A Cultura do Cancelamento
Por: Nethele • 6/4/2022 • Ensaio • 334 Palavras (2 Páginas) • 86 Visualizações
Segundo o filósofo grego Aristóteles, o terror e a intimidação eram mecanismos utilizados pelos tiranos para conquistar o poder na Grécia antiga. Já na contemporaneidade, tal método se assemelha ao utilizado pelos internautas com a promoção da cultura do cancelamento nas redes, que se manifesta como uma tentativa de correção de comportamentos. Apesar disso, por conta do individualismo e da falta de diálogo na sociedade, o cancelamento se mostra como uma conduta falha, visto que, não permite a evolução do indivíduo diante o erro, e precisa, portanto, ser corrigida.
Em primeira instância, cabe analisar como as relações sociais estão cada vez mais egoístas. Na obra “Modernidade Líquida”, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman afirma que as ligações pessoais são frágeis, o que torna o corpo social fragmentado à medida que são expostas as divergências de opiniões. Nesse contexto, o instinto de “cancelar”, simplesmente por causa de discordâncias, promove um distanciamento entre as pessoas, impedindo que as partes discutam de forma saudável e cheguem a um acordo benéfico para ambas.
Além disso, essa cultura representa um entrave no amadurecimento da pessoa julgada. Por vezes, a abordagem violenta pelos canceladores reprime o acusado e da a ilusão de que os erros são inaceitáveis, analogamente à realidade apresentada pelo filósofo Guy Debord ao descrever a sociedade do espetáculo, na qual as aparências devem ser moldadas ao máximo para que o ideal de perfeição seja atingido. Nessa perspectiva, atitudes com o objetivo de punir inibem a liberdade de expressão, privando os civis da oportunidade de evolução.
Dessa forma, é imprescindível que sejam tomadas medidas efetivas para mitigar os efeitos nocivos da cultura do cancelamento de forma democrática. Assim, é necessário que o Ministério da Educação e Cultura (MEC), em parceria com criadores de conteúdo digital, faça postagens com ampla divulgação acerca da importância do diálogo civilizado na internet, por meio das redes sociais, objetivando informar e educar os usuários, diminuindo, então, os impactos negativos do fenômeno em questão. Espera-se, com isso, que a tirania não seja mais um problema no âmbito virtual.
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