A Análise da Ética Medieval na Obra Ricardo
Por: Pedro Afonso • 30/6/2023 • Dissertação • 904 Palavras (4 Páginas) • 71 Visualizações
A culpa dos reis e Fioravanti
Análise da Ética Medieval na obra Ricardo segundo
Princípios em jogo:
- Legitimidade --> Assegura o sistema de relacionamentos da sociedade – Obediência ou desobediência (contexto inclusive que se apresenta na obra de Shakespeare)
--> Na lógica medieval a legitimidade está baseada em um conceito biológico, hereditário, ou seja, nasce-se em família nobre é nobre, portanto, sempre será nobre e deve agir como nobre e viver como nobre, assim como se nasce plebeu deve viver como plebeu e agir como plebeu e sempre será plebeu. Conceito que relacionando com a constituição medieval demonstra a crença em uma “Ordem natural das coisas” (abordado mais a frente).
--> A ética, a moral, o direito, o comportamento têm como limite o poder soberano legitimo do rei concedido por deus. Novamente um comportamento que demonstra essa crença em uma “Ordem natural das coisas.
--> Na obra é comparado a legitimidade biológica do rei através do sangue, considerado sagrado, à seiva das arvores, demonstrando uma crença de uma ligação orgânica do rei com a natureza, ou seja, desobedecer ao rei seria desobedecer às Leis da Natureza. Este é o conceito medieval da “Ordem natural das coisas”, no vídeo é citado a ideia do ordenamento cósmico como símbolo desta crença em um ordenamento natural divino e estático, ou seja, as coisas são como são e sempre foi assim e sempre vão ser já que tudo foi criado por Deus de maneira perfeita e tudo acontece através da vontade Divina. Legitima-se a ideia de estamentos através dessa crença.
A ordem jurídica na constituição medieval é tida como previamente posta e como obrigatória, discurso sobre constituição era o da defesa dos valores já estabelecidos e a manutenção de uma “Ordem natural”, o maior inimigo da constituição é o arbítrio, ou seja, ambições e vontades que são vistas como fora do seu contexto pré-estabelecido, exemplo: filho de ferreiro não gosta da forja e quer tentar fazer artesanato, é o indivíduo desobedecendo a Deus.
- Bom Governo --> O governante deve agir segundo certos valores – valores determinados e cultivados pela igreja durante todo o período medieval.
--> Justiça na época medieval é: cada indivíduo ocupar seu devido lugar na natureza, sociedade estamental. O Rei Justo é um rei generoso, sua bondade é medida através de atos de caridade e como recompensa pelos méritos.
--> Visão orgânica do governo, Rei como a cabeça e os súditos como o corpo, relação de interdependência e de subordinação. Essa visão é uma noção medieval de harmonia na sociedade, ideia de comunidade e da não individualidade como a forma de manter as coisas funcionando.
--> O Rei Justo é o rei que trata seus súditos com amor e o Tirano os trata com medo. O Tirano vê seu povo como escravos e animais. O Tirano causa medo em seus súditos, mas também tem medo deles, já que existe um risco de ser assassinado. O príncipe se converte em tirano quando não cumpre com seu dever de manter a paz e manter todos em seu lugar com sua função, ou seja, de reprimir as violações da Ordem Natural das Coisas. De acordo com a constituição medieval não existe a transição de um Rei Justo para um Tirano, já que não existe a possibilidade de um Rei Justo ser injusto, caso o Príncipe se pronuncie de maneira injusta, este se tratava de um Tirano desde o princípio independente de tudo que este fez durante seu governo, independente da prosperidade que este garantisse ao seu povo, já que o conceito medieval de Bom Governo se trata apenas das noções éticas e morais do governante.
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