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O senhor das moscas e teoria da essência humana

Por:   •  22/8/2017  •  Artigo  •  2.761 Palavras (12 Páginas)  •  239 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERIAS

Programa de graduação em Direito

Henrique Bouças Paes

Filosofia – A essência dos homens

Belo Horizonte

2017

Henrique Bouças Paes

Filosofia – A essência dos homens

Trabalho acadêmico da disciplina Filosofia, do curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Orientadora: Prof. Guaracy Bolivar

Belo Horizonte

2017

  Debates sobre a origem da moral e da ética fazem parte do âmbito filosófico, sociológico, antropológico e biológico por séculos. Muitas pessoas acreditam que a moral tem uma origem biológica ou religiosa, ou seja, acreditam que a moral nasce com as pessoas, enquanto muitas outras acreditam que a moral tem causa somente cultural. Atualmente, após no fim da segunda década do século XXI, já é consenso pela maioria dos estudiosos que a moral é mais do que um simples fenômeno cultural, algo que as pessoas aprendem na socialização primária.

  Em 2007 foi divulgado um estudo liderado pelo psicólogo Marc Hauser e António Damásio, que submetiam pessoas a um questionário, formado por perguntas acerca do comportamento das pessoas em situações extremas. Uma das perguntas era sobre ''sacrificar um filho, para salvar um grupo de pessoas'', e colocaram entre os entrevistados, seis pessoas que tinham lesões no córtex frontal ventromedial (uma região do cérebro), e o resultado da pesquisa foi que as pessoas que tinham danos nessa região do cérebro respondiam as perguntas de forma mais “frias”, eles escolhiam as decisões que prejudicasse o menor número de pessoas possíveis. Na opinião dos cientistas desse estudo, os dados revelam que pensar de forma utilitarista vai contra a natureza humana, e o córtex frontal ventromedial é responsável por moldar a forma com que as pessoas se relacionam. Um dos colaboradores do estudo, Michael Koenigs, disse ao jornal Folha de São Paulo, referindo-se a parte do cérebro estudada “Ele parece ser uma "parte emocional" inata do cérebro, e parece ser crítico para certos aspectos da moralidade”

  Um dos principais estudiosos sobre o tema da moralidade ligada à natureza humana é o biólogo holandês, Frans de Waal,. Para o cientista, a moral não é uma criação da mente humana e, sim, algo biológico; ele acredita que pela necessidade de cooperação e da reprodução, os homens e as espécies de intelecto mais desenvolvido possuem uma moral. Tanto os humanos quanto outros animais possuem um lado pacífico e solidário, e, inclusive, afirma que ninguém precisa de Deus para ser bom, já que o senso de moralidade surgiu nos homens antes mesmo da religião, e esta veio com o objetivo puro e simples de reforçar a moral.

  A origem da empatia, pelo menos nos mamíferos, na visão do autor, vem do cuidado materno, que precisa cuidar de sua prole e ter uma reação as emoções da mesma, seja de fome ou perigo. Essa teoria também explica porque a empatia é mais desenvolvida nas fêmeas do que nos machos (na maioria das espécies), além de explicar a importância e a necessidade das ocitocinas que são um hormônio de várias funções, e uma delas é ser responsáveis por várias relações afetivas entre as pessoas (alguns cientistas até mesmo o chama de hormônio do amor). A ocitocina (C43H66N12O12S2) é responsável por criar as “sensações boas” durante as interações, seja ela social ou física. Esse hormônio é responsável pela paixão, pelo amor fraternal e pelas amizades. Logo quando duas pessoas se conhecem, esse hormônio será liberado e, quanto mais ocitocina for liberada, mais forte será o vínculo que as pessoas criarão. A quantidade desses hormônios liberados irá variar de pessoa para pessoa e, normalmente, as pessoas que produzem muitas ocitocinas são mais carismáticas e empáticas.

  Normalmente, se pulverizar ocitocinas em mulheres, elas responderão com mais empatia que os homens, pois os homens produzem a ocitocina, mas a testosterona bloqueia grande parte dos efeitos dela. A ocitocina é de grande importância durante a gravidez e amamentação (ela é responsável também pela liberação do leite, diminuir o sangramento do parto, entre outras funções) e, durante esse período, para suprir a necessidade, a produção desse hormônio aumenta. Muitos cientistas acreditam que a empatia começou com as mulheres durante o cuidado materno, já que, nesse período, há um pico de ocitocina, e, a partir disso, se espalhou para as outras relações e para os homens. Sendo assim, os homens podem ter empatia, mas, em média, a empatia deles é menor que a das mulheres.

  Em 2012, no encontro da Academia Americana de Ciências o autor afirma que "Pesquisas recentes sobre animais de espécies superiores, de primatas e elefantes, a ratos, mostraram que os comportamentos de cooperação e de solidariedade têm um fundamento biológico", os animais, possuem uma moral e simpatia com os membros de suas sociedades, mas, os homens e os animais em geral possuem uma tendência natural de competição, principalmente os homens da atualidade que  sob a lógica de um mundo capitalista. E, ademais, o excesso de competição ou a frustração fazem com que as pessoas fiquem más.

  Em uma entrevista para o jornal brasileiro, Folha de São Paulo, o biólogo diz que um grande exemplo de virtude é o bonobo, um primata, que na escala evolutiva encontra-se perto dos chimpanzés comuns e dos homens. O bonobo, como diz Frans, é conhecido pela alta capacidade de empatia com os membros de sua espécie, e inclusive, pela alta capacidade de empatia com seres de outras espécies. Esses primatas são pacíficos, não existindo registros de guerras entre eles, e utilizam do sexo para resolverem conflitos. E tanto os bonobos quanto os chimpanzés sabem que é preciso cuidar dos seres da sua mesma espécie quando necessitam, retribuir favores e pedir desculpas por comportamentos inadequados. Sendo afirmado pelo cientista que, a existência de animais morais, além do próprio homem, prova que a moral é algo que nasce com os seres, não sendo necessário argumentos racionais sobre o que é certo ou errado.

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