O Talento Gerencial das Empresas Listadas no Ranking

A associação entre a evidenciação contábil (disclosure) e as características corporativas é grande fonte de pesquisas na Contabilidade. Neste estudo, optou-se examinar o talento gerencial, identificado pelas empresas listadas no ranking “melhores empresas para você trabalhar”, como força que afeta o disclosure, hipótese concebida inicialmente por Trueman (1986). O objetivo é investigar se há diferenças entre o nível de disclosure praticado pelas entidades participantes do ranking e o praticado pelas não participantes. Este estudo se justifica na medida em que procura evidências de que o talento gerencial exerce influência no disclosure hipótese, até então, não confirmada ou refutada, segundo Healy e Palepu (2001). O disclosure foi calculado conforme proposto por Alencar (2007), composto por 47 quesitos. Utilizou-se da estatística descritiva, bem como realizaram-se testes paramétricos e não paramétricos para atingir os resultados. Observou-se que os itens mais evidenciados dizem respeito à descrição dos negócios, produtos e serviços, à conjuntura econômica, aos investimentos realizados; os de menor evidenciação estão ligados às projeções feitas pela empresa. Obteve-se evidência estatística significativa de que o nível de disclosure, em relação às informações não financeiras sobre mercados, vendas e produtos, praticado pelas empresas participantes do ranking é maior do que aquele praticado pelas não participantes.

A evidenciação relaciona-se aos objetivos da Contabilidade na medida em que propicia diferentes informações para vários tipos de usuários, auxiliando-os no processo decisório (IUDÍCIBUS, 2004).

O disclosure praticado pelas empresas pode se dar de forma voluntária e/ou compulsória. Por voluntário, entende-se a ação proativa da entidade, geralmente advinda dos incentivos recebidos pelo administrador para divulgá-las, enquanto que compulsório (obrigatório) liga-se à ideia de ação reativa, oriunda de regulamentação que obriga a empresa a divulgar determinada informação (YAMAMOTO; SALOTTI, 2006).

Murcia (2009) ressalta que, apesar dos esforços dos órgãos reguladores, as empresas possuem discricionariedade na determinação do escopo, do conteúdo, do período e da forma de evidenciar informações aos usuários externos.

Conforme explica Verrechia (2001), os estudos sobre disclosure podem ser agrupados em três diferentes linhas de pesquisa: Association-based disclosure, discretionary-based disclosure e efficiency-based disclosure. A primeira linha trata da relação entre a divulgação de determinada informação e o comportamento dos investidores; a segunda procura identificar os motivos que levam a empresa a divulgar determinadas informações; a terceira estuda a existência de algumas formas de divulgação e a consequente eficiência.

A associação entre o disclosure e as características corporativas é grande fonte de pesquisas na área da Contabilidade. Ahmed e Courtis (1999) investigaram a associação entre disclosure e rentabilidade. Por sua vez, Lambert, Leuz e Verrecchia (2005) examinaram a relação entre custo de capital próprio e as informações contábeis divulgadas pelas empresas.

Particularmente, no Brasil, vale ressaltar os estudos de Lanzana (2004), Malacrida e Yamamoto (2006), Alencar (2007), Costa, Goldner e Galdi (2007), Lima (2007), Lopes et al. (2010), Murcia e Santos (2010), Schultz, Marques e Hofer (2012) e de Oro, Casagrande e Hein (2013). Esses autores relacionaram o disclosure praticado pelas empresas com os incentivos econômicos, sendo que as principais variáveis econômicas abordadas nos estudos foram: tamanho, lucro, rentabilidade, desempenho, custo de capital, endividamento e governança corporativa.

Healy e Palepu (2001) esclarecem que seis forças podem afetar o