Os Deuses Canibais
Por: amandaluyza • 4/4/2019 • Trabalho acadêmico • 1.213 Palavras (5 Páginas) • 367 Visualizações
REFERÊNCIAS:
VIVEIRO DE CASTRO, Eduardo. Araweté: Os Deuses Canibais. Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR EDITOR LTDA, 1986.
Introdução:
O texto “Os abandonados do Mundo” retirado do livro “Araweté: Os Deuses Canibais” de Eduardo Batalha Viveiros de Castro, um renomado Antropólogo brasileiro nascido em 1951 e bem reconhecido pelas suas obras: “As Categorias de Sintagma” e “Paradigma em Lévi-Strauss”, trata de uma cosmografia do mundo atual segundo os Arawetés, povo indígena brasileiro que habitam nas terras indígenas Araweté Igarapé Ipixuna e Trincheira que fica no Pará. O povo araweté é reconhecido pelos seus adornos corporais cheios de plumagens de aves e pela cor avermelhada da pele feita com urucu. A cosmografia araweté engloba conceitos de pessoa, de morte, e de divindade. Nos cantos e rituais xamânicos, as divindades e os mortos se manifestam aos humanos. O tema do canibalismo divino é central para a compreensão do conceito araweté da divindade e da pessoa. A metafísica araweté descreve o lugar do humano no universo, sua inscrição fundamental no elemento da temporalidade, e a lógica da identidade e da diferença que comanda sua ontologia original. Voltando ao tema central do texto, a cosmografia, que é a parte da astronomia que se preocupa com o estudo e descrição do universo.
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De acordo com a cultura araweté, no princípio os humanos e os deuses moravam todos juntos, até que um dia, depois de ser insultado pela esposa, o Deus Aranãmi abandonou a terra, e junto a ele, os outros Deuses também subiram ao céu, e a partir desse acontecimento, houve a separação do céu e da terra que ocasionou uma catástrofe. A terra se dissolveu sobre as águas de um dilúvio, onde surgiu uma piranha e um jacaré monstruosos, e apenas 2 homens e uma mulher conseguiram se salvar.
Segundo os Arawetés, depois do dilúvio a terra foi dividida em 3 camadas: o céu, lugar onde moram as divindades, os deuses, onde tudo é feito de pedra (pois para eles a pedra é um elemento maleável, como o barro para nós). O segundo, é a terra, lugar que moram os homens, que dito por eles foram abandonados aqui. E o terceiro, é a camada subterrânea, que foi criada no período do dilúvio, onde seres fugiram dos monstros afundando nas águas e consolidando um mundo inferior, morando em ilhas de um grande rio. Para os arawetés, a camada mais importante é a dos deuses, lugar o qual os homens vão depois de mortos.
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Na cosmologia dos arawetés, os astros têm uma origem diferente da que conhecemos. As estrelas que vemos, são espécies de lagartas luminescentes, no entanto, dizem também que são fogueiras acesas no mundo superior. A lua é um ser masculino que está ligado a menstruação, e que toda noite surge uma nova lua, como se a do dia anterior acabasse “descarregando” devido o consumo de seu brilho e necessitasse de uma nova. O sol é o mesmo para as 3 camadas, sendo dia na terra, e noite nas outras 2 camadas, e vice versa.
Um dos fatores meteorológicos que também tem algo curioso, é a chuva. Para os arawetés, a chuva está relacionada a um pequeno lagarto, cuja a morte do mesmo por mãos humanas, causaria um dilúvio como o primordial.
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Segundo os Araweté a origem do mundo se dá da diferenciação entre os “suportes” que compõem o universo. Para eles, além da Terra, que é o “suporte” dos seres humanos, ainda há um mundo subterrâneo e um celeste que é dividido em dois patamares, que para eles são determinados de “outras terras” ou “céus”, que ficam separados do nosso em um cataclisma inaugural. Segundo essa cosmologia, os humanos foram deixados para trás, entretanto, anterior a isto, os homens e os ainda futuros deuses viviam igualmente na terra, sem morte e sem trabalho, mas também, sem fogo e sem plantas cultivadas, essa comunidade que existia, foi fragmentada devido a um insulto que Aranami, a divindade, ouviu de sua esposa Tadide, com isso, Aranami irou-se contra os homens e os abandonou indo embora com seu sobrinho e tornando sua mulher uma humana.
para eles, a chuva é ocasionada pela água que sai do corpo de um gavião-carrapateiro celeste, ou “gavião-de-anta”, que habita no outro lado da terra dos deuses, um outro animal que eles também relacionam à chuva é o lagarto Tarayo, que, se sua morte for causada pelas mãos de um humano, acabaria reproduzindo um dilúvio similar ao primordial. O fim das chuvas e começo da seca são associados ao inhambu-guaçu.
Para o trovão, os arawetés têm algumas explicações, tais como a de que o trovão é o ruído do arco do Maf Oho disparando as flechas que são os raios, alguns dizem que os trovões são o corpo dos próprios deuses brilhando, outros ainda dizem que são devido ao chocalho do Xamanismo deles. Uma outra explicação que eles dão é de que os raios ficam pendurados na casa dos deuses, e que os filhos deles, ao brincarem, batem a cabeça nos raios e isso dá o relâmpago aqui na terra. Essas tantas versões para explicar os fenômenos que ocorrem aqui na terra nos mostra mais ainda que os arawetés têm uma falta de interesse nos fenômenos meteorológicos do que na reprodução das versões nos discursos dos xamãs sobre o mundo superior. Os meteoros sempre estão ligados às almas dos homens, o trovão tem a ver com o ruído da “panela de almas”, que é onde os mortos são colocados para reviver; os raios são uma manifestação das mortes naturais dos arawetes. Os fenômenos são interpretados de acordo com as circunstâncias. Eles não adoram os fenômenos meteorológicos, entretanto, a população celeste é o centro de sua cosmografia.
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