Resenha As Relações Entre Poder e Política
Por: gabsgfs • 5/2/2021 • Resenha • 1.478 Palavras (6 Páginas) • 148 Visualizações
As relações entre Poder e Política sofreram grandes modificações ao longo do
tempo, visto que desde a Antiguidade, com o surgimento dos pensamentos socráticos ela já era
debatida e que atualmente não possuem mais o mesmo conceito. Enquanto para os antigos a
política representava a ideia de Eudaimonia, o bem comum, para a sociedade moderna é a
representação de poder e controle da força. Essa relação foi alvo de estudos durante seus
estágios de modificação e recebeu distintas interpretações por parte de diversos estudiosos no
decorrer do tempo, fato esse que será descrito na presente resenha, afim de retratar o que levou
a tais mudanças e as formas que elas ocorreram.
De acordo com a filosofia de Platão, a democracia é um regime ruim uma vez que
ele tinha como exemplo a democracia ateniense onde todos governavam e que por fim levou a
decadência da polis. Tendo ele vivenciado a derrocada de Atena, propôs então em seu livro “A
República” que apenas reis filósofos governassem, pois apenas eles eram conhecedores do
mundo das ideias e que cada membro da polis devia exercer suas próprias virtudes, onde os
produtores apenas produziriam para a subsistência populacional e que os guardiões defenderiam
tanto a sociedade quanto a estrutura da mesma, construindo assim uma hierarquia de poder
intelectual. Dessa forma, seguindo as ideias de organização política proposta por Platão, seria
alcançada uma polis bem ordenada e justa.
Já para a filosofia aristotélica, a política deve buscar tanto o bem estar coletivo
quanto o individual, afirmando ainda que o homem é um animal político tendo assim uma
inclinação para viver em sociedade. Diferentemente de Platão, Aristóteles assegura que não só
os filósofos devem governar, mas sim os homens comuns que tenham compreensão da realidade
e entendimento suficiente para participar das atividades políticas. Vale destacar aqui as formas
de regimes de governo onde ele prioriza o bem comum, classificando as mesmas de acordo com
o número de indivíduos que eram detentores do poder e a forma que o exercem. Sendo assim,
os governos bons são denominados como Monarquia: onde um indivíduo governa visando o
bem de todos; Aristocracia: governo de poucos e República: o governo de muitos. Aristóteles
classifica ainda as formas de governo ruins que seriam, respectivamente, as formas degeneradas
dos bons regimes governamentais, são elas: a Tirania, Oligarquia e a Democracia no qual, para
que ocorra tal degeneração basta que o governante possuidor do poder comece a governar
almejando apenas o sucesso de seus interesses individuais quando na verdade deveria estar em
busca da Eudaimonia. Ele organizou esses regimes de forma decrescente, no qual a primeira
seria a melhor e a última a pior entre elas ficando da seguinte forma: Monarquia- AristocraciaRepública- Democracia- Oligarquia- Tirania.
Entretanto, no século XVI, diante de um cenário de grande tensão onde a península
itálica se encontrava dividida politicamente e vivia seu período renascentista, Nicolau
Maquiavel escreve sua obra “O Príncipe” sendo ela direcionada a Lourenço de Médice, até
então governante da República de Florença, afim que estabelecer condutas as quais o príncipe
deveria ter para a obtenção e permanência no poder alcançando dessa forma a unificação
italiana. Segundo Maquiavel, o principado seria a única forma de unificar a Itália, e para que o
príncipe se mantenha no poder era necessário que ele soubesse fazer uso da autoridade que
possuía, não importando assim os caminhos utilizados para exercer tal poder. É de acordo com
essa forma de pensamento que surge a famosa expressão “os fins justificam os meios”. Nesse
contexto, ele ainda afirma que o príncipe deve agir com dissimulação se preciso for, porém
ressalta também que tais ações não podem ser transparecidas à população, enquanto no capítulo
17, é questionado se o melhor para um governante seria ser temido ou amado chegando a
conclusão que mais vale ser temido uma vez que o temor as punições é constante,
diferentemente do amor que poder facilmente levar a traição.
Dessa forma, nota-se a mudança no conceito da relação Política e Poder dado que,
seguindo as ideias maquiavélicas, o príncipe exerceria a política com o principal fim de
permanecer no poder ao invés de seguir os preceitos aristotélicos de Eudaimonia e bem comum,
a função do rei agora é controlar a sociedade em um regime de governo tirano.
Já no século XVII, o inglês Thomas Hobbes que presenciava a guerra civil entre
monarquistas e parlamentaristas instaurada na Inglaterra, alegava que aqueles conflitos só
ocorriam porquê os homens não viviam através de um fundamento racional e sim teológico
tendo seu comportamento baseado no seu estado de natureza onde todos eram iguais o que
consequentemente levava ao estado de guerra. Através dessa perspectiva ele refutava a teoria
de Aristóteles
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