Pesquisa com células tronco embrionárias
Por: Slaylla Susan • 30/11/2015 • Trabalho acadêmico • 5.287 Palavras (22 Páginas) • 224 Visualizações
Antes da regularização da pesquisa com células-tronco embrionárias advinda da promulgação da lei número 11.105/2005, a denominada Lei de Biossegurança que liberou a pesquisa no Brasil, o estudo se limitava à pesquisa com células-tronco adultas, por serem elas encontradas em tecidos maduros.
As pesquisas com células-tronco embrionárias iniciaram-se por volta de 1960, mas o aprofundamento do estudo deu-se em 1970.
Inicialmente as pesquisas eram realizadas em teratomas ou teratocarcinomas, que tratam-se de tumores provocados em roedores, dado que o desenvolvimento embrionário pré-implantatório desses é muito parecido com o humano, identificando-se a possibilidade de extração de células-tronco embrionárias, dando origem às células primordiais germinais.
A evolução desses estudos envolveu também, a produção de animais formados a partir de dois genótipos diversos, chegando logo após a denominação de células-tronco do blastócito de camundongos.
Por volta de 1994, foram diferenciadas as primeiras células-tronco de blastócitos humanos, tendo como estopim os embriões excedentes da técnica de fertilização in vitro, que são aqueles criados para fins reprodutivos e doados para pesquisas científicas.
Em novembro de 1988, a empresa Geron Corporation, anunciou que seus pesquisadores haviam isolado e cultivado linhas de células-tronco advindas de embriões humanos no estágio de blástula.
A descoberta, feita em 1998 por James A. Thomson e colaboradores de que células-tronco poderiam ser extraídas de embriões em seu estágio de blastocisto (human embryonic stem cell, HESC), aliada à técnica da clonagem por transferência nuclear criada em 1997 por Ian Wilmut e colaboradores8 (que mostraram pela primeira vez que células adultas, devidamente preparadas, podem tornar-se totipotentes), abriu um importante novo âmbito da pesquisa biomédica para, em curto ou médio prazo, entender melhor a diferenciação e o desenvolvimento celular humano, inclusive para entender melhor o processo de adoecimento. Mas abriu também, provavelmente em longo prazo, a possibilidade de desenvolver terapias contra doenças ainda incuráveis como certos tipos de diabete, doença de Parkinson, cardiopatias, doenças do sistema nervoso, dentre outras.
Esse estágio, de quatro ou cinco dias de fecundação em que o embrião contém aproximadamente duzentas células, é quando as células-tronco embrionárias humanas apresentam sua principal propriedade: qual seja, a pluripotência. Trata-se da fase em que elas possuem a capacidade de se transformarem em vários tipos de tecidos que constituem o corpo humano, possuindo ainda, a capacidade de se autorreplicarem e de se autorrenovarem infinitamente.
Nesse sentido dispõe Marília Bernardes Marques:
As células-tronco (...) são grandes percursoras que construirão as pontes entre o ovo fertilizado, que é a nossa origem, e a arquitetura complexa na qual nos tornamos, Dito de outra forma, as cerca de 75 trilhões de células que constroem um corpo humano derivam das células-tronco e também, à medida que crescemos e envelhecemos, são elas que repõem os tecidos danificados ou enfermos. Graças a essa habilidade, atuam como um verdadeiros sistema reparador; do corpo, fazendo a substituição das células ao longo de toda a vida de um organismo
O feito alcançado pelo cientista James Thomson, o qual cultivou células-tronco embrionárias em fase de blastócitos, que advinham de clínicas de fertilização in vitro. Tais embriões, tinham por objetivo, atender a um projeto parental e ante a sua posterior inutilidade, destinaram esses às pesquisas. Há quem entenda, que as expressões de utilização e destinação, denotam uma ideia de coisas e não de seres humanos. Por outro lado, há quem defina as células-tronco embrionárias como uma população de células-tronco fetais, oriundas de fetos abortados destinados pelos pais, depois de já terem decidido pôr fim a gravidez. Essas células extraídas das germinais desses fetos foram cultivadas “in vitro”, apresentaram um conjunto normal de cromossomos, tiveram a capacidade de se dividir e, deram origem a corpos embrióides.
Os embrióides são um grupo de células das três linhas celulares primordiais, cujo desenvolvimento se assemelha de um embrião normal. Além das pesquisas envolvendo embriões humanos, fetos, fundamentos de clonagem e fusão de interespécies, o italiano Ângelo Vescovi, conseguiu isolar e cultivar in vitro, células-tronco extraídas de organismos adultos.
Inicialmente, constatou-se que as células-tronco adultas face as embrionárias possuíam uma capacidade limitada. Em contramão a esta constatação, atualmente tem sido demonstrado através de pesquisas a capacidade das células-tronco adultas de se especializarem em diversos tecidos humanos. Tem-se então, uma alternativa no que tange ao debate social, cultural e religioso que envolve as células-tronco embrionárias.
Ante os múltiplos resultados alcançados com as pesquisas juntamente com as vastas possibilidades de aplicações que delas derivam, tornou-se de suma importância uma classificação científica que levasse em conta as características fundamentais dessas células.
2.1 DAS CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS
Ressalta-se, que as células-tronco embrionárias possuem duas características fundamentais: a de se autoperpetuar ou autorreplicar, pois feita a divisão a partir delas mesmas, tem-se a origem de outras células com características idênticas, e a habilidade que algumas apresentam, em determinadas circunstâncias de se converterem nos mais diversos tecidos do corpo humano.
As células-tronco podem ser classificadas como totipotentes, pluripotentes, multipotentes e unipotentes.
As células-tronco totipotentes são aquelas capazes de se desenvolverem em qualquer tecido celular de um organismo adulto, inclusive em tecidos e membranas extraembrionárias e no próprio embrião.
As células-tronco pluripotentes por sua vez, encontram-se no início do desenvolvimento embrionário e podem gerar qualquer tipo de célula tanto no feto quanto no adulto. Ressalta-se ainda, que possuem a capacidade de autorrenovação. Entretanto, não são capazes de desenvolver um organismo completo, ou seja, não dão origem a um embrião nem tão pouco a seus anexos embrionários.
É a capacidade da célula-tronco em desenvolver várias linhagens celulares e tecidos diferentes.
Já as células-tronco multipotentes ou somáticas,
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