SÍNDROME DO SOBREVIVENTE E IMIGRANTES HAITIANOS
Por: Lais Cristina Bandeira • 25/8/2019 • Artigo • 9.866 Palavras (40 Páginas) • 196 Visualizações
SÍNDROME DO SOBREVIVENTE E IMIGRANTES HAITIANOS: xenofobia/aporofobia.
SURVIVOR'S SYNDROME AND HAITIAN IMMIGRANTS: xenophobia / aporophobia.
SÍNDROME DEL SOBREVIVENTE E INMIGRANTES HAITIANOS: xenofobia / aporofobia.
RESUMO
Este trabalho procura resgatar o conceito da síndrome do sobrevivente que encontra-se esquecida nos dias atuais, para fins de investigar se a mesma pode ou não ser a possível desencadeadora das demais doenças laborais existentes. Levando em consideração a grande leva de imigrantes haitianos que adentraram em solo brasileiro possivelmente são os principais acometidos por aquela síndrome. Muito se fala em racismo e preconceito, mas o que se busca elucidar é se não seria o caso propõe é investigar se por se encontrarem na condição de imigrantes e sobreviventes ao entrarem em solo brasileiro os haitianos não seriam vítimas de sentimentos de xenofobia/aporofobia.
Palavras-chave: síndrome, imigrantes, xenofobia.
ABSTRACT
This work seeks to rescue the concept of the survivor syndrome that is currently forgotten, in order to investigate whether or not it may be the trigger for other existing occupational diseases. Taking into account the great number of Haitian immigrants who have entered Brazilian soil, they are possibly the main ones affected by this syndrome. Much is said about racism and prejudice, but what it seeks to elucidate is if it would not be the case, it is to investigate whether because they find themselves in the condition of immigrants and survivors when entering Brazilian soil, Haitians would not be victims of feelings of xenophobia / aporophobia.
Keywords: syndrome, immigrants, xenophobia.
RESUMEN
Este trabajo busca rescatar el concepto del síndrome del sobreviviente que se ha olvidado en los días actuales, a fin de investigar si la misma puede o no ser la posible desencadenadora de las demás enfermedades laborales existentes. Teniendo en cuenta la gran carga de inmigrantes haitianos que adentraron en suelo brasileño posiblemente son los principales acometidos por ese síndrome. En el caso de los inmigrantes y sobrevivientes al entrar en suelo brasileño, los haitianos no serían víctimas de sentimientos de xenofobia / aporofobia.
Palabras clave: síndrome, inmigrantes, xenofobia.
SUMÁRIO
INTRODUÇAO; 1 O CONCEITO DA SÍNDROME DO SOBREVIVENTE; 2 IMIGRAÇÃO E A RECEPÇÃO DOS HAITIANOS EM TERRITÓRIO BRASILEIRO; 3 CASOS DE XENOFOBIA/APOROFOBIA; CONCLUSÃO; REFERÊNCIAS.
INTRODUÇÃO
Vivemos em um contexto mundializado e ampliando pela globalização – que aqui é caracterizada pelos processos de integrações regionais e transnacionais de caráter econômico que proliferaram em vários continentes – que culminou com a maximização da riqueza por um grupo reduzido de um lado e pela expansão de vulnerabilidades, como o aumento da pobreza, a exclusão social, e imigrantes (haitianos) reféns de uma ‘síndrome do sobrevivente’, de outro.
Assistimos, portanto, um retrocesso mundial no que concerne ao reconhecimento e efetivação dos direitos humanos, especialmente em nível de exploração de cidadãos de outras nacionalidades que ingressam em nosso país em busca de um nível de segurança social e econômica, que não foi garantida em sua terra de origem. Todavia, cumpre destacar que essa realidade não ocorre somente no Brasil, mas em todo o contexto globalizado, como podemos observar com a proposta de muro segregador pelo atual presidente americano, ou dos casos denunciados na Europa, especialmente pela professora Adela Cortina, na Espanha.
O Brasil, ao conceder visto humanitário aos haitianos, como resultado de um processo bem mais amplo da inserção do país no sistema migratório mundial, em que pese a forma com que o fluxo migratório ocorreu, mostrou, de um lado, que os mecanismos legais que dispõem o país não estão adaptados à nova realidade de um mundo no qual as pessoas transitam por diversas razões, sendo a mais importante a migração laboral, e, de outro, evidencia um ato estatal de solidariedade, mesmo que a concessão visasse resolver uma situação emergencial, sem ter em conta os impactos sobre as estruturas existentes, sejam físicas e/ou humanas.
Assim, preveem os reflexos da medida especialmente no âmbito social, com políticas de sensibilização de diversos setores da nossa sociedade que ainda acreditam não ser a migração internacional uma realidade que estará́ para sempre presente e com importância crescente. Tal cenário evidencia uma relação paradoxal, qual seja: acolhimento solidário por parte dos entes estatais acompanhado de repúdio social e exploração de mão de obra. Portanto, partindo da hipótese que compreende a permanência dos imigrantes haitianos no Brasil ligada a um estado que coloca tais imigrantes como refém de um contexto e, assim, evidenciando-os como vítimas da chamada síndrome do sobrevivente, e sentimentos de xenofobia/aporofobia.
Para atingir os objetivos, a pesquisa foi dividida em três capítulos. No primeiro, o objetivo reside em estudar a conceituação da síndrome do sobrevivente, abordando suas origens, conceitos, e pressupostos históricos. O segundo focou no estudo da imigração haitiana, trazendo um breve histórico do Haiti para fins de demonstrar seu rastro histórico de catástrofes ambientais e crise econômica, os possíveis desencadeadores da busca pelo sonho brasileiro, a ajuda humanitária concedida pelo Brasil. Por fim, no terceiro capítulo, a proposta aborda questões voltadas ao sentimento de xenofobia/apororofobia trazendo a diferenciação entre os termos e o porquê da sua escolha.
O aprofundamento teórico do estudo pautou-se na ampla pesquisa bibliográfica, consubstanciada nas leituras de diversas obra e artigos especializados, com destaque especial para as contribuições de Adela Cortina, entre outros. Utilizando-se do método sistêmico, preconizado por Niklas Luhmann, pretende-se descrever os diversos sistemas sociais e sua relação com o ambiente.
1 O CONCEITO DA SÍNDROME DO SOBREVIVENTE.
Para que possamos discorrer sobre esta síndrome é necessário resgatar o seu conceito. A síndrome do sobrevivente foi descrita pela primeira vez em 1976 por Lifton e Olson. Esta síndrome é também conhecida como síndrome do campo de concentração, devido aos desastres causados pelas bombas atômicas que explodiram sobre Hiroshima e Nagasaki, poucas pessoas sobreviveram deste desastre, e as que se salvaram em sua maioria se suicidaram por se sentirem culpadas pela morte de seus familiares ou porque não se achavam dignas de terem sobrevivido, vivendo assim o resto de suas vidas a procura de uma resposta[1].
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