Transplante de orgãos
Por: verasilvinha • 10/9/2015 • Trabalho acadêmico • 6.395 Palavras (26 Páginas) • 363 Visualizações
TRANSPLANTE DE ORGÃOS
Conceito: É a transferência, dentro do corpo de um mesmo indivíduo ou de um organismo para outro (em vida ou após a sua morte), de tecido (p. ex.: medula óssea) ou de um órgão ou parte dele (coração, pulmão, fígado, rim etc.) juntamente com o(s) vaso(s) que o irriga(m), a fim de compensar ou substituir uma função perdida.
HISTORIA DO TRANSPLANTE
O transplante de órgão é um procedimento hospitalar e terapêutico com a finalidade de substituir um órgão e tecidos doentes por um sadio. Este procedimento era realizado como forma de experimento, ou seja, os primeiros transplantes realizados não foram encontrados êxitos devido a rejeição que o corpo receptor tinha com o novo órgão.
O primeiro transplante realizado na existência humana se encontra em Genesis 2 versículos 21,22 ” então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. 22- Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a levou até ele”. Isto nos garante que Adão foi o primeiro doador.
Em Roma conta- se a história da primeira tentativa de preservação da vida, onde dois médicos que realizava a atividade da medicina por caridade e transplantaram uma perna de um soldado que havia falecido em guerra em um velho que teve sua perna amputada.
O termo transplante foi utilizado pela primeira vez por John Hunter (foi um cirurgião escocês.), e em 1778, relatou suas primeiras experiências com os órgãos reprodutores de animais e partir daí inicia –se uma series de tentativas de transplante que foram evoluídas para experiências em seres humanos. (FONSECA; CARVALHO, 2005).
Mas em 1954 foi realizado na cidade de Boston pelo Doutor Joseph E. Murray o primeiro transplante bem-sucedido, ele realizou um transplante de rins entre dois gêmeos idênticos no Hospital Brigham and Women. O doutor Joseph chegou à conclusão de que o transplante entre gêmeos não havia o risco de rejeição uma vez que o genoma de ambos, receptor e doador, são os mesmos.
Em 2005 foi realizado o primeiro transplante parcial do rosto, realizado em uma mulher que havia perdido, o queixo, nariz e lábios. Houve o implante de pele, gordura e vasos sanguíneos. Já em 2010 fio realizado o transplante total do rosto o qual também foi realizado com sucesso onde foi realizado um enxerto de pele, músculos, nariz, lábios, maxilar superior, dentes, ossos das maçãs do rosto e da mandíbula. Transplantes de membros como mãos e pernas também já são realidade.
TRANSPLANTE E RELIGIÃO
A religião é um dos principais motivos para a recusa para realização do transplante. Até por que este assunto é um tanto delicado de ser tratado, os avanços científicos nem sempre são vistos com bons olhos pela religião. Como por exemplo a clonagem e os embriões humanos. Este conflito inicia-se pela descrença de alguns cientistas na existência de Deus.
Em 1997 foi realizada uma pesquisa pelo historiador e jurista Edward Larson e o artista e jornalista Lerry Witham , onde se revela que cerca de 39% dos cientistas pesquisados crêem em algum deus, 45% não crêem e 15% têm dúvida ou são agnósticos, sendo que os mais novos são os líderes em ceticismo. Mário Eugênio Saturno, pesquisador do INPE, defende que a religião não detem a verdade científica e menciona ainda que até mesmo o papa vem desenvolvendo, encontros entre cientistas e religiosos para abordar a questão da religião e da ciência e menciona que “o campo da religião é o da moral e ética. Tem na fé um propósito para a vida humana. Se não houver uma ética regendo os cientistas, viveremos um caos”, e ainda seguindo diz cada um tem sua função e seu espaço a ser preenchido. Cabe à religião questionar os valores humanos e à sociedade escolher qual valor deve seguir. A religião só se torna um problema quando seus seguidores se julgam os donos da verdade e da ética” (SATURNO, 2005).
O cientista Marcelo Gleiser em seu ponto de vista diz que a religião deve se preocupar com o mundo espiritual e a ciência deve se preocupar com as descobertas do mundo, porém respeitando, a ciência e a religião, os espaços que lhes são reservados:
À medida que um número maior de fenômenos naturais passou a ser compreendido cientificamente, a religião lenta e forçosamente passou a se preocupar mais com o mundo espiritual do que com o mundo natural. Essa “divisão de águas” entre ciência e religião se deu de forma bem dramática, conforme veremos adiante. Na verdade, esse drama continua a se desenrolar ainda hoje, devido à aplicação errônea tanto de ciência em debates teológicos como de religião em debates científicos.
(...)
O debate entre ciência e religião restringe-se na maior parte das vezes à discussão de sua mútua compatibilidade: será possível que uma pessoa possa questionar o mundo cientificamente e ainda assim ser religiosa ? Acredito que a resposta é um óbvio sim, contanto que seja claro para essa pessoa que ambas não devem interferir entre si de modo errado, ou seja, que existem limites tanto para a ciência como para a religião. Cientistas não devem abusar da ciência, aplicando-a a situações claramente especulativas, e, apesar disso, sentirem-se justificados em declarar que resolveram ou que podem resolver questões de natureza teológica. Teólogos não devem interpretar textos sagrados cientificamente, porque estes não foram escritos com este objetivo”.
Atualmente muitas religiões autorizam o transplante de órgãos, desde que seja para fins de tratamento. Como por exemplo no catolicismo, como mencionou oPapa João Paulo II aos participantes do XVIII Congresso Internacional de Transplantes, realizado em Roma, em agosto de 2000:
“Os transplantes são um grande avanço da ciência a serviço do homem e não são poucas aquelas pessoas que hoje devem suas vidas a um transplante de órgãos. A técnica de transplantes tem se afirmado progressivamente como um instrumento válido para atingir o principal objetivo de toda a Medicina – servir a vida humana. Por essa razão, em minha Carta Encíclica Evangeliumm Vitae, sugeri que um modo de nutrir a genuína cultura da vida “é a doação de órgãos, realizada de um modo eticamente correto, com uma perspectiva de proporcionar a recuperação da saúde, e até mesmo da vida, a doentes que algumas vezes não têm outra esperança” (nº 86)”
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