Descartes - Discurso do Método
Por: João Perez • 20/10/2017 • Projeto de pesquisa • 1.142 Palavras (5 Páginas) • 345 Visualizações
Descartes começa a quinta parte falando que gostaria de explicar as cadeias de verdades que deduziu através daquilo que foi explicado nas primeiras partes da obra; porém como isso parece ser algo polêmico, ele diz que prefere deixar isso com os “mais sábios” (autoridades eclesiásticas) para que então eles decidam o que se deve abordar em pormenores para o grande público.
Na Quinta Parte Descartes decide discorrer sobre as coisas materiais do mundo; se outrora ele estava falando sobre a parte metafísica, aqui ele começa a discorrer sobre a parte física (que neste contexto inclui a Física, a Biologia e a Psicologia). Para discorrer sobre o mundo, mas não seguir ou refutar as autoridades eclesiásticas de sua época, ele começa a figurar um mundo num espaço imaginário para discorrer acerca da matéria, onde a mesma se encontra num estado caótico e confuso em um primeiro momento.
Em primeiro lugar, ele descreve que não há nada no mundo mais claro e inteligível (de fácil compreensão) que a matéria, além de Deus e a alma. A partir daí ele começa a resumir tudo sobre o que ele discorreu em seu O Mundo ou tratado sobre a luz. Fala que discorreu sobre a situação, a substância, dos movimentos, das diversas qualidades do céu e dos astros. Como todas as partes da matéria da Terra, tendem ao seu centro; como a água e o ar estão sujeitos aos astros, à Lua e às estrelas, fazendo um fluxo e refluxo semelhante em todas circunstâncias. Além disso, o movimento de uma certa corrente, tanto do ar quanto da água, que provoca o nascimento de montanhas, mares, rios, fontes e nela, nascem os metais nas minas, e florescem plantas nos campos.
Ele ainda ressalta que talvez a matéria não tenha sido criada assim, afinal há a hipótese de ela ter sido sempre assim. Porém, é consenso entre os teólogos que a ação pela qual Deus conserva o Universo é a mesma pela qual ele o criou; sendo assim, ele não lesa o milagre da criação ao supor que a primeira forma da matéria era caótica.
Ao começar a falar sobre a descrição dos seres animados, Descartes admite que não tem conhecimento o suficiente para explica-los do mesmo jeito que o havia feito com os seres inanimados, isto é, demonstrando os efeitos pelas causas.
Descartes faz parte da escola mecanicista quando se trata de Biologia, isso quer dizer, que ele acredita que nossa vida possa ser resumida, ou comparado à uma grande cadeia de fenômenos físico-químicos; ele é um dos primeiros a ter essa concepção, mesmo que ele ainda não dispense a existência e a influência da alma, ou seja, da metafísica em nosso corpo. A corrente contrária ao mecanicismo, é o vitalismo, no qual a concepção do corpo humano se vê através de que, somos movidas por um tipo de matéria, ou princípio divino e invisível e que é o que nos dá vida; esta matéria, para alguns está concentrada num único ponto, e para outros está no nosso organismo como um todo.
Dando continuidade, Descartes acredita que nossos corpos são feitos da mesma matéria das coisas inanimadas; sendo que Deus une nossos corpos com uma alma racional, e antes disso, nos assemelhamos com todos os outros animais.
Após isso, ele começa a explicar sobre os espíritos animais, que na concepção de Descartes, são partículas espalhadas em todo nosso organismo que tem como função o movimento e a sensação. Assim, ele usa uma comparação de nossos ossos, músculos e órgãos com as peças de alguma máquina engenhada pelo homem; porém, é visível que ao final da comparação, nós, ou seja, a máquina feita por Deus, somos muito mais bem ordenados que qualquer criação nossa.
O autor então começa uma suposição: Se inventássemos uma máquina com os mesmos órgãos, músculos e órgãos que um macaco, não conseguiríamos dizer a diferença entre a máquina e o animal. Porém, se inventássemos algo do tipo, feita à nossa semelhança e que imitasse nossos atos, teríamos, de acordo com Descartes, dois meios de distinguir a máquina e o homem: a primeira é a comunicação. Incapaz de usar a linguagem ou sinais para exprimir seus pensamentos ao outro, a máquina até poderia ser montada para responder ou gritar certas coisas através de estímulos corporais (apertar um botão, tirar uma peça, etc.), mas não conseguiria combinar de outro modo a ponto de responder ao seu sentido tudo que for dito em sua presença, como nós podemos.
A segunda é a que, mesmo que a máquina conseguisse realizar ações tão bem ou até melhor que um homem, ela estaria o fazendo apenas pela disposição de seus órgãos (algo como uma programação). Sendo assim a máquina não é dotada de razão, instrumento pelo qual conseguimos realizar todo e qualquer ato, independente da disposição de algum órgão.
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