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Resenha Crítica de "O Senhor das Moscas"

Por:   •  24/9/2018  •  Resenha  •  1.302 Palavras (6 Páginas)  •  958 Visualizações

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O filme “Senhor das Moscas” (1990) é dirigido por Harry Hook e baseado na obra literária de mesmo título de Willian Goldin, lançado em 1954. O livro é um romance clássico inglês que se passa no período pós-guerra e retrata a história de um grupo de garotos que após sofrer um acidente ficam presos em uma ilha paradisíaca.

O filme começa mostrando os garotos em alto mar, possivelmente após um naufrágio, e o momento de chegada na ilha. As idades do grupo de garotos variam entre os 5 e os 13 anos e há apenas um adulto presente, que está machucado e inicialmente inconsciente. Ao chegar, percebe-se que dois garotos se sobressaem como líderes, Jack e Ralph. Inicialmente então, os garotos formam uma espécie de assembléia para decidir as diretrizes da sobrevivência do grupo. Ralph sugere que aquele que tenha em mãos a concha encontrada na praia pelo Porquinho, apelido de um dos garotos, tenha o direito a fala. Dessa forma, pode-se notar que a concha representa uma ideia de civilização, pois eles garantiram que a ordem fosse mantida quando escolhia um representante por vez para falar e expor suas ideias de maneira civilizada.

Durante a assembléia, o grupo elege, por meio de uma votação, Ralph como líder. Temos então a representação inicial da democracia, já que ele é escolhido através do voto da maioria e procura tomar decisões que favoreçam todos, ou seja, busca o bem comum. Ralph propõe que todos façam algo para garantir a sobrevivência na ilha enquanto o resgate não chega e designa papéis e responsabilidades para cada um. Uma das funções distribuídas é manter uma fogueira acesa constantemente como sinal de fumaça para o caso de algum navio ou avião passar próximo a eles e notar o sinal de socorro.

Tudo corria bem inicialmente, até surgir alguns problemas como falta de disciplina por parte de alguns garotos, coisas que começam a desaparecer no acampamento e a insatisfação de Ralph pois nem todos estavam cumprindo o contrato social que foi originalmente firmado entre o grupo. Surge então o questionamento de como seriam as punições para aqueles que rompessem esse contrato social. Passam mais alguns dias e acontece o episódio do helicóptero de busca que passa direto pela ilha pois a fogueira que deveria ficar constantemente acesa estava apagada pois os garotos responsáveis pela “vigia do fogo”, dentre eles Jack, estavam brincando , caçando e se divertindo ao invés de arcar com suas responsabilidades e designações.

É nesse momento que acontece uma discussão entre Jack e Ralph que acaba originando o rompimento entre os dois, pois Jack acredita que ao invés de se preocupar com essas responsabilidades, eles deveriam aproveitar a ausência dos adultos, dos pais, das regras e deveres para finalmente poder fazer aquilo que queriam e se divertirem. Assim, Jack cria um novo acampamento e leva com ele alguns dos garotos do grupo original, que assim como ele acreditavam na ausência de limites. Nesse momento, fica estabelecido um símbolo, que seria os rostos pintados que separam os garotos civilizados dos selvagens.

Nesse momento do filme, podemos notar uma referência ao teórico político Thomas Hobbes, que em sua obra “Leviatã” expõe justamente o seu ponto de vista sobre a natureza humana e a necessidade de um Estado e governo. Para Hobbes, no estado natural, mesmo que alguns homens pareçam mais fortes e mais inteligentes, nenhum está livre do medo de que outro homem lhe faça mal, pois o homem estaria movido pelo egoísmo e pela autopreservação. Se todos nós temos direito a tudo e as coisas são escassas, vai existir uma constante guerra de todos contra todos. Mas se existe um interesse em comum de se acabar com a guerra, então é firmado um contrato social, formando assim uma sociedade. Ainda de acordo com Hobbes, essa sociedade precisa de uma autoridade, uma instituição (um Estado) onde todos abrem mão de parte de sua liberdade natural visando a paz e o bem comum. O homem só poderia viver em harmonia se submetido a uma autoridade de poder centralizado e absoluto.

Ao romper com a ideia da necessidade da existência de limites, Jack entra na chamada barbárie, mostrando perfeitamente o homem em estado natural de Hobbes e temos uma representação do duelo entre a civilização (Ralph) e a barbárie (Jack). No decorrer do filme, surge a ideia da existência de um bicho habitando uma caverna da ilha. Jack, com sua premissa de caçar e matar qualquer bicho que possa ter acaba conquistando e trazendo praticamente todos os garotos para seu lado, alienados pelo medo. Enquanto Ralph representa a democracia e a civilização, pode-se dizer que Jack representaria uma tirania ou o fascismo. Dessa forma, começamos a perceber que acontece uma espécie de opressão

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