Psicologia e Literatura

Durante toda a obra analisada ( A Cartomante – Machado de Assis ) é possível estabelecer um paralelo com a psicologia e consequentemente com o Direito, entretanto existem passagens em que essa relação se evidencia com maior veemência.  No conto, Machado de Assis, mostra a visão objetiva e pessimista da vida, do mundo e das pessoas (não existe final feliz). O autor faz uma análise psicológica das contradições humanas na criação de personagens imprevisíveis, jogando com insinuações em que se misturam a ingenuidade e malícia, sinceridade e hipocrisia. A partir dessa visão objetiva e pessimista se desdobram as situações que, devido o seu desfecho, se relacionam diretamente com o direito e seus bens jurídicos tutelados. O homem é visto na realidade de sua existência (com suas crenças e valores), cuja consciência é influenciada pelo mundo que o cerca, que por sua vez esta em constante mudança, deixando de ser algo que existe por si só. Portanto é evidente que o estudo da psicologia se difunde com o do Direito, uma vez que a consciência humana se influencia pelas alterações observadas no mundo externo, e essas alterações por sua vez são tuteladas e regulamentadas pelo Direito, suas normas e doutrinas.

A passagem do conto em que se pode observar essa relação mais profunda entre psicologia e direito ocorre no final, quando Vilela mata tanto Rita quanto Camilo, movido por suas emoções. O código penal salienta em seu artigo 28, inciso I que a emoção no momento da realização do crime ( homicídio ) não exclui a imputabilidade, entretanto concede a diminuição da pena. Além disso se observa no Direito a presença do instituto do homicídio passional, que se encaixa perfeitamente no caso em análise. Essa modalidade criminosa, portanto, se relaciona diretamente com a questão do comportamento e funções mentais do indivíduo, que por sua vez é o objeto de estudo da psicologia, reforçando assim novamente a relação entre essas duas ciências.