CONFLITOS AGRÁRIOS E AÇÕES POSSESSÓRIAS
Por: MARKVITORIA • 13/4/2021 • Resenha • 4.559 Palavras (19 Páginas) • 116 Visualizações
TRABALHO AVALIATIVO DE PROCESSO CIVIL – PROCESSO ESPECIAL
TEMA: CONFLITOS AGRÁRIOS E AÇÕES POSSESSÓRIAS
MARCOS
- INTRODUÇÃO
O Filmes intitulado “Cabra Marcado Para Morrer” do ano de 1984 de Eduardo Coutinho, é um documentário, inicialmente do que seria um longa metragem (filme) que foi impedido de acontecer, pelo governo da época, devido o golpe militar de 1964, onde o enredo central era a morte do Líder das Ligas Camponeses, João Pedro Teixeira.
Sendo motivada por vingança dos senhores latifundiários insatisfeitos com o movimento sindical promovido pelo João Pedro, que encorajava os camponeses a reivindicar melhores condições de trabalho e sobrevivência no campo.
A morte de João Pedro Teixeira, marido de Elizabeth Altino Teixeira e pai de onze filhos, aconteceu em uma emboscada com três tiros de fuzil, causando uma comoção na cidade de Sapé, interior da Paraíba.
Trouxe os jornalistas do mundo todo para a Paraíba, segundo a fala do jornalista Gonzaga Rodrigues que entrevistou a Elizabeth na época do acontecido e em 2019 Gonzaga deu entrevista à TV Assembleia da Paraíba.
Elizabeth decide continuar a luta sindical iniciada pelo marido, a pedido dele. Elizabeth uma mulher simples com muitos filhos, frágil, magra, mas decidida a seguir em frente, em fazer a mobilização trabalhista a favor dos homens e mulheres do campo. Para ganhar força em sua militância, se ligou ao grupo de Francisco Julião, advogado e político socialista e maxista, que abraçou a causa dos camponeses de Pernambuco, sua terra natal.
Elizabeth sofre pressões de todos os lados, inclusive, um de seus filhos levou um tiro na cabeça, mas sobreviveu; e sua filha mais velha se envenenou com arsênico no período em que Elizabeth foi presa após fazer a defesa dos Camponeses.
Em 1964 o cineasta Eduardo Coutinho convidou a própria Elizabeth para representar o próprio papel no filme Cabra Marcado Para Morrer, mas as gravações foram interrompidas pelo golpe militar e coincidiu com o desaparecimento dos lideres Nego Fuba e Pedro Fazendeiro.
Fugindo do exército que operava no golpe de 64 e pela censura, a Elizabeth se esconde na cidade de São Rafael no interior do Rio Grande do Norte, adotando novo nome: Marta Maria da Costa, nesta época apenas o filho Carlos, o mais novo o acompanhou.
Ela não esperava que o exilio fosse tão longo, e o medo era de ser assassinada. Em 1981 ela foi encontrada por Eduardo Coutinho e fica sabendo da anistia. “A história de luta e resistência fez de Elizabeth um ícone da terra e a ela e o marido rendeu nos últimos anos diversas homenagens, seja em palestras ou em livros” (palavras do narrador do vídeo Documentário Elizabeth Teixeira – Mulher da Terra).
Em 2012 o governo do Estado da Paraíba, desapropriou e entregou a casa onde viveu a família de Elizabeth para a instalação da sede das Ligas Camponesas. E em 1997 com 92 anos, Elizabeth Teixeira ainda sonha com a “reforma agrária para que o homem pobre do campo tivesse direito a terra para plantar para seus filhos” (palavras de Elizabeth Teixeira no vídeo do documentário que leva seu nome).
2 DESENVOLVIMENTO
Inicialmente, em poucos segundos, mostra-se uma cena do “making of” de uma das filmagens no engenho da Galileia e após 1:29 segundos do filme, passam cenas que aparentemente não tem nada haver com o tema Cabra Marcado Para Morrer. São cenas de pessoas em uma favela com casas precárias de madeira e telhado de palha, as margens de um rio, com uma senhora cortando algo com a faca e dando para um porco comer, com uma canção ao fundo dizendo: “é um país subdesenvolvido”, e repete várias vezes essa frase. Depois crianças com vários caranguejos a beira mar.
O narrador cineasta Eduardo Coutinho relata, que é abril de 1962, e que as filmagens foram feitas durante a UNE Volante, uma caravana da união dos estudantes que percorreu o país para promover a discussão da reforma universitária, e com os estudantes viajavam membros do CPC – Centro Popular de Cultura, da UNE, que queriam estimular outros centros de cultura nos estados.
A caravana ao chegar a Paraíba fica sabendo da morte do líder dos camponeses João Pedro Teixeira que havia morrido duas semanas antes. Neste período surgiu o interesse do cineasta pela história vista por ele, e resolve filmar o comício realizado na cidade de Sapé em protesto a morte de João Pedro.
O filme havia iniciado as gravações em 1964, apenas dois anos após a morte de João Pedro Teixeira, o marido de Elizabeth, onde a Elizabeth participou representando seu próprio papel juntamente com moradores da localidade nos locais originais onde tudo aconteceu na cidade interiorana de Sapé na Paraíba, tendo o apoio do movimento cultural popular de Pernambuco, mas as filmagens foram paralisadas por opressão dos militares devido o golpe de 64.
O cineasta transferiu as filmagens para o engenho Galileia, lugar onde surgiu a primeira liga camponesa em 1955, no interior de Pernambuco. Elizabeth levou apenas um de seus onze filhos para participar das filmagens.
E no meio das filmagens novamente foram pegos de surpresa e coagidos pelas forças policiais (militares), que prenderam parte da equipe de filmagens alegando ato comunista, ação utilizada devido o golpe em andamento no Brasil e a censura. Tiveram equipamentos sequestrados e quebrados.
Restaram algumas senas do filme e poucas fotos da época, e a história do filme contava um pouco da luta de João Pedro contra os fazendeiros da redondeza defendendo os direitos do trabalhador do campo.
Esse evento dispersou a todos que participam do filme, que fugiram para outros estados e a Elizabeth se escondeu na Cidade de São Rafael no interior do Estado do Rio Grande do Norte com seu filho mais novo chamado Carlos, deixando os outros filhos na casa do pai. Esses filhos foram recolhidos e distribuídos entre os avos e os tios maternos e que depois foram morar com os tios por vários estados do país.
Elizabeth com medo de acabar igual ao marido, adota novo nome, passando a se chamar de Marta Maria da Costa, e passa a morar como se fosse cunhada de um parente que morava em São Rafael.
Dezessete anos depois, em 1981, Eduardo Coutinho retorna a Sapé na Paraíba, em busca dos participantes do início do filme, para mostrar ao poucos camponeses atores que ainda viviam na região, alguns trechos das filmagens e algumas fotos que conseguiram salvar do confisco do governo por estarem em um laboratório no Rio de Janeiro e algumas fotos que restaram do começo do filme em 1964.
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