Presos Pela História
Por: Guilherme Machado • 26/9/2016 • Artigo • 429 Palavras (2 Páginas) • 156 Visualizações
Presos pela história
O sistema penitenciário brasileiro tem sua cor predominante. Esta frase exprime a realidade vivenciada dentro das penitenciárias de todo país, que não pode ser entendida como uma afirmação racista, mas sim como uma “identidade” do sistema carcerário.
Com a evolução da sociedade durante o século XIX, por meio da troca do modo de governo e a substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado, muitos valores que faziam parte do senso comum foram sendo parcialmente desfeitos. Porém a soberania do branco era extremamente evidente, marginalizando cada vez mais negros e indígenas, e assim, não conseguindo o seu espaço em todo este desenvolvimento socioeconômico.
A desvalorização da imagem do negro foi cada vez mais crescente, ocasionando a perda de direitos garantidos pelo Estado e a chance de participar da sociedade igualmente. Pelo descaso deste Estado falho, e do resto da sociedade, este grupo procurou alternativas de melhorar a sua condição e muitas vezes por meio de práticas ilícitas.
A imagem do negro escravo foi substituída por uma de potencial criminoso. Este perfil racista foi cada vez mais disseminado, colocando o negro mais próximo do cárcere e mais distante da sociedade. Teve as suas práticas religiosas e culturais criminalizadas, por serem de origem africana e não terem um caráter tradicional europeu.
Hoje, segundo pesquisas, cerca de 54% da população carcerária é composta por negros e pardos. Este percentual se agrava cada vez mais por conta da ampla deficiência do sistema público.
Podemos tomar como exemplo a precariedade do sistema educacional, que promove, uma grande desigualdade entre o ensino particular e público. Há uma grande disparidade entre a alfabetização de negros e brancos, colocando o negro em uma situação de ocupação de subempregos e a criminalidade.
O sistema carcerário não é apenas uma forma de corrigir o indivíduo. Na realidade, promove a desumanização e a exclusão do carcerário da sociedade. A inclusão do ex detento na sociedade é quase impossível, fazendo com que a reincidência seja algo muito mais recorrente do que a reabilitação.
Estes agravantes devem ser enxergados como problemas urgentes a serem resolvidos. Não pode ser ignorado o fato do agravamento deste problema por meio da negligencia do Estado e nem dos efeitos do problema dentro da sociedade. É dever do Estado, quanto do restante da sociedade brasileira, um verdadeiro combate ao racismo, e uma igualdade na humanização das minorias que se encontram na margem da sociedade.
Você ainda acha que, por não estar neste grupo, não é o seu dever lutar pela garantia de direitos igualitários dentro da sociedade em que vivemos? Até quando o racismo será maior que os atos praticados por aquele ser humano?
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