AS FORMAS DE INTOLERÂNCIA NA CONTEMPORANEIDADE
Por: Ewerthon Moreno • 25/8/2019 • Artigo • 3.543 Palavras (15 Páginas) • 221 Visualizações
ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL DO CONE SUL - ASSECS FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DE NOVA ANDRADINA – FACINAN CURSO DE DIREITO |
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AS FORMAS DE INTOLERÂNCIA NA CONTEMPORANEIDADE
Ewerthon Moreno de Oliveira[1]
Profº. Sandra Maria Menezes de Mendonça[2]
Resumo
O presente artigo traz conceitos e explicações sobre alguns assuntos que são tratados diariamente na área dos direitos humanos, alguns dos temas tratados que se fazem presentes no corpo deste são:
Conceitos de tolerância e intolerância, a relação comparativa e diferenciação entre intolerância e discriminação e também alguns aspectos da intolerância religiosa nos meios sociais de nossa contemporaneidade.
Palavras-chave: Intolerância; Tolerância; Discriminação; Religião.
1 TOLERÂNCIA
Tolerância em sentido positivo se opõe a intolerância (religiosa, política, racial), ou seja, a indevida exclusão do diferente. Tolerância em sentido negativo se opõe à firmeza nos princípios, ou seja, à justa ou devida exclusão de tudo o que pode causar dano ao indivíduo ou à sociedade.
Segundo Bobbio, (1992) “Mas nem mesmo a tolerância positiva é absoluta. A tolerância absoluta é uma pura abstração. A tolerância histórica, real, concreta, é sempre relativa”.
Entretanto, a tolerância pode ser vista sob perspectivas mais singelas, através de definições mais identificadas com o saber popular, mas não completamente destituídas de conteúdo, é nesse sentido que Pedro dos Reis Nunes (1999) disse que “A tolerância é condescendência, permissão tácita. Admissão a respeito de ideias ou opiniões contrárias. Indulgência para com pequenas faltas ou faltas alheias, que não puderam ser evitadas ou impedidas”.
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1995) “A tolerância é a tendência a admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferem dos de um indivíduo ou de grupos determinados, políticos ou religiosos”.
Tolerância é respeitar as pessoas mesmo que elas pensem diferente de nós, tolerância envolve a não utilização da violência. A partir do momento que alguém utiliza de violência mesmo que possa estar correta em seus conceitos ela se torna uma pessoa errada. A palavra tolerância não deve ser assimilada a palavra concordar, pois mesmo quando nós discordamos de alguém devemos demonstrar a tolerância e o respeito.
Segundo Bobbio (1992):
A tolerância como mal menor, ou como mal necessário. Entendida desse modo, a tolerância não implica a renúncia à própria convicção firme, mas implica pura e simplesmente a opinião (a ser eventualmente revista em cada oportunidade concreta, de acordo com as circunstâncias e as situações) de que a verdade tem tudo a ganhar quando suporta o erro alheio, já que a perseguição, como a experiência histórica o demonstrou com frequência, em vez de esmagá-lo, reforça-o (p. 189).
Tolerar significa aceitar uma ideia ou visão do outro e ao falar em tolerar e aceitar, isso não necessariamente significa que haja necessidade de concordar com aquele pensamento ou menos ainda que exista necessidade de agir de acordo com aquele pensamento, então o tolerar e aceitar é no sentido de assim como temos direito de pensar e me expressar da maneira como gostaria tenho que entender que o outro também tem o mesmo direito, não havendo obrigação alguma de concordar com a ideia mas sim de tolerar.
Tolerância em uma de suas várias explicações, pode ser caracterizada como a genuína capacidade de um indivíduo respeitar e aceitar pontos de vista diferentes dos seus, sendo assim, trata-se de uma grande virtude podendo ser equipara a paciência diante de fatos que acontecem com frequência.
Ainda conforme Bobbio ‘‘Para além das razões de método, pode-se aduzir em favor da tolerância uma razão moral: o respeito à pessoa alheia. Também nesse caso, a tolerância não se baseia na renúncia à própria verdade, ou na indiferença frente a qualquer forma de verdade (1992, p.191)’’. Dessa forma pode-se afirmar que ser tolerante sempre é em relação a alguém pois toda tolerância pressupõe comunicação e mensagem de outra pessoa que se manifesta apresentando suas ideias e ideais expondo seu pensamento, assim sendo um requisito indispensável a não concordância com as ideias ou ideais apresentados pelo mesmo, só assim será possível se falar em tolerância, sendo assim, a mesma também se trata resistência ao ódio, conforme Espinoza nos apresenta a definição de alegria como ganho de potência de agir, passagem para um estado mais potente do próprio ser. E também nos apresenta a tristeza e naturalmente se observa quando alguém faz ou age de maneira a produzir desaprovação isso nos entristece, por outro lado quando alguém age sobre nossa estrita aprovação e aplauso isso nos alegra, portanto Espinoza ensina que amor é alegria acompanhada da ideia de sua causa e o ódio seria o contrário, é a tristeza acompanhada de sua causa
Conforme Bobbio na obra A era dos Direitos (1992):
Por traz da tolerância entendida (lesse modo, não há mais apenas o ato de suportar passiva e resignadamente o erro, mas já há uma atitude ativa de confiança na ou na razoabilidade do outro, uma concepção do homem como capaz de seguir só os próprios interesses, mas também de considerar seu próprio interesse à luz do interesse dos outros, bem como a recusa consciente da violência como único meio para obter o triunfo das próprias ideias.
Enquanto a tolerância como mero ato de suportar o mal e o erro é doutrina teológica, a tolerância como algo que implica o método da persuasão foi um dos grandes temas dos sábios mais iluminados, que contribuíram para fazer triunfar na Europa o princípio de tolerância, ao término das sangrentas guerras de religião. Na ilha da Utopia, pratica-se a tolerância religiosa; e explica as suas razões do seguinte modo: "Seria temerário e tolo pretender, através de violências e ameaças, que aquilo que tu crês verdadeiro apareça como tal para todos (p. 190).
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