O egoísmo, a desordem e o regresso no Brasil contemporâneo
Por: Guilherme Matheus Signore • 22/11/2015 • Artigo • 691 Palavras (3 Páginas) • 271 Visualizações
O egoísmo, a desordem e o regresso no Brasil contemporâneo
A população brasileira nunca foi tão numerosa, mas pasmem: a sociedade está esvaziando. Vivemos em um país repleto de pessoas cujos objetivos de uns colidem com os dos outros. Já não habitamos mais uma nação, mas tão somente um território cujas demarcações geográficas são infinitamente mais precisas que os objetivos dela.
Há muito não se constrói mais o nosso (país), não se pensa mais no nosso, não se contribui mais para que o nosso seja forte, sólido e homogêneo. Tudo que se faz é pensando no meu, que tem que ser melhor do que o seu e, para tanto, o quanto menos eu tiver que dar para Ele (Estado), e, inclusive, quanto mais eu puder utilizar os recursos dele, mais o meu será maior e melhor do que o de todos os outros. É assim que vive o Brasil contemporâneo, onde o coletivo e o social deram espaço ao mais efusivo sentimento egoísta que o ser-humano poderia exalar.
E de quem será a culpa? Muitos são os protagonistas deste enredo. De um lado, temos uma mídia extremamente voltada ao consumismo, ao despertar do lado obscuro da ganância, que justifica todos os atos realizados em prol do objetivo imposto pelo consumismo. Já não se julgam mais os meios, independente dos quais forem utilizados, conquanto que o objetivo final seja alcançado. Julga-se o próximo pelas suas posses, não sendo relevante a forma por ele utilizada para tê-las.
Por outro lado, fatores históricos de raízes coloniais refletem uma sociedade imediatista, cujo “jeitinho” é amplamente mais aceito e difundido do que a arte de planejar. A ordem, e com ela a moral e os bons costumes, saíram de cena; deram espaço ao egoísmo que corrompe o homem, e assim, o progresso da nação já deixou a muito de ser o objetivo dos que dela fazem parte.
O conhecimento científico voltou-se contra o seu criador. A tecnologia, que deveria ser a principal aliada do homem, passou a ser o Senhor dele, que lhe escraviza, que lhe faz trabalhar incansavelmente para tê-la, e assim, poder ostentá-la; que implanta o vício do seu consumo, preenchendo o interior dos que a utilizam com futilidades, fazendo com que transborde e se perca a pouco de sabedoria que ainda havia.
A busca pelo conhecimento científico e doutrinário já não é mais com o intuito de se livrar das amarras da ignorância e do aperfeiçoamento do seu interior; é almejado por ser pré-requisito para provas e concursos públicos que garantam estabilidade financeira e laboral. O homem passou a fugir da meritocracia e a perseguir a ociosidade.
O jovem não busca mais os bancos acadêmicos com o intuito de se tornar ferramenta útil aos problemas da sociedade, à pacificação social. Busca-os pela necessidade do título, a fim de que se insira mercado de trabalho e então comece o acúmulo do capital, o suprimento do ego e de suas vontades particulares.
O consumismo e o capitalismo se apropriam da ciência e a utilizam para perseguir seus fundamentos, esquecendo por completo o fim social e científico à que era proposta. Exemplo disso é o que ocorre com a ciência jurídica nos tempos atuais, cujo fim social a que se destinava (pacificação social), foi substituída, em muitos casos, pela utilização do direito para fins econômicos e imorais.
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