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HERMENÊUTICA, INTERPRETAÇÃO, APLICAÇÃO DO DIREITO E METACÓDIGO

Por:   •  11/3/2016  •  Dissertação  •  830 Palavras (4 Páginas)  •  451 Visualizações

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HERMENÊUTICA, INTERPRETAÇÃO, APLICAÇÃO DO DIREITO E METACÓDIGO

Conhecimento e linguagem

Afinal, qual a relação entre conhecimento e linguagem?

Seja na antiguidade ou na Idade Contemporânea encontramos indagações e/ou reflexões acerca do conhecimento e da linguagem. Embora não haja uma definição única para o conhecimento ou para a linguagem, visto que existe uma variável definição, a utilização mais comum, como estabelece José Fiorin, para linguagem é “uma instituição social, o veículo das ideologias, o instrumento de mediação entre os homens e a natureza, entre os homens e outros homens.” Enquanto o conhecimento, em termos técnicos, é o ato de perceber ou compreender por meio da razão e/ou da experiência, que se tem por base na definição de Platão no diálogo Teeteto “a opinião verdadeira acompanhada de razão é conhecimento, e, desprovida de razão, a opinião está fora do conhecimento”.

“A boca fala do que está cheio o coração”, está metáfora utilizada pelos judaico-cristãos pode ser facilmente utilizada como analogia para demonstrar a relação íntima entre conhecimento e linguagem. Parte-se do pressuposto, como bem especifica Édouard Dhorme em um de seus trabalhos a respeito dos povos assírios e semitas, de que o coração nesse sentido é “entre os semitas... tudo o que era peculiar do homem, tanto na categoria dos sentimentos como do intelecto e da vontade, era atribuído ao coração.” Ele é “a totalidade do homem interior, em contraste com a carne, que é o homem exterior e tangível”. Portanto, a exteriorização da linguagem no mundo concreto é interdependente daquilo que o individuo carrega consigo, sejam os diversos possíveis elementos que formam o conhecimento, ou próprio conhecimento. Em sintonia com a afirmação de Ludwig Wittgenstein que diz “Os limites de minha linguagem significam os limites do meu mundo”.

Para Isabel Galvão, doutora em pedagogia, a linguagem atua como o instrumento e o suporto indispensável aos progressos do pensamento. Este entendido como o conhecimento. Portanto, há uma relação recíproca entre pensamento e linguagem, já que a linguagem exprime o pensamento e, ao mesmo tempo, age como estruturadora do mesmo. Dessa maneira, compõe o funcionamento do campo intelectual no nível do conhecimento para o sujeito.

É notável que quando o sujeito se apropria da linguagem, ocorre uma mudança com a maneira dele se relacionar com o mundo, e assim estabelece uma conexão mental com a vida, cada vez mais eficiente.

Eni Orlandi em uma de suas obras aponta que saber é poder, afinal o homem procura dominar o mundo dando-lhe sentido. Tal como a visão Idealista citada por José Fiorin, ao atribuir a linguagem a função de criadora; não da imagem do mundo, mas o próprio mundo.

Desse modo, no campo jurídico não será diferente, algo que vai desde a necessidade social e positivação pelo legislador, até a aplicação da Lei feita pelo aplicador. Quando se utiliza da linguagem escrita com a finalidade de determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito, como expõe Carlos Maximiliano.

DHPRME, Édouard. O Uso Metafórico dos Nomes das Partes do Corpo no Hebraico e no Acadiano, de E. Dhorme. Paris, 1963, p. 113, 114, 128 (em francês).

FIORIN, José Luiz.– Linguagem e Ideologia. São Paulo: Ática, 1ª ed., p. 53 (série Princípios), 1988.

GALVÃO, Isabel. Dimensões do movimento; Pensamento, linguagem e conhecimento. In: Henri Wallon: Uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis: Vozes, p.69-87,1995.

ORLANDI, Eni Puccinelli. O que é lingüística. São Paulo: Brasiliense,2ª ed., p. 7,2009.

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