Entrevista Michael Sandel
Por: amandachampos • 28/9/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 1.399 Palavras (6 Páginas) • 808 Visualizações
- Fazer uma pesquisa sobre a biografia do entrevistado para entender melhor como ele constrói suas ideias.
Michael Sandel é um filósofo político e importante professor da Universidade de Harvard, também é escritor e palestrante estadunidense, Sandel é famoso pelo seu curso Justice e ficou reconhecida internacionalmente pelos seus livros Justiça - O que é fazer a coisa certa? (2010) e Liberalismo e os limites da Justiça (1982).
Nascido em 1953, Minneapolis, nos Estados Unidos. De origem judaica, foi morar em Los Angeles com 13 anos de idade, sendo presidente da classe "senior" da Palisades High School em 1971, graduado na Universidade de Brandel, obtendo bacharelado em Política (1975), concluiu o doutorado no Balleol College em Oxford, Reino Unido. No Grupo Escolar Rhodes começa a estudar a obra do filósofo canadense Charles Taylor.
Desde 1980 é professor de filosofia política da Universidade de Harvard tendo lecionado a mais de 15 mil alunos nas últimas duas décadas, fazendo palestras e aulas no mundo todo, sempre questionando os princípios contemporâneos de justiça com frases e aforismos instigantes e reflexivos. Suas principais influências filosóficas são John Locke, Immanuel Kant, John Stuart Mill, John Rawls, Charles Taylor e Michael Walzer.
O curso Justice é tão famoso que a WGBH, uma retransmissora da PBS em Boston, filmou e transmitiu uma série a seu respeito na TV aberta, em 2009. Ela está disponível na internet e tornou-se um sucesso nos diversos países em que foi transmitida. Sandel é considerado um astro, principalmente em países asiáticos, onde pessoas se aglomeram para poder aprender seus ensinamentos. O filósofo ainda escreve para algumas publicações, como The New York Times, Atlantic Monthly e New Republic.
Em 2014, esteve em Porto Alegre, no circuito de palestras das Fronteiras do Pensamento.
Fazer um resumo das principais ideias contidas na entrevista que ele concedeu ao jornal Folha de São Paulo.
Entrevista:
Por Raul Juste Lores/Folha de S.Paulo - 28.04.2014 |
Michael Sandel: A ameaça ao espírito democrático
Michael Sandel entende que somente a prática do diálogo entre os que pensam diferentes poderá promover um convívio em sociedade que suporte a liberdade individual e a democracia, sem deixar de reconhecer os limites para a atuação do mercado na sociedade.
A entrevista já se inicia com um assunto muito questionado por Sandel, a ‘’Camarotização’’ ‘’ricos e pobres vivem vidas separadas. “Há cada vez menos lugares em que pessoas de diferentes classes econômicas se encontram”, constata. Com seu pensamento, não cabe ao homem desenhar uma sociedade ideal e justa e, com base nisso, reparar as injustiças ou desigualdades que existam no mundo real. O foco deve estar mais na promoção do bem do que na execução a ferro e fogo de uma concepção abstrata de justiça.
O que ele busca, antes, é resgatar as virtudes perdidas da vida social: a discussão pública de valores e divergências existenciais que permite chegar a normas de convivência que promovam o bem comum, segundo uma concepção substantiva do bem. Para isso, ele questiona certos dogmas da ordem social contemporânea: a ideia de que todos os valores são relativos e subjetivos, cabendo a cada um decidir o que é o bem para si (que, se levada a sério, colocaria em risco mesmo a ordem democrática do Estado de Direito); a completa separação entre a esfera pública e concepções éticas, filosóficas e religiosas. Uma boa sociedade pode ser ao mesmo tempo pluralista – admitir e tolerar visões de mundo diferentes dentro de si – e promover o debate público das diferentes concepções para chegar a valores partilhados que amparem virtudes cívicas.
Sandel defende que a humanidade precisa superar três grandes desafios para assegurar uma sociedade mais justa: superar a corrupção, vencer a crescente diferença entre os mais ricos e os mais pobres, e questionar o papel do dinheiro e do mercado na vida da população.
Michael, no decorrer da entrevista recorre a uma gama de exemplos da mercantilização da vida: passes que permitem furar fila em parques de diversão, entrada garantida na universidade para filhos de grandes doadores, escolas que pagam para maus alunos lerem livros, tatuagens publicitárias na testa. Ele busca justificar seu receio quanto a esses e outros fatos do mundo monetizado em que vivemos.
Para o filósofo, é preciso superar o discurso político “essencialmente tecnocrático e gerencial, que não inspira ninguém” e uma retórica “que atravessa as pessoas, gritando, sem se prestar a ouvir”. “Há uma enorme sede por uma forma de discurso público que se relacionem melhor com as convicções morais que as pessoas têm”, explica.
Mercado, merecimento, bem comum; são temas que ele expõe em Justiça. Sandel não é um inimigo do processo de mercado, apenas o encara como mais um modo de relação humana.
Além do custo monetário que pode ser deduzido da existência da corrupção, é preciso dimensionar os outros aspectos nefastos desta prática. “Existe um custo moral. A corrupção corrói a confiança e uma democracia precisa de confiança entre seus cidadãos – e entre cidadãos e funcionários públicos.
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