A CIDADE DE MUROS

No início dos anos 80 houve um aumento de crimes violentos nas grandes cidades do país. Teresa Caldeira, com a intensão de estudar a relação entre a criminalidade, democracia e espaço urbano, escreveu o livro Cidade de Muros: Crime, Segregação e Cidadania em São Paulo, obra apresentada nessa disciplina para discussão.

O livro aborda principalmente a temática da segregação espacial e discriminação social que é gerada por essa segregação. Gerada pela sensação constate de medo e de violência, que ocorre principalmente nas grandes cidades, mas que nos últimos anos, observa-se que isso também acontece em cidades menores. O estudo relacionado ao livro aborda novas tecnologias de exclusão social e os argumentos que as pessoas utilizam para justificar essa segregação.

Outro aspecto relevante que é tratado no livro diz respeito aos enclaves. Em geografia, enclave significa território de um estado com distinções políticas, sociais ou culturais cujas fronteiras geográficas ficam inteiramente dentro dos limites de um outro território ou região, de domínio de outro Estado. Há uma analogia deste termo geográfico com os enclaves urbanos modernos, sendo que os enclaves urbanos diz respeito as distinções sociais e culturais dentro do mesmo estado, ou seja, o contraste social, como por exemplo no Rio de Janeiro, onde ao lado de favelas existem condomínios da alta sociedade.

As principais características destes enclaves modernos seriam o prestígio que cerca esses locais, ou seja, essa imagem que se passa de que os condomínios luxuosos é a meta de vida de toda pessoa, e de que quem não vive dessa forma está vivendo de maneira errada, ou são menos prestigiados por esse motivo.

Ao observar esses locais onde está a sociedade de classe alta, percebe-se as fortificações que são inseridas nas cidades, as quais são rodeadas por um forte esquema de segurança que é muitas vezes baseado no preconceito, ou seja, certas pessoas sequer podem adentrar nesses locais, e quando adentram são tratadas de forma diferenciada, principalmente os empregados, que, como já ouvimos por diversas vezes em veículos de informação, as vezes nem são tratadas como seres humanos que são partes destes locais, até porque os locais não foram feitos para eles, motivo pelo qual estas pessoas tem entradas diferenciadas, tratamentos diferenciados. O ideal de condomínio fechado é a ideia de uma ordem privada composta por pessoas do mesmo grupo social. Isso nos faz perceber que o histórico cultural no Brasil foi tão marcante que esses enclaves que se debate na sociedade atual são reflexos da sociedade escravocrata, que perdura até os dias de hoje.