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Alef - Associação De Líderes Evangélicos De Filipe Camarão: Sua Relação Com A Missão Integral E O Reino De Deus

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Por:   •  13/4/2013  •  9.851 Palavras (40 Páginas)  •  1.344 Visualizações

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ALEF – ASSOCIAÇÃO DE LÍDERES EVANGÉLICOS DE FELIPE CAMARÃO: Sua relação com a Missão Integral e o Reino de Deus

INTRODUÇÃO

Este trabalho trata-se de estudo de caso, onde se analisará a ALEF – Associação de Líderes Evangélicos de Filipe Camarão e a sua relação com os temas da Missão Integral e do Reino de Deus.

A ALEF – Associação de Líderes de Filipe Camarão, doravante tratada apenas por ALEF, trata-se de entidade paraeclesiástica que atua num dos bairros mais pobres e violentos da cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte (Brasil).

Num primeiro momento, analisaremos resumidamente a temática da Missão Integral no contexto latino-americano. Para isto, partiremos do movimento evangelical latino-americano, e utilizaremos teólogos de nossa região.

Num segundo momento, analisaremos também resumidamente, o tema do Reino de Deus, fugindo das generalidades, e focando principalmente na perspectiva da teologia evangelical latino-americana.

Finalmente, na última parte do trabalho, intencionamos retratar a ALEF, partindo de seu nascimento, analisando sua relação com os principais temas deste trabalho: Missão Integral e Reino de Deus, e registrando suas principais ações e projetos.

I - MISSÃO INTEGRAL NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO: Uma pequena abordagem

1 - O Movimento Evangelical como pressuposto para a Missão Integral

O movimento evangélico é bastante complexo e fluído, e categorizá-lo por identidade não é uma tarefa simples, mas bastante complexa, senão, praticamente impossível. O movimento não possui uma única fronteira institucional, possui diversos marcos teóricos e muitas experiências, e, durante o século XX passou por diversas refigurações (RODRIGUES, 2009, p. 18).

Entre as refigurações ocorridas no século anterior, uma merece destaque por sua relevância no contexto da América Latina: o movimento conhecido como Missão Integral. Nele, teólogos propunham uma teologia holística que unisse no conceito de evangelização tanto a proclamação como a responsabilidade social. Praticava-se o diálogo com as ditas ciências humanas e sociais, citavam a teologia da libertação como referencial teórico de vários textos e não hesitavam em falar de contextualização. A teologia tinha que ser feita “de baixo” a partir das realidades do povo (RODRIGUES, 2009, p. 18).

Contudo, antes de nos adentrarmos no tema da Missão Integral, convém abordarmos, mesmo que sucintamente, o tema do evangelicalismo, haja vista que há uma estreita relação entre os dois movimentos. Como bem diz Moreira (2011, p. 01): “Compreender o significado teológico do termo ‘evangelical’, bem como as manifestações históricas deste, é imprescindível para entender o conceito de ‘Missão Integral’, que nasce do caldo evangelical no início do século XX” .

Para Bonino (2003, p.31), o termo ‘evangélico’ (donde se deriva o termo ‘evangelical’) não é muito preciso em seu significado histórico. Contudo, seu fundo histórico encontra-se no movimento pietista e nos avivamentos da Grã-Bretanha e da América do Norte. Entre os principais pontos do momento evangélico, Bonino destaca: a confiança irrestrita na Bíblia Sagrada, a pregação da salvação, o perdão dos pecados por Jesus Cristo através da sua obra salvadora e a necessidade da conversão ao evangelho . O referido autor diz:

[...] podemos reconhecer nesse resumo a teologia do pietismo e do Grande Despertar (ou avivamento) do Século XVIII que associamos aos nomes de Wesley e Whitefield na Grã-Bretanha e de Jonathan Edwards nos Estados Unidos e que permeia a maior parte do protestantismo anglo-saxão e seguramente a totalidade do seu etos missionário. (BONINO, 2003, p. 31).

O teólogo e sociólogo brasileiro Gouvêa de Mendonça parece corroborar o pensamento de Bonino ao afirmar as origens do evangelicalismo no movimento metodista, ao afirmar: “Desse trabalho de meio século resultou o grande movimento ‘evangelical’, que surgiu na Igreja da Inglaterra, em fins do Século XVIII, e cujos efeitos se prolongam até os dias de hoje” (MENDONÇA, 2000, p. 60).

Para o missiólogo Carlos Caldas, o evangelicalismo apareceu em segmentos existentes dentro do anglicanismo, que articularam a renovação da fé inspirados nos evangelhos, acrescentando ainda que, a utilização do termo ‘evangélico’ antecede à própria Reforma Protestante, mas em Martinho Lutero foi associado à causa reformada. O referido pesquisador, a partir de leituras do bispo Anglicano Robinson Cavalcanti, faz a seguinte referência ao evangelicalismo:

1) O evangelicalismo tem origem na Grã-Bretanha e não nos Estados Unidos da América; 2) o evangelicalismo tem origem no anglicanismo e não nas igrejas livres; 3) o evangelicalismo original tinha forte consciência social e política; 4) por sua base em universidades como Cambridge e Oxford, o evangelicalismo sempre foi compatível com a excelência acadêmica [...] 8) o fundamentalismo (fraco na Grã-Bretanha e forte nos Estados Unidos) surgiu 100 anos depois, como expressão localizada e extremada do evangelicalismo, e não o evangelicalismo como expressão moderada do fundamentalismo (CALDAS, 2007, p. 76).

É interessante frisar que o evangelicalismo histórico-anglicano, traz consigo os elementos fundamentas da Reforma Protestante em sua vertente calvinista, contudo, sob nova vitalidade no conjunto de avivamentos religiosos. Mas, o evangelicalismo que chegou ao Terceiro Mundo, inclusive à América Latina, não foi exatamente aquele puramente anglicano, mas uma nova forma de evangelicalismo influenciada pelos avivamentos religiosos, tanto na Inglaterra como na América do Norte, e pelo denominacionalismo (MOREIRA, 2012, p. 02).

Para o teólogo e missiólogo peruano Samuel Escobar, a forma de protestantismo que se desenvolveu na América Latina é caracteristicamente evangélico, tanto em seu sentido histórico como em seu conteúdo teológico. O referido autor declara:

A maior parte dos missionários que vieram à América Latina pertencia a um setor do protestantismo europeu ou norte-americano que em inglês se descreve com o termo ‘Evangelical’, e que na Europa se costuma descrever como ‘pietista’ (ESCOBAR, 1987, p. 47).

Pode-se assegurar que na América Latina, estes e outros elementos citados do evangelicalismo se fundiram à experiência sócio-histórica e cultural do continente latino-americano, e, desta fusão

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