A Sociologia do Direito

                                      Jefferson Almeida da Cruz

Meu nome é Jefferson Almeida da Cruz, tenho 19 anos e vou relatar um pouco da minha trajetória educacional e cultural.

Filho de Adileia Matos de Almeida e José conceição da Cruz ,nascido no vilarejo de Corumbau no Extremo Sul da Bahia, tive uma infância tranquila criado na simplicidade de uma família acolhedora e humilde juntamente com minhas  três irmãs.

 No ano de 2005 comecei minha carreira escolar em uma instituição municipal do Prado - Ba a Santa Rita de cássia, situada no vilarejo de veleiros em Corumbau. E foi ali onde concluí metade da minha vida escolar e também pessoal, criando e formando meu pensamento crítico como indivíduo na sociedade brasileira e consequentemente mundial. Porém no ano de 2014 toda minha ideologia estaria a ser mudada.

Em 2014,ingressei no Colégio Estadual Indígena Bom Jesus, na Águas Belas, também município de Prado. Então foi assim começou minha descoberta cultural. Nos dois anos que estudei nesta instituição me aprofundei nas minhas raízes pataxós, sou bisneto de uma anciã pataxó que participou dos momentos de tristeza e matança do nosso povo, o massacre de 51. Neste mesmo ano aprendi o Patxohã ‘‘linguagem de guerreiro’’, aprendi a valorizar a minha identidade Pataxó.

No ano de 2016 voltei para o Santa Rita de Cássia por questões de transporte e distância do Colégio Bom Jesus, e lá cursei meu primeiro ano do ensino médio, porém em 2017 fui para o Colégio Estadual Indígena Tawá. É Interessante relatar que já existia a comunidade indígena onde moro, o Tawá 2 na qual faço parte. Foi no Colégio Tawá que comecei a praticar  meu papel de individuo pataxó na sociedade onde habito. Participei direta e indiretamente de protestos a favor da melhoria na educação indígena na minha comunidade , estive presente em reuniões para decidirmos questões de saúde e transportes para levar os necessitados, participei também, de movimentos para limpeza de nossas praias e assim ajudando a preservar nossa biodiversidade marinha, que na qual é uma fonte de renda da comunidade. Pois é muito importante  o apoio do indivíduo na luta por seus direitos que cada vez mais tem sido violados não só no Brasil como no mundo.

Desde criança tenho o sonho de ingressar no ensino superior ,sonhava com meu doutorado, exercendo minha profissão e fazendo do mundo um lugar melhor pra se viver, vejo jovens caminhando para um futuro triste e aprisionador sem ter a liberdade do conhecimento e sem seu pensamento crítico sobre as questões que o mundo nos apresenta, mas sempre almejei ser ”diferente” lutar e conquistar.

Então no ano de 2018 concluí o meu ensino médio no Colégio Tawá , com trajes indígenas, pintura corporal, e sorriso no rosto de quem estava cumprindo o seu legado, pois aquela foi a primeira formatura da instituição com todos os formandos em trajes indígenas. Queríamos marcar a nossa passagem por ali, e mostrando para os próximos formandos o valor da cultura, e consequentemente mostrar para o mundo que ainda existe uma resistência pataxó.

Ser indígena não é apenas dizer que é, e sim vestir a camisa e honrar a cultura da sua etnia. Busco no ensino superior a oportunidade de fazer da minha comunidade um lugar de oportunidades, pois, o conhecimento nos abrem portas onde não há paredes, como disse o Platão ”A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que se deve fazer do seu próprio conhecimento”.

Jefferson Almeida da Cruz