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ATUAÇÃO DA COOPERATIVA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE CAMAÇARI NA GERAÇÃO DE RENDA DOS CATADORES E REDUÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO LIXO URBANO NA CIDADE DE CAMAÇARI

Por:   •  12/11/2017  •  Artigo  •  4.036 Palavras (17 Páginas)  •  532 Visualizações

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ATUAÇÃO DA COOPERATIVA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE CAMAÇARI (COOPMARC) NA GERAÇÃO DE RENDA DOS CATADORES E REDUÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO LIXO URBANO NA CIDADE DE CAMAÇARI

Isis da Costa e Silva

Jéssica Janine Alves dos Santos

Rosana Costa Rocha[1]

Professor Orientador: Alan Sampaio[2]

RESUMO: Este artigo se propõe a analisar a atuação da Cooperativa de Materiais Recicláveis de Camaçari (COOPMARC) nos aspectos relacionados à geração de renda e resgate da dignidade dos cooperativados. Assim como, a redução do impacto ambiental causado pelo lixo urbano no município de Camaçari, após o surgimento e funcionamento da referida cooperativa. O processo de análise dos dados foi efetuado por meio de entrevistas, visita à sede da cooperativa e investigação bibliográfica, que serviu de base para entender as características desse espaço.

Palavras-chave: Cooperativa. COOPMARC. Desenvolvimento Sustentável. Reciclagem.

1. INTRODUÇÃO

O ser humano vive a era dos descartáveis, em que a maior parte dos produtos – de guardanapos de papel a computadores – são inutilizados e jogados fora com enorme rapidez. Essa constatação é apresentada por Rodrigues (2003: 6) no início do seu livro, cujo tema é o Lixo.

O lixo é um problema de ordem mundial, atinge a todos. O poder público, as empresas e a coletividade devem sentir-se responsáveis por resolvê-lo ou minimizar seus impactos.

O que para muitos é lixo para outros é matéria-prima. A reciclagem é uma das soluções apresentadas para equilibrar a balança entre o desenvolvimento econômico, que leva ao consumo e a preservação do meio ambiente, promovendo assim um desenvolvimento sustentável.

Através de cooperativas, como a Coopmarc, o cooperativado tem oportunidade de reconstruir sua identidade e se sentir novamente inserido na sociedade. Outro impacto, não menos importante, está ligado à redução de lixo em circulação nos lugares onde estão instaladas.

A motivação para realização do presente artigo deve-se ao fato do contato de uma das coautoras com um dos cooperativados da Coopmarc. Em um transporte coletivo que fazia linha entre Camaçari e Salvador adentrou um jovem para pedir dinheiro para se alimentar, sendo que o argumento usado pelo mesmo para ganhar a “confiança” dos passageiros foi de que era trabalhador da referida cooperativa, porém por estar ainda no inicio, não estava financeiramente independente, necessitando complementar a renda, por isso, ainda era pedinte nos transportes coletivos da cidade.

O que chamou a atenção foi o orgulho com que ele dizia ser trabalhador dessa cooperativa. A tentativa do estudo, através desse artigo, está pautada em mostrar se uma cooperativa de catadores de lixo consegue restabelecer a dignidade humana dos seus cooperativados e se conseguem reciclar uma quantidade de lixo que realmente cause impacto positivo ao local onde está instalada.

A proposta metodológica utilizada consistiu numa revisão de obras que versam sobre o tema. Nesse processo de investigação, um ponto importantíssimo para a coleta de informações foram as fontes orais, as perguntas elaboradas para as entrevistas foram no sentido de fornecer respostas as questões norteadoras cujo artigo se propôs responder.

O artigo se apresenta dividido em três partes. Na primeira, abordamos e conceituamos os temas que irão aparecer com mais frequência no todo do trabalho. No segundo momento apresentamos a Coopmarc, com dados relacionados a sua história e seus representantes. Por fim, constatamos que a cooperativa tem impacto positivo nas áreas as quais se propõe modificar, sendo estas: econômica, social e ambiental.

Este é um trabalho que poderá servir de estudo para aqueles que pretendem refletir a cerca da atuação de uma cooperativa que tem uma experiência de sucesso no cenário da cidade de Camaçari.

2. Aspectos Conceituais

  1. Cooperativas

Os documentos legais que disciplinam as criações e funcionamento de cooperativas são o Código Civil, mais precisamente no capitulo que trata “Da Sociedade Cooperativa”, compreendida do Art. 1.093 a 1.096 e a Legislação Especial, Lei nº 5.764/71. Esse último documento apresenta, no seu Art. 4º, uma definição bem precisa para cooperativa.

Art. 4º As Cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados (...)

Importante se faz apresentar uma diferença breve entre Associação e Cooperativa que por vezes são confundidas. Segundo Pinhel (2013: 20) a primeira visa promover a assistência social, educacional, cultural, representação politica e a defesa de interesses de classe. Enquanto a cooperativa tem a finalidade essencialmente econômica, com o objetivo de viabilizar o negócio produtivo de seus cooperativados junto ao mercado.

A cooperativa possibilita aos seus membros o espaço para reivindicar junto ao poder público meios de agregar valor ao seu produto. Essa união possibilita também buscar parceiros no setor privado.

Outro fator extremamente importante surge com a formação da cooperativa, o resgate da dignidade humana do catador. Esse indivíduo se percebe participando da sociedade, sente-se valorizado, não está mais a margem.

De acordo com Pinhel (2013: 39) os desafios de criação de uma cooperativa de catadores de lixo são enormes, principalmente os relacionados a resistência dos catadores em abandonar a informalidade dentro dos lixões, posteriormente administrar as relações pessoais já construídas, os cooperativados muitas vezes não tem um bom relacionamento. Outro ponto é a garantia da responsabilidade com horário de trabalho e prazos firmados com parceiros. Esses são problemas a serem sanados para que se possa ter uma autogestão positiva da cooperativa.

Importante definição de autogestão é apresentada no Art. 1º da Declaração de Princípios e Objetivos do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Segundo esse documento “autogestão” é a prática econômica em que os trabalhadores são os donos das ferramentas e equipes de produção, os trabalhadores organizam o trabalho sem patrões, tendo as decisões, o planejamento e a execução sob seu controle.

É necessário capacitar os catadores para a autogestão das cooperativas, criando estratégias para buscar independência.

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