A Resenha Rousseau
Por: Vitória Dutra • 21/6/2019 • Resenha • 777 Palavras (4 Páginas) • 174 Visualizações
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu em 19 de agosto de 1849 no Recife e faleceu em Washington em janeiro de 1910. Além de diplomata, foi formado em Direito e bacharel em Letras e ajudou, inclusive, a fundar a Academia Brasileira de Letras. Estudou a escravidão sobre aspectos morais, históricos e jurídicos, era favorável a liberdade religiosa e defendia o sistema monárquico. Publicou várias obras importantes, como o livro O Abolicionismo que é um respeitável tratado onde ele discute a proposta abolicionista em respeito à escravidão como um sistema social, abordando uma perspectiva sobre como ela atrasava o desenvolvimento do Brasil, buscando, além do combate a escravidão, uma reforma social pós-abolição. Dessa forma, é interessante notar que são exibidos considerações referentes não só ao fim da escravidão no Brasil, mas também há uma preocupação com a inclusão dessas pessoas a sociedade e a busca por apagar esse efeito negativo, violento e opressor contido nela. Ele defende que o abolicionismo transcende o problema humanitário, e alega a necessidade do desenvolvimento econômico, moral e político do país.
Por conta de pressões sofridas por países mais desenvolvidos socio-economicamente, já na revolução industrial, como a Inglaterra, o Brasil passa a ser pressionado a tomar medidas mais duras em questão do regime escravista. Foram criadas algumas leis como a Eusébio de Queiroz, em 1850, que proibia o tráfico de escravos e a Lei do ventre livre, em 1871, que considerava livres todos os filhos de escravas nascidos a partir daquela data. Porém, Nabuco questionava seriamente essas missões gradativas e pouco eficazes, ele queria a liberdade total e imediata para todos os que ainda permaneciam escravos.
Nabuco considerava que o abolicionismo, na sua época, não poderia ser um partido, porque era mais uma ideia do que uma opinião devidamente organizada e o movimento abolicionista não se enquadrava em nenhuma das aspirações políticas dos então partidos porque ele acreditava que antes de um povo governar-se a si mesmo era necessário libertar o resto da população. E tendo em vista também que os partidos tradicionais da época eram constituídos pelo representação do poder da escravidão.
O autor ainda apresenta a ideia de que como grande parte da sociedade era descendente de escravos e que as raças se miscigenaram muito no decorrer do tempo marcado de forma negativa a população uma vez que não aconteceu o “aperfeiçoamento da raça mais atrasada” e sim um “embrutecimento da mais civilizada”. Além de afirmar que tudo do que se tinha no Brasil, seja a conquista do solo para a habitação, questões culturais, igrejas e escolas e até o acumulo de riquezas existentes no país eram resultados do trabalho manual dos escravos. Portanto, eles deveriam ser parte da sociedade.
A ideia de que a emancipação e a liberdade dos escravos era apenas a tarefa imediata do abolicionismo, e que, além dessa, haveria outra maior para o futuro, que seria a de apagar todos os efeitos de três séculos desse regime escravista apontada no livro, pode ser entendida como uma preocupação social com os efeitos que isso geraria, como a desigualdade social e o preconceito, por exemplo, e que essas mudanças deveriam acontecer através da educação, imigração, religião, da imprensa , etc e relacionados com a contemporaneidade em fatos de que se pode dizer que até hoje o abolicionismo não conseguiu cumprir essa segunda parte. Mesmo depois de 129 anos da assinatura da Lei Áurea, os efeitos da escravidão e o que ela perpetuou depois ainda são notados na sociedade e também há até hoje medidas para tentar equiparar essa enorme desigualdade sócio-econômica entre brancos e negros, como as cotas e programas sociais, por exemplo.
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