Resenha do Documentário Falcões, Garotos do Tráfico relacionado a Dádiva e Dívida

UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE DIREITO

DSP – DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA PÚBLICA

Disciplina: Antropologia do Direito I

Professora: Elizabete Albernaz

Aluna: Fernanda Farias Damasceno

A Dívida e a Dádiva na vida dos “falcões” do tráfico.

O Documentário “Falcão:  Meninos do Tráfico” aborda garotos, menores de idade, que frequentam a rotina do tráfico de drogas das comunidades carentes onde moram. O ponto central é mostrar como se dá a relação social dos jovens com aqueles que já vivem a “vida do tráfico”. No decorrer do documentário é possível observar não só os motivos que os levaram a entrar no tráfico como também o desfecho das histórias.

Logo no início do documentário, após os espectadores serem apresentados aos “falcões” e a sua definição, um jovem fala de sua relação com os policiais que fazem patrulha pela comunidade onde ele mora. Ele explica que a relação deles é viável somente por conta do “arrego” (propina) que é dado aos policiais para que o rapaz não seja morto, inclusive na vez que os pegaram dormindo no seu posto. Ao ser perguntado pelo repórter porque ele nunca foi morto pelos policiais, ele responde “Porque eles sabem que eu vou dar o dinheiro”. Nesse trecho é encenada a ideia de dívida proposta por Gluckman, onde as obrigações de ambos seria o não homicídio do outro. Esse caso aparece em outros momentos do documentário, onde os traficantes alegam dar propina para os policiais não os incomodarem nem levarem suas mercadorias.

Outro ponto importante a ser destacado é quando um dos traficantes mais velhos explicam como eles ajudam a comunidade em troca de abrigo em momentos de confronto e de sigilo. Esse fato pode ser comparado com os conceitos de reciprocidade e dádiva, propostos por Mauss. Onde a reciprocidade é a origem da formação das relações sociais entre indivíduos, e a mesma deve ser involuntária e implícita e a dádiva vem daquele que anteriormente estaria em dívida com o outro. A reciprocidade então estaria na transição, nas trocas espontâneas da relação dos traficantes e moradores.

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