Criminologia e violencia domestica
Por: Denise Canova • 4/11/2015 • Artigo • 22.780 Palavras (92 Páginas) • 355 Visualizações
10/08/2012
Aula 2.
Metodologia científica:
Formas de conhecimento
Empirismo: Kelsen: dto preocupado com direito. Kelsen não desconhece as questões valorativas, mas entende que essa não é uma questão para o direito, pois o juiz cairá na questão meramente ideológica, partindo até para religião. Para ele é a ciência com base na neutralidade, não compete ao juiz discutir se a norma é boa ou não. Parte-se do objeto para o sujeito. Estamos contaminados por essa ideia empírica.
Racionalismo: o sujeito passa a ser toda a fonte do conhecimento. A razão passa a ser a fonte do conhecimento. Idealismo platônico: nada mais que a racionalidade. Platão diz que irá refletir sobre um conceito. Não tenho como dimensionar o que é ético ou moral pq depende do conceito de cada pessoa, então dimensiono isso a partir da racionalidade e não a partir de um objeto concreto. O que é ético? Cada um tem um conceito sobre ética. Não tenho mais a ética como pressuposto para validar meu conhecimento. Ex. se comprar 10 máquinas de calcular com procedências diferentes e fizermos a operação 3x3=9 independente da procedência (é o que se chama de lógica formal dedutiva, não tem o que pensar. É isso). Agora, digamos que existe um crime: 10 CP de 10 países diferentes o resultado não será o mesmo, pois cada sociedade estrutura seus códigos com seus valores. Logo, com base na racionalidade.
Apresentou-se duas formas de se estabelecer uma relação com o mundo. Como irei conhece-lo, interpreto ou
Epistemologia Crítica: Aparece uma 3ª. corrente de pensamento, vertente do pensamento marxista: o processo de conhecimento de conhecimento não está nem no objeto, nem no sujeito, mas em ambos. Esse será o contradiscurso do curso. Eu jamais conhecerei o mundo como ele é, eu tiro a fotografia e congelo a imagem, aí posso conhecer, mas agora já sou aquilo que não sou mais naquele instante. Aqui se tem o método dialético, utilizado pela criminologia, ou seja, nunca conheceremos o mundo como ele é. Estamos nos transformando a cada segundo. Jamais terei condições de conhecer o mundo e a mim mesmo. A ideia aqui é trabalhar com representações do mundo, sempre tentando interpretá-lo a partir do contexto. Pode ser que haja coincidências sobre o que ocorreu, mas em contextos diversos. Esse método, ou essa teoria, se for tentar trabalhar um estudo de caso, não basta descrevê-lo, pq se trabalha na ideia empírica, terá de se analisar a partir de determinados pressupostos culturais, etc. a ideia é analisar o problema não só a partir dos seus efeitos , mas também a partir das causas (método dedutivo e indutivo). Não de forma recortada no tempo e no espaço.
Como resolver os problemas do dia a dia? Normalmente pelo “achômetro” é um critério, mas se resolver por critérios racionais, chego a possibilidade de reanálise de como eu cheguei a tal resultado. O conhecimento é aquele campo específico de analisar de como resolver problemas a partir de critérios objetivos, explicando o porquê cheguei nesse resultado.
Não existe ciência se não tenho uma dúvida.
Ex. uma coisa é verificar se houve aumento da criminalidade (empirismo), outra é verificar o pq essa criminalidade aumentou (trabalho com causas). Isso que determinará o próprio método de abordagem da pesquisa.
Quando quero estudar efeitos, o método é um, quando quero estruturar causas, o método é outro. Quando se quer trabalhar com causas, dificilmente se terá livros.
Quando quantifico dados ou qualifico dados. Há uma diferença. Normalmente nos preocupamos mais com o raciocínio quantitativo. Já temos uma verdade a priori.
Os juízes mais rigorosos em suas sentenças são oriundos das classes C e D (pesquisa efetuada por socióloga Maria Teresa)
No direito não temos pesquisa. Pegar um processo e desconstruí-lo, tentando analisar os elementos analisados pelo juiz para chegar aquela decisão; ou analisar um problema a partir de outra teoria. Para se ter uma decisão técnica, é necessário uma teoria e uma prática para fundamentar essa técnica, ou seja, toda técnica é produto de uma reflexão.
Elemento discriminante | Ideológico | Religioso | Filosófico | Científico |
Fonte de conhecimento | Instrumental | Inspiracional | Racional | Contingencia |
Atitude mental básica | Justificação | Aceitação | Reflexão | Dúvida |
Método de investigação | Assistemático | Sistemático | Sistemático | Sistemático |
Tipo de apreciação | Valorativo | Valorativo | Valorativo | realístico |
Posição frente ao erro | Infalível | Infalível | Infalível | Falível |
Nível de exatidão | Inexato | Exato | Exato | Quase exato |
Teste de consistência | Não verificável | Não verificável | Não verificável | verificável |
Direito é ciência? Para se trabalhar com ciência, precisamos de dúvida de uma pergunta, se não tenho, já estou fora da ciência.
A ciência de certa forma sempre trabalha com a dúvida e com a falibilidade.
Tudo o que provém da ciência, tem-se como absoluto. A partir da 2ª. guerra mundial, houve uma crise na ciência, principalmente com o nazifacismo, passa-se a se ter a ideia de que nem tudo o que a ciência apresenta como verdadeiro, tenho de assim a aceitar. É a ideia do estado de direito, aquele estado que se sustenta em torno da lei. Após passou-se a se entender que não basta um estado de direito, este tem de ser democrático. Kelsen não diferencia estado de direito e estado democrático de direito, como é a mesma coisa a legalidade e a legitimidade. Passa-se a se compreender que não basta um estado de direito que se sustente na legalidade, pois todos os atos praticados por Hitler foram com fundamento na lei.
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