Relatório de Leitura: Ideologia Alemã Marx e Engels

Relatório de Leitura: Ideologia Alemã Marx e Engels

Aluno: Guilherme Henrique Alves Camargo

     Marx e Engels partem do pressuposto de que são as relações sociais (trabalho e produção da existência) que determinam a Consciência, revertendo a perspectiva idealista da História. Sentido de Neste, Consciência é produzida historicamente. A primeira suposição dos autores, então, é a percepção de que, se há história humana, primeiro há seres humanos vivos, isto é, eles partem da constituição corpórea desses homens e de sua conexão com a natureza em geral. Assim, toda historiografia deve partir desses fundamentos naturais e de sua transformação pela ação dos homens. Para os autores, pode-se diferenciar homem de outros animais de diferentes maneiras, entre eles "consciência", "religião" ou qualquer outro, mas os próprios homens diferem dos animais quando começam a produzir seus meios de existência. Aqui, a produção da existência, enquanto determina a produção da vida material, não é a existência física dos indivíduos, mas é uma forma determinada de manifestar sua vida, isto é, um "modo de vida determinado". Portanto, o que os homens são coincide com o que eles trazem, e o que eles produzem como o modo que eles produzem.

     Desse modo, Marx inverte o sistema hegeliano, sintetizando a dialética hegeliana com o materialismo de Feuebach. Manter a dialética como um "movimento interno para a produção da realidade", mas a contradição estabelecida agora em condições históricas reais, é a luta de classes. Segundo Marx e Engels, a alienação é a alienação do trabalho. Portanto, discordando de Feuerbach, os autores deslocam a causa da alienação da religião, mas a colocam como efeito de outra alienação, a alienação do trabalho. Esta condição de alienação do trabalho se deve ao fato de que o produtor não pode ser reconhecido no produto de sua obra, ou seja, não possuir os meios de produção, não se pode também ser o proprietário do valor que ele produziu e, portanto, transformado em uma mera "força de trabalho".

    Reforçando, então, os pressupostos sobre os quais os autores desenvolvem seus pensamentos, os homens são separados dos animais não porque tenham consciência, mas porque produzem suas condições de existência. A produção da existência se dá através do trabalho, entendido como "relação com a natureza" e da divisão do trabalho, entendida como "uma relação de cooperação entre os homens". Assim, o trabalho, a divisão do trabalho e a própria família constituem as forças produtivas que determinam e são determinadas por essa divisão do trabalho. Os autores argumentam que a divisão do trabalho começa na própria casa da família, através da divisão entre a agricultura e a pastorícia, o que levará à separação da cidade e do campo e culminará na desigualdade social, pela forma de propriedade. A primeira forma de propriedade é a propriedade triba, a estrutura da família estendida, a segunda forma de propriedade é a propriedade do estado e a terceira é a propriedade feudal. Essas transformações das forças da propriedade privada culminam na propriedade capitalista privada.

     Na sociedade capitalista, os trabalhadores são mantidos em suas condições de trabalho alienado por meio de consenso alienado, processo pelo qual cada indivíduo subsiste na atividade que lhe é imposta pela ideologia. A ideologia surge na separação entre o trabalho manual e intelectual. Na divisão do trabalho é formado, pelo conjunto das relações sociais, a ideia de Sociedade. A ideologia começa então, pois a ideia de Sociedade aparece como existindo por si mesma, a priori das relações humanas e determinantes da mesma, justificando, assim, a separação dos papéis sociais.