AS DEFINIÇÕES E FINALIDADES DA POLÍTICA

   DEFINIÇÕES E FINALIDADES DA POLÍTICA

INTRODUÇÃO:

Definir política não é uma tarefa simples. No geral, cada pensador tem a sua definição, podendo elas irem de encontro uma a outra ou serem opostas. Muitos autores usam diversas linhas de pensamento a partir da filosofia, sociologia, historia e outras ciências para achar uma definição mais simples sobre esse assunto.

POLÍTICA SEGUNDO BOBBIO:

A etimologia da palavra política, de acordo com Bobbio, vem da palavra grega pólis, que o significado é relacionado a tudo que se refere à cidade, e, consequentemente, ao que é urbano, civil e público. Bobbio ainda diz (2000 p. 934) que o termo política teria se expandido com aristoteles, mas perdeu seu significado original  na época moderna.

Segundo Bobbio (2000, p. 954), o conceito de política esta ligado ao conceito de poder, e ele divide em 3: O poder econômico, o poder  ideológico e o poder político.
- O poder econômico pode ser explicado como a posse de bens necessários em um cenário de escassez, induzindo no comportamento de quem não os possui. Então quem não tem em abundância é subordinado a quem tem (BOBBIO, 2000, p. 955).

Nessa linha de pensamento, entraria o conceito de luta de classes, de Marx, onde as classes dominantes, possuidora dos meios de produção, busca a perpetuação da exploração do trabalho daqueles que não as possuem.

- O poder ideológico tem como explicação a influencia de ideias, onde pessoas investidas de alguma autoridade teriam poder sobre as pessoas com menor influencia.

- O poder político é caracterizado pela centralização do uso da força, o chamado poder de coação. Onde quem possui a autorização do uso legitimo da força tem influencia sobre quem não possui.

Ainda de acordo com esse pensador (2000, p. 954), a política estaria ligada ao domínio da natureza e ao domínio do homem sobre os outros homens – o poder político se enquadra na categoria do homem sobre o homem.

Bobbio (2000, p. 956) diz também que embora o uso da força seja uma possibilidade no poder político, nem sempre ele será suficiente para a sua existência.

O autor (1999) define também dois tipos de ética, a ética da convicção e a ética da responsabilidade. A ética da convicção é aquela que é usada para julgar ações individuais, enquanto a ética de responsabilidade é a usada para julgar ações de grupo, ou praticadas por um individuo em nome de um grupo. Bobbio afirma que política deve ser percebida como ética de responsabilidade.

Falando sobre relações conflitivas entre grupos que buscam o poder, o autor (2000) acima citado diz que os fins da política seriam os fins do grupo que estiver no poder.

Ao fim, Bobbio (2000, p. 956) afirma que não pode existir uma ordem instantânea e imutável, porque isso seria o fim da política.

POLÍTICA PARA JOÃO UBALDO RIBEIRO:

De acordo com João Ubaldo Ribeiro (2010), política pode ser entendida como o exercício de alguma forma de poder e as múltiplas consequências desse exercício. Mas, de acordo com ele, definir política como algo ligado a poder não é satisfatório pelo fato de não ser fácil a definição de poder, então ele afirma que política deve estar ligada necessariamente a interesse público. Para ele, a política deve ser vista como o estudo e a prática da canalização de interesses com a finalidade de conseguir decisões.

Para esse autor (2010), é impossível para o cidadão fugir da política, ele afirma em sua obra que até quem se diz apolítico, não é de fato. João Ubaldo Ribeiro diz: “o problema é que, por ignorância ou apatia, às vezes pensamos que estamos sendo indiferentes, mas na verdade, estamos fazendo o que nos convém”. (RIBEIRO, 2010, p.18). Ele também diz que : “ queiramos ou não, estamos imersos num processo político, que penetra todas as nossas atitudes, toda a maneira de ser e agir, até mesmo porque a educação, tanto a doméstica quanto a política, é também uma formação política” (RIBEIRO, 2010, p. 18).

POLÍTICA DE ACORDO COM WEBER:

Weber (2004) conta que o conceito de política é bem amplo, mas diz que o papel do Estado é absoluto. Ao desenvolver um pouco a sua idéia, ele diz que: “o Estado consiste em uma relação de dominação do homem pelo homem, com base no instrumento de violência legítima – ou seja, da violência considerada como legítima” (WEBER, 2004, p.59). Nesse caso, o Estado seria o centro do poder político (ele possui o monopólio do uso legítimo da força), e só continuaria existindo enquanto as pessoas desprovidas desse poder continuassem se submetendo à ele.