A Sociologia analisa e examina a ações do homem dentro do âmbito social
Por: Clarafalcao • 29/11/2017 • Tese • 2.319 Palavras (10 Páginas) • 282 Visualizações
A sociologia analisa e examina a ações do homem dentro do âmbito social, se interessando particularmente pela forma como essa sociedade institui modelos de comportamento. Esses modelos são frutos da construção social da realidade e estabelecem um padrão de relacionamentos entre os indivíduos de uma sociedade. As relações de poder também se incluem nessa análise. Se observa a maneira que os grupos dominantes procuram influenciar as pessoas, de maneira que elas acabem por compartilhar desses padrões de comportamento dominante. Vale ressaltar que a imposição de ordem social não ocorre de forma pacífica, o que acaba gerando conflitos relacionados às regras sociais impostas, que por vezes acabam modificando a organização de uma sociedade, gerando uma mudança social.
Teorias funcionalistas e Teorias do conflito social
As teorias fundamentais da sociologia atual são de tipo macrossociológico, sendo assim, as teorias visualizam a sociedade como um todo. Existem duas correntes sociais entre as teorias macrossociológicas, que são as Teorias Funcionalistas e as do Conflito Social.
Para os funcionalistas a sociedade trata-se de uma grande máquina que irá distribuir os papéis e os recursos, onde cada pessoa absorve o papel destinado a ele, como se as pessoas fosses peças dessa máquina. Portanto a função da sociedade é a reprodução perfeita através de seus diversos componentes, onde os papéis sociais estão dentro do processo de manutenção do sistema. As disfunções são atividades que são adversas ao funcionamento do sistema social. Toda mudança social radical é uma disfunção, ou uma falha do sistema que não consegue mais integrar os indivíduos em suas finalidades e valores.
No entanto essa corrente dispõe pouquíssimo espaço para que haja os conflitos ou rupturas, pois aplica um sistema harmônico que assume um equilíbrio social, tudo isso limitando a corrente a uma interpretação ou descrição superficial.
As teorias do conflito social marxista e liberal opõem-se às teorias funcionalistas. A estabilidade social é considerada como um caso particular dentro do modelo de conflito. O fundamento das teorias do conflito é exprimido da famosa frase do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels: “A história de todas as sociedades até hoje é a história da luta de classes”, ou seja, de uma forma geral os teóricos do conflito explicam através da possibilidade de estratificação social. Para essa corrente a hierarquia social que existe na sociedade é o que produz a desigualdade para o acesso ao poder e aos meios econômicos, gerando um quadro de conflitos de forma contínua, onde de um lado está a classe dominante, de outro se encontra a classe dominada.
Anomia e Regras Sociais
Anomia trata-se de um dos conceitos e temas da sociologia com os quais trabalha o jurista-sociólogo, significando literalmente a ausência de lei (a=ausência, nomos=lei). Pode-se também ser entendida como uma ausência de normas de referência na
sociedade, onde os membros de grandes grupos sócios acabam “sem saber o que fazer”. Aqui a anomia define-se como a ausência de regra clara de comportamento.
O primeiro autor que estudou o tema foi Jean-Marie Guyau, onde em uma obra ele definia a anomia como “ausência de lei fixa” que possa ser imposta à todos os indivíduos. Para ele qualquer moral que se apresente como universal, trata-se de uma forma de opressão. Para Guyau a evolução da história foi o motivo para que os homens se tornassem sempre mais autônomos, de uma maneira onde o individualismo era sempre preservado, sendo assim, as escolhas morais estavam contra qualquer imposição.
Émile Durkheim e Merton foram os dois sociólogos que se dedicaram particularmente ao estudo da anomia e desenvolveram, em tempos diversos, uma teoria sobre anomia que houve grande repercussão no mundo acadêmico.
A Anomia em Durkheim
Após uma intensa pesquisa, em 1897 Dukheim publicou uma análise sobre anomia que se denominava O Suicídio.
O autor estudou todas as alegações dadas naquela época para a prática do suicídio na primeira etapa do seu trabalho, que tinham a ver com ligações à doenças psíquicas, situação geográfica, raça ou etnia, concluindo que todos esses argumentos eram incoerentes, no entanto Durkheim partia da possibilidade que o suicídio estaria ligado aos fatores sociais.
Na etapa seguinte o mesmo provou através do empirismo que os suicídios não tinham ligações com fatores não sociais. De acordo com ele a causa comum estaria ligada a uma crise social geral, ou seja, a uma falta de regras que mantenham a sociedade.
Durkheim classificou o suicídio em quatro classes:
Com integração (excesso ou falta)
Falta de integração – Egoísta: Neste caso o indivíduo sente-se socialmente desvinculado como, por exemplo, um viúvo sem filhos. O isolamento social acaba marginalizando a pessoa que deixa de ter sentimentos de solidariedade social.
Excesso de integração – Altruísta: Ao contrário do caso anterior, a pessoa se encontra muito vinculada a um grupo social. Sentindo-se estreitamente ligada aos valores do grupo, esta pessoa não valoriza particularmente sua vida e acaba suicidando-se facilmente por questão de honra. Um exemplo típico seria de um militar que se suicida no caso de uma derrota.
Falta ou excesso de regulamentação
Excesso de regulamentação – Fatalista: O indivíduo se encontra extremamente pressionado por regras comportamentais muito rígidas que o primem, levando-o ao desespero. Ex: Os escravos que não aguentavam a opressão social
Falta de regulamentação – Anõmico: Neste caso, a pessoa vivencia uma situação de falta de limites e regras sociais, criando um desequilíbrio entre desejos e suas possibilidades de satisfação. Consequentemente o desespero pode levar o indivíduo ao suicídio.
Através dessa análise, Durkheim apresenta a sua visão sobre a anomia. Neste caso, anomia exprime “estado de desregramento”, situação onde a sociedade não consegue mais orientar e limitar as atividades dos indivíduos, resultando no sofrimento das pessoas por perderem suas referências e viverem num “vazio”.
A Anomia em Merton
Em 1938, Merton, afirmou que em todo contexto sociocultural desenvolvem-se metas culturais que expressam os valores que orientam
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