TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA – RITO SUMARÍSSIMO

Por:   •  29/8/2017  •  Exam  •  3.887 Palavras (16 Páginas)  •  491 Visualizações

Página 1 de 16

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 30ª VARA DO TRABALHO DE PORTO ALEGRE/RS

JOICE CRISTIANE JACQUES DE MOURA, brasileira, separada, serviços gerais, inscrito no CPF sob o nº 737.841.680-00, RG nº 9070175154, residente e domiciliado na Rua Senhor do Bom Fim, nº 55, bairro Sarandi, na cidade de Porto Alegre, CEP 91140-380, vem respeitosamente perante a Vossa Excelência propor:

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA – RITO SUMARÍSSIMO

Em face de CORAL TOWER TRADE CENTER HOTÉIS LTDA , inscrita no CNPJ nº 90.276.015/0002-50, situada na Av. Montenegro, nº 22, bairro Petrópolis, na cidade de Porto Alegre/RS, CEP 90460-160,  que faz de acordo com os fundamentos fáticos e jurídicos a seguir expostos.

I - DOS FATOS

A reclamante foi contratada pela reclamada em 20/06/2016 para exercer a função de serviços gerais, percebendo como remuneração mensal o valor de R$ 1.103,66, acabando por ter a suspensão de seu contrato de trabalho por entrar em auxílio doença.

Registra-se que atualmente a reclamante encontra-se no limbo previdenciário, sem poder retornar suas atividades laborais e tendo acabado seu período de assistência pelo INSS.

II - DO RECONHECIMENTO DE EXISTÊNCIA DE DOENÇA OCUPACIONAL EQUIPARÁVEL A ACIDENTE DO TRABALHO:

A reclamante no curso de seu contrato de trabalho passou a ser constantemente perseguida e humilhada por sua superior hierárquica, Sra. Marivânia, responsável pela governança do hotel, que chegou a impedi-la de tomar banho e sair para realizar consultas médicas e sessões de fisioterapia.

Ademais, a reclamante sempre foi tolhida de tirar suas folgas que fez jus pelo banco de horas existente.

Aliás, esse foi estopim para desencadear as moléstias da autora.

Diante de tanta humilhação e tantas agressões verbais a autora vem desenvolvendo transtornos depressão e ansiedade.

Por consequência, a reclamante foi diagnosticada sendo portadora de transtorno depressivo (CID F33) e transtorno de ansiedade – síndrome do pânico (CID F41), tendo sido encaminhada para o INSS, quando então passou a receber auxílio doença.

Vale registrar que é impossível mensurar a extensão do dano que ocasionou na moléstia, tendo em conta que até hoje a reclamante faz terapia médica e medicamentosa, sem qualquer previsão de melhora, logo não há falar de consolidação da lesão.

Assim, da análise dos fatos narrados, evidencia-se com bastante clareza que a reclamada deixou de prestar a devida atenção aos funcionários, e no caso, à reclamante deixou de reconhecê-la como ser humano dotado de necessidades, esquecendo-se de qualquer carência que ela eventualmente pudesse ter.

Excelência, note que a parte reclamada, por diversas vezes, incorre em erros de procedimento que, por culpa ou dolo, merecem ser punidos, sendo que, no caso em tela, referida punição deverá ganhar cunho pedagógico e remuneratório, ou então, ressarcitório-preventivo à parte autora, por assédio moral, o que requer que seja declarado em sentença.

Diante da presente narrativa, é inegável a lesão de ordem psíquica gerada na reclamante, agravada pelo descaso do empregador. Resta claro que o mal emocional que acomete a reclamante gerou efeitos cumulativos em sua psiqué.

Por conseguinte, relembra-se que a mesma lei nº 8.213/91, em seu art. 19 traz o conceito de acidente do trabalho típico, regula também as chamadas doenças ocupacionais, as quais também configuram acidente de trabalho por equiparação, o que faz nos seguintes termos:

[pic 2]

Conforme se pode observar, “doença ocupacional” é o gênero do qual são espécies a “doença profissional” e a “doença do trabalho”. A doença ocupacional pode ser profissional ou do trabalho.

A doença profissional também conhecida por profissional típica é peculiar a determinada categoria ou função profissional. O nexo causal neste caso é presumido entre a lesão e a atividade desenvolvida, inadmitindo prova em sentido contrário. Basta comprovar a prestação do serviçona atividade e acometimento da moléstia profissional.

Por outra banda, a doença do trabalho, também conhecida por doença profissional atípica, apesar de ter origem na atividade laborativa não está vinculada a ela. Sua apresentação decorre da forma como o trabalho se dá ou das condições oferecidas ao trabalhador. No caso das doenças do trabalho, não há presunção do nexo causal entre a lesão e o trabalho realizado, sendo necessária a comprovação de que a patologia desenvolveu-se em razão das atividades laborais. São exemplos de doenças do trabalho a LER (lesão por esforço repetitivo), a DORT (distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho), bem como a própria depressão e outros transtornos psíquicos, os quais podem ser adquiridos ou desencadeados em qualquer atividade, sem que haja vinculação direta a determinada profissão.

Portanto, no caso em tela impõe-se o reconhecimento da ocorrência da doença ocupacional (doença do trabalho) equiparável a acidente do trabalho, pela existência de nexo causal direto entre o quadro patológico da reclamante, as atividades que ela exercia e as condições pelas quais foram impostas em seu ambiente de labor.

Assim sendo, pelos fundamentos supra mencionados deverá a reclamada ser condenada ao pagamento de indenização pelos danos causados na reclamante, forte no art. 186 e 187 do Código Civil e art. 5º, V e X, da Constituição Federal.

III – DA CONCASUALIDADE

Equipara-se também ao acidente de trabalho a chamada “concausa”, isto é, “a causa que, embora não seja única, contribui diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da capacidade laborativa, ou produz lesão que exija atenção médica para a sua recuperação – inciso I, do art. 21, da Lei nº 8.213/91”. Nesse contexto, a concausa pode ser anterior (preexistente), simultânea ou posterior.

Caso este juízo entenda que não está diante de um caso em que há nexo direto entre as atividades exercidas e o evento danoso, bem como entre o acidente de trabalho e suas sequelas existentes e o quadro depressivo apresentado, o que se admite apenas por argumentar, de forma sucessiva deverá ser analisada a hipótese de concausualidade , de sorte a autorizar o reconhecimento da ocorrência de doença ocupacional equiparável ao acidente de trabalho nos presentes autos.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (26.1 Kb)   pdf (323 Kb)   docx (392.9 Kb)  
Continuar por mais 15 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com