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RESENHA SOBRE O DOCUMENTÁRIO “INDÚSTRIA AMERICANA”

Por:   •  23/3/2021  •  Resenha  •  1.335 Palavras (6 Páginas)  •  1.697 Visualizações

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FACULDADE ANICUNS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

CURSO DE DIREITO

Gabriela Carlos Rodrigues

RESENHA SOBRE O DOCUMENTÁRIO “INDÚSTRIA AMERICANA”

ANICUNS

2020

Gabriela Carlos Rodrigues

RESENHA SOBRE O DOCUMENTÁRIO “INDÚSTRIA AMERICANA”

Trabalho apresentado ao curso de Direito, Faculdade de Anicuns, como requisito para avaliação da disciplina Direito do Trabalho II, sob a orientação do Prof. Esp. Antônio Henriques Lemos L. Filho.

ANICUNS

2020


O filme Indústria Americana, ganhador do Oscar de melhor documentário, dirigido por Steven Bognar e Julia Reichert, disponível pela plataforma da Netflix em parceria com a produtora Higher Ground (criada por Michelle e Barack Obama), foi lançado em 2019 e tem 1 hora e 50 minutos de duração.

O documentário se passa, em grande parte, nos Estados Unidos da América, na cidade de Dayton, Ohio. Mostrando primeiramente o cenário de crise que se apossou da cidade após o fechamento da fábrica de automóveis da General Motors em 2008, deixando mais de 10.000 pessoas desempregadas.

Até que um bilionário chinês investe milhões na cidade para a abertura de uma nova fábrica, a Fuyao Glass America, que produz vidro automotivo. Tal fato gera nos moradores esperança e otimismo, já que muitos dos que trabalharam na antiga fábrica são contratados.

Apesar de americanizada, a companhia chega aos Estados Unidos disposta a praticar algo o mais próximo possível do modelo chinês. Os salários oferecidos são consideravelmente mais baixos, os horários de intervalo são reduzidos e a nova administração desde o primeiro momento se mostra disposta a fazer de tudo para impedir que seus funcionários sejam sindicalizados.

Em todo o filme percebe-se a dificuldade de integração entre chineses e norte-americanos, havendo um enorme choque cultural, desde a atitudes, modo de gerenciar e pedidos do presidente e ceo Cao, até a classe operária, já que diversos trabalhadores chineses são trazidos para os Estados Unidos para treinar os novos funcionários locais.

Somos apresentados a diversas perspectivas dentro do cotidiano da fábrica, desde as opiniões dos trabalhadores que não estão satisfeitos com as condições precárias de trabalho, sem certa segurança, a opiniões e realidade dos chineses que deixaram seu país e suas famílias para viver em um lugar completamente diferente enfrentando grandes dificuldades de adaptação, até chegar, também, a perspectiva do empregador, que vê nos norte-americanos, pessoas preguiçosas e sem grande produtividade.

O espectador se vê envolvido nas histórias e conflitos do documentário. De um lado, o líder da empresa chinesa apontando os trabalhadores americanos como improdutivos, e, de outro, os trabalhadores e supervisores americanos incrédulos observando o modelo chinês, retratado no documentário através de episódios que mostram líderes autoritários, rígida disciplina, salários baixos, longas horas de trabalho, poucas folgas no mês, restrições à organização sindical, condições de segurança deficientes, tudo isso considerado “normal” no país de origem.

Quando os supervisores americanos da Fuyao vão para a China conhecer a matriz da empresa, ficam intrigados com o modo como os funcionários trabalham, quase como soldados, obedecendo ordens sem discutir e trabalhando em turnos de 12 horas por dia, com horas extras obrigatórias e com folgas no máximo duas vezes ao mês. É bem chocante assistir os trabalhadores em enormes pilhas separando cacos de vidro por cor sem os devidos equipamentos de segurança.

O enredo central de “Indústria Americana” gira em torno de uma votação para decidir se a Fuyao nos Estados Unidos deve ter um sindicato como representante dos funcionários, o que para o presidente Cao é inaceitável, pois, para ele o sindicato atrapalha na produtividade.

Os sindicatos americanos são organizados por empresa, havendo um pluralismo, não há unicidade sindical, é a obrigatoriedade de existir apenas um único sindicato na mesma área de atuação, como ocorre no Brasil. Em geral, as companhias devem aceitar a sindicalização de seus empregados quando a maioria deles assina fichas de sindicalização. O antissindicalismo faz parte da legislação trabalhista estadunidense que privilegia a negociação individual e dificulta a coletiva.

No filme, quando os trabalhadores passam a lutar pela sindicalização, nos deparamos com fortes repressões, perseguições e até mesmo demissões daqueles que se colocam a frente, apoiando o sindicato. Reuniões são feitas com trabalhadores norte-americanos e chineses para que estes não votem a favor do sindicato, demonstrando as desvantagens do relacionamento indireto entre o empregado e o empregador. Tais fatos, levaram os trabalhadores, por medo, a votarem contra o sindicato.

A negociação direta entre empregado e empregador, sem a interferência do sindicato, permite uma flexibilização de vários elementos do contrato de trabalho, por exemplo, da jornada de trabalho, banco de horas e intervalo, podendo ser acordados diretamente, sem supervisão ou intervenção de terceiro. O empregador tem mais possibilidade de impor as condições na hora de negociar, reduzindo a proteção social do trabalhador. Sem o sindicato, não há quem defenda os direitos e interesses dos empregados, que é a parte mais fraca, assim, o empregador poderá oferecer qualquer modalidade de trabalho, carga horária e salário, ainda que precário, visando somente o lucro, e o empregado, movido pela necessidade de emprego, aceita condições desfavoráveis.

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