Resenha Áxel Honneth
Por: amandacruzveiga • 18/11/2017 • Resenha • 3.270 Palavras (14 Páginas) • 278 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DEPARTAMENTO DE DIREITO
SOCIOLOGIA DO DIREITO – PROFESSORA LUANA RENOSTRO HEINEN
RESENHA
AMANDA DA CRUZ VEIGA
FELIPPE FRATONI DO LIVRAMENTO
FLORIANÓPOLIS
2017
Passo 1 – Leitura de averiguação
- Do que trata o texto?
O texto trata do conceito de reconhecimento e de seus diversos aspectos, desde as lutas por identidade de grupos, que ganham força na década de 1990, até o tratamento filosófico conferido a esse termo. O reconhecimento e suas transformações são analisados também nos campos histórico e moral, tendo como pressuposto a mudança de perspectiva na ordem moral da sociedade, observada pelo aumento da sensibilidade moral dos indivíduos.
A essa análise do reconhecimento se conectam as diversas implicações do termo, como a dificuldade de determina-lo frente a volatilidade de sua conotação no decorrer da história. Também são analisados os significados que o termo adquire a depender da perspectiva moral a qual se conecta. Com o intuito de afirmar sua tese central (compreensão da redistribuição como um aspecto do reconhecimento) o autor também incorpora ao texto a concepção de Hegel acerca do reconhecimento recíproco e seu papel na formação da autoconsciência e no progresso moral da sociedade, além das influências filosóficas que o levaram a elaborar essa teoria.
Em outra seção o subtema abordado é a diferença entre as três esferas do reconhecimento em Hegel (amor, legalidade e estima social) e como a transição entre elas se dá por meio de conflitos por critérios de reconhecimento cada vez mais abrangentes. Relacionado a essas esferas temos a exposição dos três tipos de desrespeito às conquistas básicas de cada espécie de reconhecimento (violação física, privação de direitos e degradação)
Finalmente, na seção final, o autor rebate as críticas de autores como Charles Taylor e Nancy Fraser, apontando os erros históricos de seus escritos e dirigindo uma crítica conceitual à teoria de Marx. Percebemos como todos esses temas se conectam para efetivar o objetivo geral do texto: propor uma interpretação mais sensível do conceito de trabalho para tornar possível conceber os problemas de redistribuição como problemas de reconhecimento.
- O que está sendo efetivamente afirmado? Quais as principais proposições do texto? Quais são os subargumentos?
Axel Honneth traz como tese principal de seu texto a ideia de que a distribuição econômica está inserida no conceito de reconhecimento, constituindo um aspecto deste. As relações sociais não podem, portanto, serem mensuradas apenas considerando a distribuição dos bens materiais entre os indivíduos. Para chegar a essa compreensão seria necessária, a partir do aumento da sensibilidade social, uma ampliação do conceito de trabalho e do que ele engloba.
Uma de suas proposições mais fortes é de que a tendência crescente a valorizar os problemas de reconhecimento não decorre de desilusões políticas, mas sim de um aumento da sensibilidade moral da sociedade. O argumento que sustenta essa ideia é histórico-filosófico: desde Hegel, o reconhecimento não ocupava o lugar central nas teorias de ética. Todas as turbulências políticas do fim do século XIX e do século XX não foram suficientes para trazer o tema à tona novamente. Foi apenas com a emergência dos movimentos sociais pela identidade de grupos, e a tomada de consciência da importância desses movimentos, que os estudos sobre reconhecimento reascenderam.
Outra proposição importante, que vai nortear a parte final do texto, é a ideia de que as críticas à concepção epistemológica da realidade da ordem moral são baseadas em equívocos. Os dois subargumentos que sustentam essa tese são: as simplificações históricas das teorias de Nancy Fraser e Charles Taylor, que concebem a história como dois períodos delimitados que não partilham características comuns; e a falta de elucidação da teoria de Marx, advinda de sua concepção limitada de trabalho.
Outras proposições menores são feitas sobre o pensamento de outros autores. Ao tratar da concepção de respeito e estima social em Hobbes e Kant, o autor afirma que esses pensadores compartilham uma visão pessimista da busca por reconhecimento, uma vez que a consideram uma ameaça à ordem social. Várias proposições desse tipo são feitas ao longo do texto. No entanto as asserções supracitadas são as norteadoras do texto e que sustentam sua tese principal.
Palavras-chave
Passo 2 – Leitura Aprofundada
- Qual é o tema principal do texto?
O tema central do texto é o reconhecimento. De forma mais específica, como devemos entender esses conflitos levando em consideração o tratamento que foi conferido ao termo “reconhecimento” ao longo da história do pensamento filosófico. Todo o texto é voltado à compreensão de que devemos enxergar os conflitos por distribuição material como parte dos conflitos por reconhecimento, operando como uma de suas várias dimensões.
- De que forma escreve o autor? Por que ele constrói sua argumentação dessa maneira?
A argumentação do autor é construída sobre a base da fundamentação teórica. Todas as suas proposições são fundamentadas na percepção de grandes autores dos séculos XVI a XIX sobre o reconhecimento ou sobre temas análogos cuja aplicação possa ser estendida para abarcar também o reconhecimento.
Ele divide o texto em quatro partes, que representam os quatro argumentos principais da tese que foi apresentada logo no início do artigo. Após desenvolver cada um desses argumentos, na última parte ele desenvolve a sua tese, com exemplos e propostas para aplica-la.
Essa construção argumentativa visa tornar o texto mais didático, e consequentemente, mais persuasivo, de forma que o leitor consiga entender o porquê de sua argumentação e consiga acompanhar o desenvolvimento do raciocínio.
- Contra quem o texto está sendo escrito?
Axel Honneth escreve esse texto com o intuito claro de se defender de críticas à sua teoria, como fica claro na última seção da obra. O autor rebate explicitamente e de maneira enfática três pensadores: Charles Taylor, Nancy Fraser e Karl Marx.
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