Resenha WATTS & ZIMMERMAN (1986)
Por: Aviner Manoel • 8/6/2015 • Resenha • 750 Palavras (3 Páginas) • 1.210 Visualizações
No decorrer de seu trabalho, Watts e Zimmerman (1986) citam a evolução da teoria da contabilidade, destacando alguns trabalhos como o de Ball e Brown (1968), Beaver (1968), Jensen e Meckling (1976) e Fama (1976). Todos esses autores e suas obras tiveram papel fundamental na evolução da pesquisa em contabilidade.
O trabalho de Ray Ball e Phillip Brown (1968) segundo os autores despertou enorme interesse por pesquisas contábeis relacionadas a mercado de capitais, já que muitos trabalhos desde então passaram a explorar o vínculo entre preço de ações e informações contábeis. Entre os trabalhos que assumiram grande importância para o desenvolvimento da metodologia positiva na década de 60, Watss e Zimmerman destacaram aqueles que giram em torno da Hipótese do Mercado Eficiente – HME. Essa hipótese considera que os preços dos títulos refletem integralmente as informações disponíveis de forma não enviesada. E Ball e Bown (1968) e Beaver (1968) utilizaram esse instrumental em trabalhos de grande significado para o desenvolvimento da teoria positiva da contabilidade.
Ball e Brown (1968) analisaram relatórios publicados mensalmente no Wall Street Journal para verificar até que ponto informações sobre o lucro contábil anormal afetaria os preços das ações. Beaver (1968), por sua vez, analisou o comportamento dos preços e do volume de títulos negociados nas semanas que antecediam à divulgação das informações contábeis. Esses dois trabalhos têm sido considerados marco muito significativo na história da pesquisa positiva da contabilidade.
Outro aparato conceitual que contribuiu muito também para o desenvolvimento da metodologia positiva na contabilidade foi a Teoria do Agente de Jensen e Meckling (1976). Essa teoria fornece subsídios para se compreenderem as motivações que levam determinada organização a definir suas políticas contábeis deste ou daquele modo. Ao focalizar as relações entre agente e principal, bem como problemas derivados de assimetria de informações, essa teoria veio a contribuir para se explicar e predizer a prática contábil.
Desta forma, Watts e Zimmerman denominam positivo o enfoque da teoria da contabilidade que tem como objetivo descrever como a contabilidade se desenrola, no mundo real, e predizer o que irá acontecer (poder preditivo). Sendo assim, denomina-se também positiva a abordagem respectiva da pesquisa contábil. A teoria positiva é fundamentalmente baseada em observações da realidade. Seu princípio básico é testar hipóteses sobre determinados fenômenos, empiricamente. O uso do termo positivo se tornou muito comum na economia, a partir dos trabalhos de Friedman (1953) para distinguir a pesquisa e a teoria cuja finalidade era explicar e predizer de outras que se limitassem a fornecer prescrições (ou teoria normativa).
Watt e Zimmerman (1986) defendem a tese de que o objetivo da teoria contábil é explicar e prever a prática da contabilidade. O termo “prática” está sendo utilizada em sentido amplo, de forma a incorporar outras atividades situadas no campo da contabilidade, como a auditoria. Já o termo “explicar”, por sua vez, significa fornecer motivos para a pratica observada. Exemplificando isso, os autores citam que uma teoria da contabilidade deve explicar por que certas organizações usam o método Ueps (último a entrar, primeiro a sair) de controle de estoques, ao invés do Peps (primeiro a entrar, primeiro a sair). Os autores procuram esclarecer o sentido do termo “prever” em tal contexto. A expressão previsão na pratica contábil significa que a teoria deve prever fenômenos contábeis ainda não observados (não se tratando necessariamente de fenômenos futuros, já que tais fenômenos já podem ter ocorrido, mas não foram ainda evidenciados sistematicamente).
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