conceito de negócios, os chamados negócios sociais. São modelos que buscam desenvolver soluções que possam contribuir para superar alguns dos grandes problemas sociais e ambientais que o mundo enfrenta. Onde o lucro não é um fim em si mesmo, mas um meio para gerar soluções que ajudem a reduzir a pobreza, a desigualdade social e a degradação ambiental.
Buscando atender o objetivo deste de apresentar os negócios sociais, foi efetuado pesquisa bibliográfica, onde foram consultadas literaturas relativas ao assunto em estudo, artigos publicados na internet e que possibilitaram que este artigo tomasse forma para ser fundamentado.
1 NEGÓCIOS SOCIAIS
Os Negócios Sociais são negócios que queiram fazer a diferença e ainda gerar lucro através de sua atividade, utilizam de mecanismo de mercado para resolver um problema social, econômico ou ambiental, atendendo por meio de serviços ou produtos, necessidades das pessoas da base da pirâmide social, portanto o foco das empresas sociais é o atendimento às classes C, D e E.
1.1 ORIGEM DOS NEGÓCIOS SOCIAIS
Pesquisas apontam Muhammad Yunus, como o grande precursor dos negócios sociais e que, iniciaram nos anos 70, quando Yunus, economista de formação, trabalhava como professor universitário em Bangladesh. A Universidade onde ministrava suas aulas era vizinha a uma grande favela, e o economista conta que sempre sentiu um enorme abismo entre a teoria que ensinava aos seus alunos em sala de aula e a realidade para além dos muros da universidade (ENDEAVOR BRASIL,2015)
Este empreendedor, então encontrou uma solução para ajudar pessoas de sua comunidade, vizinhas à universidade. O negócio começou então por meio de empréstimos de pequenas quantias, criou-se o Grameen Bank. Ele começou a ajudar mulheres a encontrar formas de obter sustento, livrando-se de juros abusivos de agiotas. Essas mulheres passaram a desenvolver atividades como costura e artesanato para sustento próprio.
Diversas regiões do mundo, trabalham com definições e conceitos diversos sobre o assunto. (KERLIN, 2012).
Na óptica americana o termo mais utilizado é “negócio social” (COMINI; BARKI, AGUIAR, 2012) e teve inicialmente investimentos do governo americano, na década de 60, em programas sociais, através da contratação dos serviços prestados por organizações não lucrativas (ONG), estimulando a criação e expansão delas. Porém no final dos anos 70 e na década de 80, houve cortes desses investimentos, fazendo assim com que os grupos sociais organizados sem fim lucrativos – ONG’s desenvolvessem atividades comerciais, muitas vezes não ligadas a sua missão, para conseguirem assim manter os serviços sociais que já prestavam, suprindo a lacuna deixada pelos recursos governamentais (DESS, 1998; DEFOURNY; NYSSES, 2010; KERLIN, 2006; YOUNG, 2001). Esse novo formato de ONGs foi chamada de negócio social na visão americana.
Já no ponto de vista europeia é oriunda da economia social (KERLIN, 2006), sendo o termo mais utilizado o de “empresa social” (COMINI; BARKI, AGUIAR, 2006). Assim como na América do Norte, a empresa social, na Europa, surgiu através da situação de desaceleração da economia, o que provocou, a partir do final da década de 70 até 1990, aumento significativo do desemprego e redução nos serviços públicos de bem-estar (KERLIN, 2006).
Na Europa, a maioria das empresas sociais foi fundada pela sociedade civil, com o objetivo de ajudar serviços de interesse coletivo e minimizar a exclusão social.
Na América Latina o surgimento dos “negócios inclusivos” está associado ao combate às altas taxas juros, ao combate a pobreza e desemprego, há diferentes tradições religiosas e culturais, a má distribuição de renda e a exclusão social geradas pelas crises econômicas (KERLIN, 2010; MARQUEZ; REFICCO, BERGER, 2009, SCARLATO, 2013). Perante este cenário, empresários desenvolveram os negócios inclusivos como uma possível solução para atender as necessidades básicas da população menos assistida.
Para Hart (2006), o valor de uma real opção estratégica para servir o mercado da base da pirâmide é que se incrementa a probabilidade das organizações desenvolverem produtos ou serviços em que uma determinada comunidade pobre poderá, com sucesso, transformar-se em um negócio lucrativo gerador de riqueza local.
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