Ciência Política e Teoria Geral do Estado
Por: rebeca178 • 15/4/2017 • Resenha • 2.481 Palavras (10 Páginas) • 454 Visualizações
Faculdade do Vale do Itapecuru- FAI
Curso: Bacharel em Direito
Disciplina: Ciência Política e Teoria Geral do Estado
Professora: Flávia Lima
Acadêmica: Rebeca Dias Guimarães
Turno: Vespertino Matrícula: 17101036
RESUMO: PODER
DICIONÁRIO DE POLÍTICA- NORBERTO BOBBIO
Caxias/MA
Março/2017
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho constitui-se em um resumo solicitado pela professora Flávia Lima, como requisito avaliativo da disciplina Ciência Política e Teoria Geral do Estado, do curso Bacharel em Direito. Tendo como objetivos apontar a definição de Poder e seus diferentes tipos, discorrer sobre o Poder atual, analisar o papel das percepções sociais e das expectativas, apresentar os modos de exercício do Poder e sua conflitualidade, examinar a mensuração do Poder, investigar sobe o Poder no estudo da política, além de discorrer sobre os métodos de investigação empírica do Poder.
Poder: Dicionário de Política
Norberto Bobbio aborda, em sua obra Dicionário de Política, um assunto bastante conhecido e utilizado na sociedade. Tendo em vista que desde os primórdios da humanidade as relações entre indivíduos/grupos se deram visando o poder. O autor analisa o Poder em suas diferentes definições, modos de exercício, medidas, âmbitos e métodos.
Segundo o autor, em seu significado mais geral, a palavra Poder designa a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos. Tanto pode ser referida a indivíduos e a grupos humanos como a objetos ou a fenômenos naturais. Existem relações significativas entre o Poder sobre o homem e o Poder sobre a natureza, ou sobre as coisas inanimadas. E este último é relevante no estudo do Poder social, na medida em que pode se converter em recurso para exercer o Poder sobre o homem. No sentido social, o Poder pode ir desde a capacidade geral de agir, até a capacidade do homem em determinar o comportamento do homem, o que o autor chama de ‘’Poder do homem sobre o homem’’. O homem é não só o sujeito, mas também o objeto do Poder social.
Para Hobbes e Gumplowicz, o Poder é entendido como algo que se possui: como um objeto ou uma substância que se guarda num recipiente. Porém, não existe poder se não existe, ao lado do indivíduo ou grupo que o exerce, outro indivíduo ou grupo que é induzido a comportar-se tal como aquele deseja. O autor entende que como fenômeno social, o Poder é, portanto, uma relação entre os homens, devendo acrescentar-se que se trata de uma relação triádica. Para definir um certo Poder, não basta especificar a pessoa ou o grupo que o detém e a pessoa ou o grupo que a ele está sujeito: ocorre determinar também a esfera de atividade a qual o Poder se refere ou a esfera do Poder. A mesma pessoa ou o mesmo grupo pode ser submetido a vários tipos de Poder relacionados com diversos campos.
Podemos distinguir entre o Poder como simples possibilidade (Poder potencial) e o Poder efetivamente exercido (Poder em ato ou atual). O Poder em ato (atual) é uma relação entre comportamentos. Consiste no comportamento do indivíduo A ou do grupo A que procura modificar o comportamento do indivíduo B ou do grupo B em quem se concretiza a modificação comportamental pretendida por A. Bobbio destaca um exame mais detalhado do Poder em ato que comporta uma análise destes três aspectos do fenômeno:
- Num primeiro sentido se pode dizer que o comportamento de A visa a modificar a conduta de B: A exerce poder quando provoca intencionalmente o comportamento de B;
- O comportamento de B, que é sujeito de Poder, é dotado, no mínimo, de voluntariedade. Mas não se diz que B esteja consciente de que deverá agir de acordo com a vontade de A. Por um lado, portanto, trata-se de um comportamento voluntário. Mas isto não comporta necessariamente que o comportamento também seja "livre";
- Relação que intermedeia entre o comportamento de A e o de B. Para que exista Poder, é necessário que o comportamento do primeiro determine o comportamento do segundo, o que se pode exprimir de outra maneira dizendo que o comportamento de A é causa do comportamento de B.
De acordo com estudos realizados por Bobbio, alguns autores entendem o nexo causal entre os comportamentos no sentido de que o comportamento de B só ocorre, se ocorrer o comportamento de A. Outros, considerando demasiado rígida tal interpretação, entendem o nexo causal no sentido de que se se verifica o comportamento de A, verifica-se também o de B. Há ainda quem opta por uma orientação contrária, pensando que o comportamento de B se dá quando e só quando se dá o de A. Além disso, alguns estudiosos pretendem deduzir também que a relação do Poder é assimétrica, no sentido de que se o comportamento de A é causa do comportamento de B, o comportamento de B não é causa do comportamento de A.
Já o poder potencial é a capacidade de determinar o comportamento dos outros. Enquanto o Poder atual é uma relação entre comportamentos, o potencial é uma relação entre atitudes para agir. O autor afirma que uma vez que exercer o Poder implica necessariamente ter a possibilidade de exercê-lo, o Poder social, em seu sentido mais amplo, é a capacidade de determinação intencional ou interessada no comportamento dos outros. Então surge um questionamento: Quando podemos dizer, de verdade, que tal capacidade existe? Antes de tudo, é necessário que A tenha à sua disposição recursos que podem ser empregados para exercer o Poder. A capacidade de A depende também da habilidade pessoal de converter em Poder os recursos à sua disposição. E no caso de A ser um grupo, deve ser utilizada a coesão e a coordenação do próprio grupo.
Por outro lado, o fato de A ser dotado de recursos e de habilidades máximas não é suficiente para fazer que A tenha Poder sobre B. A pode ser riquíssimo e, entretanto, não ter poder sobre o pobre B, em relação a certos comportamentos, se o segundo não estiver disposto a ter tais comportamentos a troco de uma compensação. A probabilidade de B realizar o comportamento pretendido por A, depende da escala de valores de B.
Com base nos conceitos desenvolvidos na análise do Poder potencial, podemos individualizar as relações de Poder estabilizado, particularmente importantes na vida social e política. O Poder diz-se estabilizado quando a uma alta probabilidade de que B realize com continuidade os comportamentos desejados por A, corresponde uma alta probabilidade de que A execute ações contínuas com o fim de exercer Poder sobre B. O Poder estabilizado se traduz muitas vezes numa relação de comando e obediência. E pode ser ou não acompanhado de uma organização administrativa com a finalidade de executar as ordens dos donos do Poder. O autor destaca que o Poder estabilizado pode fundar-se tanto em características pessoais do dono do Poder (competência, fascínio, carisma) como na função do dono do Poder. Quando a relação de Poder estabilizado se une numa diversidade de funções claramente definidas e estavelmente organizadas entre si, fala-se normalmente de Poder institucionalizado.
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