A Critica do Sraffa
Por: Ricardo Siqueira De Oliveira Junior • 12/9/2019 • Tese • 1.116 Palavras (5 Páginas) • 343 Visualizações
Crítica do Sraffa:
Sraffa debate os fundamentos e premissas do modelo geral Neoclássico de Marshall. Sua crítica divide-se em interna e externa, pois ele debate tanto o modelo Neoclássico de Marshall aceitando suas premissas discutindo em seu cerco teórico (Núcleo duro da teoria), quanto fazendo um paralelo com a realidade caracterizando-se como crítica externa (Positiva).
Sraffa em sua crítica refere-se as duas leis de rendimentos, “Rendimentos Crescentes” e “Rendimentos Decrescentes”, contesta o funcionamento dessas leis na teoria neoclássica.
Para fundamentar o funcionamento da tesoura Marshalliana (Oferta X Demanda), houve uma manipulação das leis (Artimanha Analítica). Para entendermos a crítica, voltemos às leis originais (Clássicas):
Ricardo deriva a lei de rendimentos marginais decrescentes a partir de um estudo da agricultura, analisando a produtividade marginal da terra, dentro do âmbito da distribuição. Na qual tal a teoria é desenvolvida para fundamentar sua teoria de distribuição funcional da renda entre salário, lucro e renda da terra, para que fosse possível distribuir o excedente entre lucro e renda da terra, com salário dado pelo nível de subsistência. Tendo em vista o objetivo maior de obter a taxa de lucro, que pela lei da concorrência perfeita é uniforme, e seu objeto de estudo foi a agricultura, que dada a inexistência de capital e a premissa de que a produção se expandindo para terras cada vez menos férteis, e sendo na fronteira agrícola, onde a terra é menos fértil, a terra é um bem livre, portanto não se cobra taxas para o uso da terra, a renda da terra é igual a zero. O excedente é completamente apropriado como forma de lucro, assim obtém-se a taxa de lucro, por consequência a taxa de lucro geral do sistema.
Smith deriva a lei dos rendimentos marginais crescentes a partir de um estudo da produtividade do trabalho, e seu efeito sobre o incremento da riqueza. A partir da divisão do trabalho que se manifesta a partir dá propensão dos homens a trocar, causa um incremento da dimensão do mercado, que gera especialização do trabalho que junto ao capital acaba por gerar o aumento da riqueza, ou seja, os rendimentos crescentes estão no âmbito da produção, a acumulação do capital e a divisão do trabalho fazem com que a produtividade do trabalho aumente. Em outros termos, diminui-se o custo unitário do bem produzido, assumem-se custos decrescentes, as conhecidas economias de escala. Economias internas a firma em questão, algo inaceitável para Marshall, completamente incompatível com a premissa neoclássica, pois Marshall precisa de uma curva de custo crescente para ser possível fundamentar a Tesoura Marshalliana. Marshall constata essa incoerência e transforma tais leis para que sejam coerentes a teoria e tornar possível fundamentar a Tesoura Marshalliana.
A lei dos rendimentos marginais decrescente sofre uma transformação sútil, caracterizada por uma generalização, ao invés manter-se referindo-se a uma característica técnica da terra, foi generalizada para todos os fatores de produção, quando um fator é fixo e outro é variável, sendo estes: Terra, Capital e Trabalho. Sendo assim, o produtor pode alcançar um momento onde fica impelido de produzir, quando a lei de rendimentos decrescente entra em rigor.
Por outro lado, a lei dos rendimentos marginais crescentes sofre uma grande transformação, pois o formato da curva de CME (Custo Médio) de acordo com Smith, é completamente incompatível com a teoria de Marshall, pois se aceitarmos a Divisão do Trabalho e suas decorrências, que seriam o decrescimento do custo unitário, ou seja, economias internas a firma, não é possível obter o equilíbrio estável entre o cruzamento das curvas de oferta e demanda. Portanto, durante a transformação, a divisão do trabalho teve de ser desconsiderada, por conta da incoerência advindas das consequências da Divisão do Trabalho com a estrutura da Tesoura Marshalliana. Então se o rendimento crescente não pode ser explicado por fatores internos a firma, tinha que ser explicado por fatores externos a firma. Com isso, para Marshall o rendimento crescente advém de uma externalidade do setor vigente, em outras palavras, advém de uma vantagem absorvida pela firma por consequência de um crescimento do setor. Que por via de uma representação gráfica, resultaria em um deslocamento da curva, pois a um mesmo nível de produção obtém-se tem custo reduzido.
...