PROJETO TCC USO DROGAS
Por: AMRIP2000 • 3/11/2018 • Projeto de pesquisa • 9.423 Palavras (38 Páginas) • 1.218 Visualizações
1 A ORIGEM DA PALAVRA DROGA
Veneno ou remédio? Substâncias originárias das façanhas de Deus ou criadas pelo Diabo para amaldiçoar os homens? Hábitos que são considerados naturais ou desvios de conduta de nossa sociedade moderna que não pode ouvir a palavra “não”?
De acordo com Vicentino (2006), não existem então respostas certas, exatas ou mesmo fáceis em relação às drogas. Não existe um consenso quando o assunto é um tema tão conturbado e que diverge opiniões como o uso, a descriminalização e a legalização do uso de drogas ilícitas.
Pode-se entender então, que todas as pessoas tem uma opinião formada em relação ao uso de drogas, não sendo levado em consideração o lado que elas estejam defendendo.
Segundo Rodrigues (2009), a palavra droga, além de ter o significado de coisa ruim, sem qualidade, teve origem na palavra “DROOG” (Holandês Antigo) que significa folha seca, pois antigamente todos os medicamentos eram feitos à base de vegetais.
As drogas começaram a ser utilizadas a cerca de cinco mil anos atrás, já nos remetendo a pensar que o homem tem uma longa história de relacionamento com substâncias psicotrópicas. Elas eram constantemente usadas em ritos indígenas e até mesmo em festas na Roma antiga (RODRIGUES, 2009).
Para o autor, por volta de cinco mil anos atrás, uma tribo de pigmeus saiu para caçar, no centro da grande África, alguns destes, notaram que javalis, se comportavam de maneira estranha, após ingerirem algum tipo de planta em específico, tendo diversas reações desde ficarem bem mansos, até mesmo ficarem rodando desorientados. Um dos pigmeus resolveu provar daquele arbusto, sentindo um certo agrado ao provar da planta misteriosa, fato este que fez com que ele recomendasse a outros da vila, os quais se deslumbraram com o entorpecimento que tal planta gerou.
Então, o curandeiro da tribo, avisou a todos seus companheiros: Há uma divindade dentro da planta sagrada. E então todos passaram a venerar a planta até então desconhecida. Desta forma, eles começaram a fazer rituais periódicos, louvando o Deus que teriam descoberto, rituais estes que foram espalhados a outras tribos, e são feitos até os dias atuais. Tabernanthe iboga, conhecida por iboga, é usada para fins lisérgicos em cerimônias com adeptos no Gabão, Angola, Guiné e Camarões (RODRIGUES, 2009).
Segundo Spence (2000), não existem indícios históricos das primeiras experiências humanas com plantas e seus princípios ativos, mas, ainda que de forma especulativa, algumas referências podem ser encontradas em antigas lendas de diversas civilizações que associavam determinados frutos à idéia de paraíso. Fato este que acabou de ser citado acima.
Para o autor, há muitos milênios, o homem já se utiliza de drogas vegetais, tais como a iboga. O historiador grego Heródoto no ano de 450 a.C., fez relatos que a Cannabis sativa, planta que da origem à maconha, era queimada em saunas para dar alucinações e êxtase em freqüentadores dos locais. “O banho de vapor dava um gozo tão intenso que arrancava gritos de alegria.”
Spence (2000) afirma que já no fim do século 19, vários desses produtos viraram, em laboratórios, drogas sintetizadas. Sendo então objetos de estudado por cientistas e médicos, como Sigmund Freud.
Porém, fato curioso é que somente do século 20, em todo o globo terrestre, é que se iniciou o surgimento de não permissão de uso de substâncias entorpecentes. O primeiro relato foi nos Estados Unidos, no ano de 1948, e logo após no ano de 1961, dando um total de mais de 100 países adeptos à proibição do uso de tais substâncias, estando o Brasil dentre eles, após uma convenção mundial da ONU (SPENCE, 2000).
1.1 As civilizações grega e romana
Segundo Carvalho (2006), a antiga Grécia e sua civilização influenciou de sobremaneira a cultura ocidental. Toda a produção significativa de conhecimentos políticos, das variadas formas de expressão artística, os conhecimentos científicos e filosóficos teriam a responsabilidade desta civilização. A produção filosófica presente nas obras de Sócrates, Platão, Aristóteles e outros, foi responsável pela disseminação das idéias de leis e princípios universais reguladores da natureza. Rompe-se, portanto, com a concepção de conhecimentos secretos e místicos somente obtidos por meio da religião.
Diante desse novo contexto, plantas como, o cânhamo, dormideira, a beladona, a mandrágora, e as substâncias psicotrópicas por elas produzidas, passam a ser abordadas não mais como substâncias sobrenaturais, mas como mecanismos de cura, sendo ainda utilizadas para fins lúdicos (CARVALHO, 2006).
Para Filho (2009), de igual forma, na civilização romana o uso de certas drogas encontrava-se inserido nos costumes, em especial o ópio, sobre o qual foram erigidas leis para regular os preços de mercado.
Percebe-se, portanto, que o consumo de drogas nas sociedades grega e romana apresentava-se bastante difundido, seja na forma de medicamentos, seja de forma recreativa. Entretanto, tal fenômeno não se constituiu como um problema de ordem social, política ou jurídica.
Para Escohotado (2004) as drogas nas civilizações antigas clássicas não representavam um problema de toxicomania primeiramente por encontrarem-se inseridas no complexo arcabouço de costumes dessas sociedades.
Esclarece o citado autor:
Este formidável consumo não cria problemas de ordem pública ou privada. Embora se contem aos milhões, os consumidores regulares de ópio não existem nem como casos clínicos nem como marginais de sociedade. O costume de tomar esta droga não se distingue de qualquer outro costume – como madrugar ou tresnoitar, fazer muito ou pouco exercício, passar a maior parte do tempo dentro ou fora de casa -, e daí que não haja em latim expressão equivalente a ‘opiómano’, ainda que exista pelo menos uma dúzia de palavras para designar o dipsómano ou alcoólico (ESCOHOTADO, 2004, p. 45).
Ainda segundo Escohotado (2004), o juízo de valor negativo das sociedades em análise recaiu sobre o álcool, que absorveu toda a nocividade social e individual que, atualmente, recai sobre drogas como maconha, inalantes, solventes, estimulantes, cocaína e crack.
As convicções acerca da neutralidade das drogas e dos benefícios da automedicação, características dos cultos pagãos, começam a entrar em colapso com o processo de cristianização do Império romano. O cristianismo surge à época do alto Império romano, proveniente da religião judaica. Durante os três primeiros séculos da era cristã, os adeptos dessa nova religião foram perseguidos por questionarem os valores e as instituições de Roma (CARNEIRO, 2005).
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