Esquizofrenia
Por: Gabriel Gruhn • 21/10/2016 • Artigo • 3.471 Palavras (14 Páginas) • 399 Visualizações
Histórico e Conceito
Conforme aponta Emil Keaepelin, a esquizofrenia foi inicialmente conhecida como “demência precoce”. Geraldes, Bezerra e Palmeira, apesar de alguns pacientes conseguirem manter suas funções intelectuais, a maioria dos pacientes não mantinham a autonomia, demonstrando infantilidade e desorganização, remetendo à demência. Como os sintomas eram identificados em pacientes jovens, adicionou “precoce” ao termo.
[...] Na época, os pacientes esquizofrênicos eram mantidos em instituições psiquiátricas por longos anos, muitos passavam o resto de suas vidas nos hospitais, por não existir um tratamento efetivo para a doença. Kraepelin chamou a esquizofrenia inicialmente de demência precoce, pelo fato de ela acometer pessoas jovens, a maioria na adolescência ou início da idade adulta, e evoluir cronicamente e com degeneração do comportamento[1].
Paul Eugen Bleuler concebeu o termo esquizofrenia em 1911. Conforme Jean Laplanche e Jean-Bertrand Pontalis, Bleuler classificou três diferentes formas da manifestação da esquizofrenia: hebefrênica, catatônica e paranoide.
[...] O caráter crônico da doença, que evolui segundo os mais diversos ritmos no sentido de uma “deterioração intelectual e afetiva, e resulta muitas vezes em estados de feição demencial, é para a maioria dos psiquiatras um traço fundamental, sem o qual não se pode diagnosticar esquizofrenia[2].
O grupo das esquizofrenias ou demência precoce, Bleuler inseriu nos estudos de psicanálise e psiquiatria o termo “dissociação”, que estabeleceu como uma das principais características da psicose, fazendo referência a dissociação das faculdades mentais, sendo mais digno falar em “esquizofrenias”, por se tratar de um conjunto de psicoses.
A dissociação, assim como as alterações da afetividade em relação ao mundo exterior com propensões autistas são os chamados principais sintomas da esquizofrenia. Como os complexos psíquicos estão dissociados, a personalidade fica fragmentada, ou seja, não se direcionam à alguma finalidade específica
[...] A esquizofrenia, de modo geral, abrange um grupo de estados psicopáticos, que evoluem cronicamente ou por meio de surtos, neste último caso, depois dos mesmos, podendo ocorrer ora estacionamento, ora regressão dos sintomas, porém nunca um completo restitutio ad integrum[3].
1.1 - 4 A’s
[...] Bleuler procurava por sintomas específicos da esquizofrenia e acreditava que esses sintomas fundamentais eram comuns às diferentes apresentações clínicas da doença, independentemente dos delírios e alucinações, que eram considerados por ele sintomas acessórios e que poderiam não estar presentes em todos os casos[4].
Os principais sintomas estabelecidos por Bleuler descritos por Geraldes, Bezerra e Palmeira são conhecidos como “4 A’s”:
[...] Afrouxamento dos nexos associativos de pensamento – a perda da lógica na construção do pensamento[5].
[...] Autismo – introspecção e pouca ou nenhuma comunicação[6].
[...] Afetividade embotada – conhecida também com Afetividade ambivalente, é a expressão de emoções inesperadas diante de determinadas situações, como sorrir em um momento que se espera tristeza, e redução ou projeções dissimuladas de expressões e gestos de comunicação[7].
Avolição: perda de interesse em realizações cotidianas, demonstrações de apatia e desmotivação.
[...] A anedonia ou perda da capacidade de sentir prazer, foi proposta como a característica central ou cardinal da esquizofrenia. A anedonia física abrange a perda de prazeres como admirar a beleza do pôr-do-sol, comer, beber, cantar, ser massageado. A anedonia social abrange a perda de prazeres como estar com os amigos ou estar com outras pessoas. O embotamento afetivo foi considerado comum, mas não onipresente, em pacientes com esquizofrenia, sendo também comum em pacientes depressivos.”[8].
1.2 - 1ª e 2ª Ordens
Diferente de Bleuler, o psiquiatra Kurt Schneider focou em se aprofundar nos sintomas de alucinação da psicose, estabelecendo critérios que são utilizados até hoje nos diagnósticos;
[...] 1ª Ordem: Percepção delirante, alucinações auditivas (vozes que fazem comentários e/ou vozes que dialogam entre si), sonorização do pensamento, roubo do pensamento, vivências de influência sobre o pensamento, difusão do pensamento[9].
[...] 2ª Ordem: Outros distúrbios sensoperceptivos, intuição delirante, perplexidade, disposições de ânimo depressivos ou maníacos, vivência de empobrecimento afetivo[10].
Geraldes, Bezerra, “afirma que o maior influente das bases dos diagnósticos utilizados, são os sintomas que são conhecidos atualmente como positivos”[11].
DIAGNÓSTICO
Sabendo que não há exames médicos para diagnosticar a esquizofrenia e que, o mesmo ocorre após um psiquiatra examinar o paciente para determinar o diagnóstico que é feito com base em uma entrevista minuciosa com a pessoa e seus familiares.
Segundo o Dr. Mario Rodrigues Louzã Neto, psiquiatra, o diagnostico da esquizofrenia:
[...]é feito pelo especialista a partir das manifestações da doença. Não há nenhum tipo de exame de laboratório (exame de sangue, raio X, tomografia, eletroencefalograma etc.) que permita confirmar o diagnóstico da doença[12].
Exames cerebrais (como tomografias ou ressonâncias magnéticas) e exames de sangue geralmente são pedidos pelo medico com o objetivo de ajudar a descartar outras doenças com sintomas semelhantes a esquizofrenia.
Maria Adelaide Santalucia salienta ainda que:
[...] Como não existem sintomas específicos da esquizofrenia, os médicos se baseiam em critérios diagnósticos para estabelecer o diagnóstico. No Brasil, utilizam-se principalmente os critérios estabelecidos pela CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) da Organização Mundial da Saúde. O diagnóstico da esquizofrenia pode levar algum tempo para ser efetuado. É preciso que o médico seja cuidadoso e certifique-se de que não se trata de algum outro transtorno ou doença de base orgânica. Outras causas possíveis para os sintomas apresentados devem ser investigadas[13].
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