O Brasil colônia e o imperial
Por: Rodrigo Holanda • 12/7/2018 • Trabalho acadêmico • 697 Palavras (3 Páginas) • 147 Visualizações
O Brasil colônia e o imperial, no âmbito político, foram marcados pela figura do rei. A primeira e única mulher que chegou a exercer a chefia de Estado e Governo durante essa era foi a princesa Isabel, filha de Dom Pedro II.
A razão que ensejou suas três regências foi a ausência do rei, que nessas ocasiões encontrava-se em viagem ao exterior, além da morte de seus dois irmãos homens, o que vale destaque, pois caso um deles estivesse vivo, este seria o regente no lugar de Isabel.
Apesar de se tratar de um exercício da chefia de Governo e Estado transitórias, a regência de Isabel foi importante para os movimentos feministas do século subsequente, que encontraram nela inspiração para participar da vida política. Porém, há relatos, baseados em suas correspondências, de que a princesa não tinha o mínimo de interesse pela vida política, preferindo o conforto do lar através de sua criadagem, conforme se pode inferir do seguinte trecho de Mary:
Ao completar 14 anos, Isabel foi prestar o juramento solene de princesa imperial do Brasil perante as Câmaras, conforme prescrevia a Constituição do Império. Diante de 39 senadores, 96 deputados e representantes da imprensa, ela repetiu: “Juro manter a religião católica apostólica romana, observar a Constituição política da nação brasileira e ser obediente às leis e ao imperador.” Aplausos! Vestida de branco, coberta com o manto verde e dourado, cercada de ministros, mordomos, porteiros, barões, enfim, Isabel representava uma época liberal e pacífica. Significava que os benefícios trazidos pelo regime monárquico constitucional teriam continuidade. Mas, apesar de ser declarada futura imperatriz, sua vida não mudou. Vivia enclausurada. Não aparecia em público, não frequentava a vida social da capital, não participava de bailes e jamais foi ao teatro. Não tinha ideia da situação política do Império, não assistia a um despacho ou a uma reunião de gabinete. Do mundo exterior vazava, porém, uma realidade para dentro dos muros do palácio: a da escravidão. Desde pequenas, elas a conheciam. Vinha de longe a preocupação de que as meninas conversassem com “molequinhos” ou os vissem nus. Escravos se banhando lá longe, na praia, ou lavadeiras seminuas nas lagoas dos arredores podiam comprometer sua pureza. A reclusão seria a melhor maneira de protegê-las de experiências inadequadas. Mas elas sabiam perfeitamente o que era um cativo. Aos 18 anos, Isabel listava os seus: “Marta, negrinha de quarto; Ana de Souza, sua mãe; Francisco Cordeiro, preto do quarto; Maria d’Áustria, mulher dele; Minervina, lavadeira; Conceição, Florinda e Maria d’Aleluia, engomadeiras; José Luiz, preto músico; Antônio Sant’Ana, ‘preto que me serviu algum tempo’.” “Pretos”: eram assim chamados.
[...]Toda palavra repetida adquire o valor de uma advertência. Quantas vezes Isabel reiterou: quem lhe dera não participar de atos oficiais. Que seu pai viesse logo “arredá-la de suas responsabilidades”. Que não tinha ambição. Que gostaria de trabalhar menos e sem se cansar. Que governar era levar uma “vida de cão”. Em sua correspondência, a palavra “política” era sempre sinônima de coisa “entediante, desconhecida, cansativa”. Na literatura, houve um homem que não quis ser rei. Na vida real, ela foi a mulher que não queria ser imperatriz.
Assim, nota-se que Isabel poderia ter a visão patriarcal
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