Os Cuidados Paliativos

Cuidados Paliativos

Um trecho do texto que me chamou atenção foi a resposta de Dalva Yukie “Os médicos que se especializam em cuidados paliativos precisam ter a capacidade de estabelecer uma abordagem mais abrangente que permita enxergar o outro como ser humano e colocar-se no lugar dele”.

Antes de qualquer comentário, no nosso ordenamento jurídico a eutanásia, antecipação da morte por doença incurável pela autonomia do sujeito ou de terceiro que lhe represente, é tipificada como homicídio privilegiado mais especificamente como auxílio ao suicídio. É um tema polêmico, delicado e de uma relevância extrema.

Quando nos referimos ao paciente terminal, temos por trás dessa figura uma pessoa, uma pessoa humana dotada de direitos da personalidade e de uma história. É inerente a sua condição humana o reconhecimento da sua dignidade, logo, é indiscutível que vida e saúde são valores distintos e fundamentais. Nós como seres humanos, sabemos da nossa finitude e da terminalidade da vida. Não há que se falar em reconhecimento da dignidade humana na ausência de bem estar (biopsicossocial).

Hoje, é juridicamente aceito que o paciente terminal se recuse a receber terapias que lhe acarretem dor e sofrimento sem que haja benefício a sua saúde. Ele pode se recusar ao prolongamento forçado da sua vida (distanásia) fundamentado na sua autonomia.

O direito de morrer dignamente fez com que a terminalidade da vida fosse interpretada a luz do direito de bem estar da pessoa. Hoje, os cuidados paliativos trazem uma abordagem e um cuidado mais humanizado para o paciente. Já que não há cura (por meios humanos) da sua condição de saúde, que ao menos ele e sua família tenham um convívio e um tratamento digno e afetuoso nesses últimos instantes. Ter a sensibilidade de olhar para o outro como se fosse si próprio exige deixar para trás qualquer juízo de valor e diferença. É um respeito de uma vida humana para outra vida humana.