A Revolução da Missão
Por: fabio.belmonte • 10/4/2016 • Trabalho acadêmico • 5.866 Palavras (24 Páginas) • 177 Visualizações
A Revolução da Missão
Quando minha vida for moldada pela de Cristo ela se torna uma “vida em missão”. Missão essa que para ser relevante deve conhecer e se redescobrir no ambiente que se opera e na realidade de onde as pessoas vivem. E onde elas hoje vivem? O que tem influenciado suas ações e prioridades? Convido você a uma profunda reflexão neste capítulo a fim de irmos no âmago da questão.
No livro evangelismo há um capítulo inteiro onde Ellen White fala da importância do trabalho nas grandes cidades. De acordo com a ONU até 2015 quatro bilhões de pessoas viverão nas cidades. O número de cidades com mais de 10 milhões de habitantes (mega-cidades) será de 26 até o ano citado. Para comparar, em 1950, existia apenas uma cidade com esse número de habitantes em todo planeta, Nova York. Na década de 60, a população urbana representava 34% da população do planeta. Esse número saltou para 44% em 1992, e existe uma estimativa de que 61,01 % da população mundial esteja vivendo em cidades até 2025.
No Brasil, o assunto não é diferente, muito embora, o crescimento tenha sido mais acelerado que outros países. O Brasil deixou de ser um país essencialmente rural no fim da década de 60, quando a população urbana chegou a 54,92%. A mecanização das atividades rurais e a atração exercida pelas cidades como lugares que oferecem melhores condições de vida foram dois dos principais fatores do êxodo rural.
Atualmente, o país conta com 84,4% de seus habitantes morando em áreas urbanas (IBGE - censo 2010). Na região centro-oeste do Brasil a população urbana é de 88,8% perdendo apenas para a região sudeste com 92,9%. O Distrito Federal chega a 96,6% da população em território urbano. A urbanização é um fenômeno que acontece nos quatro cantos do globo, e a tendência é que ela continue em crescimento.
Diante disto, não se pode medir esforços em aprender como analisar a cidade em todos os seus aspectos, para que a igreja seja, de fato, relevante. A preocupação de muitos estudiosos é proporcional ao crescimento dos centros urbanos. O grande desafio hoje é levantar os olhos e ver a cidade como um grande campo branco pronto para a ceifa (Jo 4:35).
Estamos muito atrasados, em seguir a luz que Deus nos deu quanto à obra nas grandes cidades.Aproxima-se o tempo em que se formularão leis que fecharão as portas que agora estão abertas à mensagem.Necessitamos erguer-nos e agir com o mais ardente fervor, enquanto os anjos de Deus estão à espera para dar seu maravilhoso auxílio a quantos trabalharem no sentido de despertar a consciência de homens e mulheres para a justiça, a temperança e o juízo vindouro. Manuscrito 7, 1908.
Uma cidade não são apenas população e problemas sociais, mas é uma concentração cultural. Olhando para isso, é possível entender que a cidade deixou de ser um conceito geográfico e passou a ser também um conceito sociológico, onde as pessoas que migram de diferentes regiões procuram se concentrar, formando “guetos culturais”. São formados grupos que tentam manter vivas as tradições da terra natal, como os Centros de Tradição Gaúcha e Nordestina espalhados por todo país. Isso é uma maneira de fortalecer os laços culturais. Porém, as influências externas tendem a transformar a cultura natal em algo mesclado com outras culturas.
Em muitos momentos a cultura da terra natal não representa tanto e os principais valores culturais aprendidos são misturados com outros em diversas situações como um sincretismo cultural. Acontece aqui uma fusão de elementos culturais diferentes, em um só elemento, continuando perceptíveis alguns sinais originais. Diante disso são formados grupos que compartilham de interesses e gostos equivalentes. Para os jovens isso se torna mais acentuado formando o que se popularizou como “tribos urbanas”.
Além desta mescla, existe uma cultura que é própria da urbanização, levando os habitantes da cidade, tanto os de classe média-alta como os de classe-baixa, a pensarem de modo individualista. São quatro os traços principais que levam à consumação desse pensamento individualista:
1) Intelectualismo- O sujeito se vê forçado a conter as suas emoções e a agir de modo racional pois não tem a segurança de sua gente e sua terra ao contrário do que acontece em pequenas localidades.
2) Reserva Mental- É a criação de distâncias nos contatos cotidianos, como mecanismo de auto-proteção da individualidade.
3) Calculismo e Pragmatismo. Como garantia de sobrevivência numa cultura quantitativista.
4) Atitude Blasé. Um traço psíquico que remete para a banalização das diferenças e a (auto) desvalorização pessoal. O indivíduo está embotado pelo excesso de estímulos (sensoriais, afetivos, intelectuais, etc...) ou de prazeres, e que se tornou insensível ou indiferente a eles.
As cidades têm vivido tremendas dificuldades: guerrilhas urbanas, violência sem controle, brutalidade, fome, miséria, drogas, impunidade, corrupção, desamor, tragédias, desigualdade social, pais se levantando contra filhos e filhos contra pais e ultimamente manifestações públicas acaloradas. A lista é imensa e parece não ter fim.
“Nós não compreendemos a que extensão os agentes de Satanás estão trabalhando nessas grandes cidades. A obra de levar a mensagem da verdade presente perante o povo está-se tornando cada vez mais difícil. É essencial que novos e variados talentos se unam em inteligente trabalho pelo povo.Medicina e Salvação, pág. 300.
A questão aqui, é “oferecer condições às pessoas de provar uma experiência relacional de Cristo através de uma experiência relacional com um cristão”. A experiência sobrenatural deve vir depois da sensorial. Neste sentido, não basta reforçar a instituição ou dar mais publicidade à mensagem. Deve-se levar à experiência salvífica, a qual só se realiza no contexto da comunidade cristã do povo de Deus.
O encontro com o Cristo vivo se dá hoje, como no início, através do encontro com seus discípulos. O encontro se dá na comunidade da igreja, enquanto ela assume sua vocação de tornar o povo remanescente da profecia bíblia. Jesus, o Cristo glorificado, está presente lá onde os seus discípulos se reúnem em seu nome. Mas esta presença se torna exigência de que os discípulos acolham como Ele acolheu, amem como Ele amou, sirvam como Ele serviu, perdoem como Ele perdoou, curem as enfermidades do corpo e do espírito como Ele curou, encontrem sua felicidade nas bem-aventuranças, anunciem aos pobres e oprimidos o tempo da libertação e da graça.
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