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A Ética e o desenvolvimento sustentável

Por:   •  19/6/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.351 Palavras (6 Páginas)  •  325 Visualizações

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15.3 A Ética e o desenvolvimento sustentável

É natural a aspiração humana ao desenvolvimento. Espontânea a intenção de alcançar metas estabelecidas, de galgar status e de obter bens da vida considerados essenciais à plena realização pessoal. Sem ambições, o homem vegeta. Desiste de viver aquele que não luta por nada, que não tem interesses ou objetivos.

O sentimento de liberdade e a convicção da possibilidade de realizar os sonhos é o que mantém a humanidade em curso. Assim não fora e ela se conformaria com os estágios primitivos. A ânsia de desvendar os enigmas a fez filosofar. Mas não impediu, antes incitou à ação. A história da humanidade é a narrativa das lutas para a consecução de valores.

Predestinada a dominar a natureza e os seres irracionais, assumiu a criatura humana as rédeas do progresso. Talvez tenha se desviado da essência nesse percurso. A civilização engloba paradoxos inexplicáveis para justificar-se como resultado da atuação contínua do único ser provido de razão. Ao domesticar as forças naturais e colocá-las a seu serviço, o homem investiu-se de certa pretensão à onipotência.

Talvez para esquecer a sua finitude, entregou-se ao labor incessante e desprovido de limites. As descobertas científicas e o incremento tecnológico fizeram-no potencializar a capacidade de transformação. Os padrões impostos sobrepujaram a imaginação e nada mais se mostra suficiente a aplacar a ânsia consumista. Tudo é descartável, tudo se torna obsoleto, e a corrida rumo ao desenvolvimento não tem linha de chegada.

Poucos, nesse percurso, tiveram condição de entrega à meditação, implausível para a sociedade das máquinas. Alguns detectaram a existência de limites ambientais à reprodução do sistema em todos os quadrantes do globo. Tais limites e seus efeitos são claros: "O esgotamento dos recursos naturais e, principalmente, a saturação da capacidade de suporte do meio ambiente impediriam a repetição e a generalização, à escala mundial, do alto nível de desperdício de recursos praticado pelas sociedades do capitalismo central" .17

Em virtude disso surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, ideia matriz de uma nova consciência de inspiração solidária. Não se mostra sensato permitir que as atuais gerações esgotem o patrimônio ambiental de forma a inviabilizar a vida no porvir. A volúpia do consumismo deveria retrair-se e a reposição dos estoques naturais seria a outra face do esbanjamento.

Relevante ressaltar um ponto relegado, "implícito nesse conceito de sustentabilidade: é que se deve incluir não apenas a dimensão ecológica, mas também as dimensões social, política, cultural e tecnológica. Essa ampliação permite relativizar a ênfase no conservacionismo da natureza, que marcou as correntes ecológicas no início do debate, fazendo com que o conceito de desenvolvimento sustentável pudesse ser aceito como meta universal, embora seu detalhamento seja ainda objeto de grande disputa" .18

A concepção do desenvolvimento sustentável deveria, portanto, representar um paradigma de conduta e servir para todas as esferas da atuação humana, sem reduzir-se à preocupação ecológica. Ressalve-se, nada obstante, o caráter holístico da ecologia, campo em que a integralidade dos fenômenos não pactua com a sua compartimentalização. Mencione-se que a chuva ácida não respeita fronteiras, nem os efeitos da devastação, bem exemplificados pelo efeito estufa, que ameaça todos os habitantes do globo e não apenas os principais causadores dessa catástrofe.

A racionalidade da ideia de um desenvolvimento sustentável não foi suficiente para obrigar todos os governos e todos os poderosos a assumirem as responsabilidades decorrentes de sua aceitação. As mensagens da natureza foram ignoradas - por mais nefastas e surpreendentes nos últimos anos - e os hábitos globais não sofreram modificação radical. Não se apreendeu adequadamente a advertência de que "nenhum ser humano deveria estar condenado a uma vida breve ou miserável apenas porque nasceu 'na classe incorreta, no país errado ou com o gênero equivocado' (PNUD, 1994).

Os pilares de vida civilizada que irão outorgar governabilidade aos sistemas políticos em escala mundial ou local requerem, por isso mesmo, a materialização de um novo paradigma de desenvolvimento. Com efeito, a crise dos atuais paradigmas supõe que esta se refere ao esgotamento de um estilo de desenvolvimento ecologicamente depredador, socialmente perverso, politicamente injusto, culturalmente alienado e eticamente repulsivo" .19

É urgente que as pessoas éticas enfatizem o óbvio. O desenvolvimento sustentável pressupõe a prioridade da felicidade humana sobre todas as coisas. É um desenvolvimento muito mais pleno do que a ideia desenvolvimentista vinculada  ao crescimento quantitativo dos índices econômicos. Deve ser o desenvolvimento que satisfaz as necessidades das atuais gerações, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades, sem o sacrifício da posteridade.

Mereceu certa preferência em nossa literatura ecológica a expressão desenvolvimento sustentável. Não é incomum encontrar-se a locução desenvolvimento durável. Na verdade, "o termo 'desenvolvimento durável' é uma tradução pouco satisfatória do termo inglês 'sustainable development', que é, às vezes, traduzido também como 'desenvolvimento viável'. Esse conceito é uma fórmula de compromisso que emergiu gradualmente entre os militantes ecologistas e os partidários do desenvolvimento".20

O importante é evidenciar que progresso, desenvolvimento e tutela da natureza não são coisas inconciliáveis.

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