As Características do racionalismo na obra “O Discurso do Método” de René Descartes

As Características do racionalismo na obra “O Discurso do Método” de René Descartes

A obra “O Discurso do Método” de René Descartes, deu início ao pensamento moderno e revelou o racionalismo como uma corrente filosófica. Em 1637, a maioria dos textos eram em latim, mas Descartes, redigiu o Discurso do Método na sua língua vernácula, o francês, pois, para ele, o uso da razão, deveria ser divulgado ao conhecimento de todos, pois é a razão a característica única dos seres humanos.

Esta obra, do filósofo francês, é classificada como um ensaio, como um manual, para o uso prático da razão. Essa razão deveria transpassar todos os sentidos da vida humana e que a fruição racional era o fundamento às coisas, sendo assim, a libertação de qualquer dogmatismo.

O Discurso do Método não é um tratado científico, nem um manual pedagógico: “Assim, o meu propósito não é ensinar aqui o método que cada um deve seguir para bem conduzir sua razão, mas somente mostrar de que modo procurei conduzir a minha.” (DESCARTES, 1996 p.7) Continua ainda: “Mas, propondo este escrito apenas como uma história, ou, se o preferirdes, apenas como uma fábula...” (DESCARTES, 1996 p.7). Descartes não quer impor um método de alcançar o domínio da razão, sua intenção é apresentar uma certa insatisfação e os caminhos percorridos nas soluções de suas indagações. É como uma autobiografia, mostrando sua metafísica e as ciências que utilizou na percepção racional de seu universo físico.

O Racionalismo é uma corrente da filosofia que visa a razão, como única possibilidade de alcançarmos a verdade. René Descartes é considerado o fundador do racionalismo, sendo esse pensamento, o que irá inaugurar a era moderna.

Descartes não concordava com os pensamentos dos medievais, como Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, entre outros desta época. Ele usou da matemática para aplicar seu método, pois, considerava-a como uma ciência plenamente racional, por isso no Discurso do método desconsiderava as outras ciências, “... as matemáticas têm invenções muito sutis e que muito podem servir, tanto para contentar os curiosos quanto para facilitar todas as artes e diminuir o trabalho dos homens;” (DESCARTES, 1996 p.9).

As características do racionalismo, que são encontradas na obra Discurso do Método são:

• A razão é fonte de conhecimento em si mesma e é intrínseca a todos os homens, fazendo com que se diferencie dos outros animais:

“O bom senso é a coisa mais bem distribuída do mundo: pois, cada pessoa pensa estar tão bem provido dele[...] o poder de bem julgar e de distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina bom senso ou razão, é por natureza igual a todos os homens; ...” (DESCARTES, 1996 p. 5);

“Ora, por esses meios também se pode conhecer a diferença que há entre os homens e os animais. [...] Isto não acontece porque lhes faltam órgãos, pois as pegas e os papagaios podem proferir palavras como nós; entretanto não podem falar como nós, isto é, atestando que pensam o que dizem; ao passo que os homens mudos e surdos de nascença e privados dos órgãos que servem aos outros para falar, inventam sinais para se entenderem [...]. E isto não prova que os animais têm menos razão que os homens, mas que não têm absolutamente nenhuma” (DESCARTES, 1996 p. 64)

• Os sentidos podem nos enganar:

 “Todavia, pode ser que me engane e talvez não passe de um pouco de cobre e de vinho o tomo por ouro e diamante” (DESCARTES, 1996 p.7);

• Utiliza-se do ideal matemático para encontrar o método capaz de conduzir à verdade indubitável:

“... as matemáticas têm invenções muito sutis e que muito podem servir, tanto para contentar os curiosos quanto para facilitar todas as artes e diminuir o trabalho dos homens” (DESCARTES, 1996 p.9);

• René Descartes estabeleceu quatro regras para seu método:

1°) Evidência: significa acolher apenas o que aparece ao espírito como ideia clara e distinta, as ideias dubitáveis ele descarta;

2°) Análise: é dividir cada dificuldade em parcelas menores para resolvê-las por partes;