Tribunal Virtual e a Cultura do Cancelamento.
Por: Caio Fernando Moncayo • 4/6/2023 • Relatório de pesquisa • 494 Palavras (2 Páginas) • 104 Visualizações
O Tribunal Virtual.
Há na internet quem seja contra a ideia de desconstrução social e tem dentro de si ideais enjaulados que parecem nunca terem sido modernizadas. Para lidar com esses casos, a internet se tornou uma grande justiceira e uma nova forma de justiça social surgiu: a cultura do cancelamento.
Hoje em dia, vemos diversos famosos ou influenciadores digitais serem "cancelados", ou seja, sendo excluídos da sociedade por meio de um “tribunal virtual”. Por vezes, essas pessoas cometeram algum erro banal e as medidas tomadas pelos usuários das redes sociais apresentam enorme desproporcionalidade, afetando assim suas carreiras profissionais e a convivência na sociedade.
Inobstante do erro cometido ser passível de condenação, a internet e seus usuários dotados de anonimato e leigos em relação ao funcionamento de um julgamento são incapazes de promoverem um de acordo com as esferas do que é assegurado no judiciário. As penas e sanções aplicadas pelo Direito são proporcionais, legítimas e decorrem de todo um sistema normativo e positivado. Não obstante, as penas aplicadas pelos internautas em alguns casos são excessivamente severas e desproporcionais tendo em vista que a falta de compromisso de sua parte para com a justiça, tendendo a atender suas próprias convicções e crenças, além do que, no caso de uma pena aplicada injustamente está isento de quaisquer represálias enquanto o réu virtual está sujeito ao sofrimento de penas em seu máximo rigor.
No ano de 2021, no reality show “Big Brother Brasil”, o programa transformou as redes sociais em verdadeiros tribunais virtuais. O público se uniu com o objetivo de remover a participante Karol Conká com o recorde de rejeição já ocorrida no programa. Seu cancelamento ocorreu em efeito rebote aos pequenos cancelamentos que ela aplicava como uma juíza aos outros participantes, os impondo de maneira excessiva uma pressão psicológica, como no episódio que vitimizou o participante Lucas Penteado que desistiu de participar no programa logo em seguida.
O cancelamento de Karol entretanto ultrapassou alguns limites. A rapper perdeu muitos patrocinadores e audiência em seu programa na “GNT”, colocando em jogo toda a sua carreira. Entretanto, o prejuízo não ficou só no financeiro, foram criadas diversas páginas de ódio direcionadas à sua pessoa que culminaram em várias ofensas racistas. Não há como não citar o episódio menor de idade sofreu ameaças de morte.
É inaceitável que condenações ocorram sem o apoio e respaldo da Constituição e do Sistema Judiciário. Julgamentos enquanto necessários devem ser realizados por profissionais do júri, pois seria bárbaro o exercício da Medicina por leigos e não profissionais. Além disso, representa um enorme desrespeito ao ancião Sistema Penal a existência de condenações na esfera virtual. Casos como o supracitado demonstram o desbalanceado poder nas mãos dos formadores de opiniões munidos de seus celulares e computadores, tendo esses o poder de acabar com vidas públicas. Permitir casos assim seria um retrocesso como sociedade aos tempos da Antiguidade Grega em que pessoas eram julgadas em praças públicas.
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