Ao Tratarmos da Psicopatia, o Psiquiatra Alemão Kurt Schneider (1887-1967)
Por: mesquitamariana • 19/4/2016 • Trabalho acadêmico • 1.828 Palavras (8 Páginas) • 924 Visualizações
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ
CURSO: DIREITO
PSICOPATIA
Grupo: Mariana Mesquita Santos
Bianca Pimentel Rodrigues
Iany Rodrigues
Túlio Alecsander Vicente
Disciplina: Psicologia Jurídica
Professora: Wânia Cláudia Di Lorenzo Lima.
Turma: 1N
João Pessoa,
Abril de 2014.
- Introdução
Ao tratarmos da psicopatia, o psiquiatra alemão Kurt Schneider (1887-1967) definiu esta, em 1923, como “aquelas personalidades anormais que sofrem por sua anormalidade ou causam sofrimento para a sociedade”. Logo, o autor defende que a psicopatia é um distúrbio da personalidade e não uma doença. Schneider distinguiu dez tipos de personalidade psicopáticas: hipertímicos, deprimidos, medrosos, fanáticos, vaidosos, lábeis de humor, explosivos, frios, abúlicos e astênicos. (SCHNEIDER apud GOMES; GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, 2008, p. 275).
Para Robert Hare, professor de Psicologia Criminal da Universidade da Columbia Britânica no Canadá, a maior característica do psicopata é “a falta de emoções, da capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa para, pelo menos, imaginar seu sofrimento”. Logo, ele não se comove com o sofrimento alheio e pode cometer atrocidades sem sentir remorso ou temer punições.
“O psicopata conhece as normas sociais e legais, porém não as respeita, e não as respeitando, não as cumpre nem as teme, agindo sempre em favor de seus próprios interesses e sem considerar os sentimentos dos outros”. (ARAUJO, Fabíola dos Santos, 2011).
É importante se apontar que o psicopata pode ate imaginar o que o outro está pensando, mas nunca o que ele esta sentindo. O que caracteriza essa posição é justamente a “coisificação” das pessoas, a medida que eles retiram os atributos da pessoa e considera como coisa.
A psicopatia é uma anomalia psíquica, um transtorno antissocial da personalidade. A conduta social do individuo com essa anomalia é alterada. Ele não tem consciência moral nem empatia, esta é entendida pelo psicólogo norte-americano Daniel Goleman como sendo “a compreensão dos sentimentos dos outros e a adoção da perspectiva deles, e o respeito às diferenças no modo como as pessoas encaram as coisas”.
- Desenvolvimento
Segundo Silva (2010, p.33) “a consciência está profundamente alicerçada em nossa habilidade de amar, em criar vínculos afetivos e nos abastecer dos mais nobres sentimentos” sentimentos que o psicopata não possui. Estes são indivíduos relativamente insensíveis à dor física, quase nunca adquirem medos condicionados, tais como o medo da desaprovação social ou da humilhação, medo de que restrinjam suas más ações, medos esses que dariam a esses indivíduos um senso do bem e do mal
Os psicólogos comportamentais acreditam que a conduta psicopata resulta de um aprendizado, que pode ser gerado por traumas infantis que geraram conflitos. A psiquiatra Ana Beatriz B. Silva destaca que a vigilância dos pais e a educação dada por eles podem reforçar as manifestações do transtorno e assegura que “quando em grau leve e detectada ainda precocemente, a psicopatia pode, em alguns casos, ser modulada através de uma educação mais rigorosa” (SILVA, 2010, p. 197). Assim, percebe-se que além do fator orgânico (ou neurobiológico), a psicopatia também sofre influências do meio social no qual o psicopata se encontra inserido.
O psiquiatra norte-americano Hervey M. Cleckley afirma que existem quatro subtipos diferentes de psicopatas: os primários (Parecem ser capazes de inibir seus impulsos antissociais quase todo o tempo), os secundários ( se expõem a situações mais estressantes do que uma pessoa comum, mas são tão vulneráveis ao estresse como a pessoa comum.), os descontrolados (são os que parecem se aborrecer ou enlouquecer mais facilmente e com mais frequência do que outros subtipos) e os carismáticos ( Em geral são dotados de um ou outro talento e o utilizam a seu favor para manipular os outros).
Araújo (2011) coloca a posição da Associação Americana de Psiquiatria que utiliza a expressão Personalidade Antissocial para expressar a condição do psicopata e que apresenta alguns critérios diagnósticos do transtorno, porém trataremos dos sintomas diagnosticados abaixo na visão de Robert Hare.
É necessário ainda, de acordo com Miranda (2012) que se abra um parêntese, de a para explicar que Embora os termos psicopatia e transtorno de personalidade antissocial estejam relacionados, esses constructos possuem muitas diferenças que devem ser ressaltadas. O transtorno de personalidade antissocial está presente no Manual de diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais-IV (DSM-IV TR) e na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). A psicopatia não está incluída em nenhum desses manuais, o (DSM-IV) apresenta o transtorno de personalidade antissocial ressaltando os critérios comportamentais, no entanto, a psicopatia não é só desenvolvida por questões comportamentais, mas também interpessoais e afetivas.
- Características
A psicopatia apresenta níveis variados de gravidade: leve, moderado e grave, o que faz com que as características do transtorno sejam percebidas de formas variadas, ou seja, nem todos os psicopatas apresentam as mesmas características em número e grau iguais. Alguns podem tender para o cometimento de crimes contra o patrimônio, como o furto e o dano, enquanto outros realizam crimes contra a pessoa, a exemplo do homicídio e dos maus-tratos.
Para o psicólogo Vicente Garrido Genovês, o psicopata não possui a capacidade de se vincular emocionalmente aos seus semelhantes, sendo egocêntrico (narcisismo e elevada autoestima), manipulador (loquacidade, encanto superficial), mentiroso (enganos com convicção e sem necessidade) e cruel (total ausência de remorso e culpa, falta de empatia e déficit afetivo).
A dimensão que esse estilo de vida antissocial possui, caracteriza o psicopata como um indivíduo agressivo (necessidade de sentir tensão constantemente), impulsivo (age de acordo com os ímpetos e desejo permanente de alcançar a satisfação imediata), irresponsável (não se preocupa com a repercussão negativa de seu comportamento para as pessoas ao seu redor) e insensível (percepção positiva das atitudes cruéis cometidas contra pessoas e animais).
No livro Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado, a psiquiatra Ana Beatriz B. Silva pontua os traços distintivos do psicopata: frio, calculista, mentiroso, cruel, charmoso, atraente, dissimulado, desprovido de culpa, remorso e empatia, perverso, transgressor de regras sociais, imoral, impiedoso, com grande poder de convencimento, egocêntrico, insensível, manipulador, incapaz de aprender através da experiência, com grande capacidade de fazer intrigas e usar pessoas com a única intenção de atingir seus objetivos.
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