A Economia cafeeira agroexportadora
Por: Guilherme Mota • 17/8/2018 • Trabalho acadêmico • 1.457 Palavras (6 Páginas) • 289 Visualizações
Desenvolva porque o avanço da Economia Cafeeira para o interior paulista (oeste paulista), principalmente a partir da década de 1870, é um dos principais fatores explicativos para a aceleração do desenvolvimento capitalista e para a concentração do desenvolvimento industrial em São Paulo (capital e estado)
A economia cafeeira agroexportadora, no inicio teve a sua base produtiva localizada nas proximidades do Rio de janeiro, capital do país na época, e pode ser considerada a primeira economia nacional. A afirmação do café como primeira economia nacional não se deve apenas ao fato dessa ter alcançado destaque após a Independência do Brasil, mas sobretudo pelo fato de a mesma ter se originado de capitais acumulados internamente durante o período colonial, onde, segundo alguns estudiosos , significativas fazendas de café teriam sido organizadas com capitais transferidos diretamente do setor mercantil (tráfico de escravos, comércio de mulas,etc).
A entrada do café brasileiro no mercado europeu aqueceu ainda mais a demanda pelo produto, que passou a ser consumido cada vez mais. Essa alta demanda explica a fixação da produção do café nas proximidades do Rio de Janeiro e sua expansão pelo interior fluminense, até o Vale do Paraíba paulista. A produção cafeeira concentrada nessas localidades não foi capaz de alterar as características socioeconômicas do país. Apesar de ser iniciativa de uma “nova classe empresarial brasileira”, essa atividade reproduziu características típicas da colônia: latifúndio e escravismo.
A partir, principalmente, da década de 1850, a economia cafeeira avança em direção ao oeste paulista. A entrada do café nessa região coincide com a ocorrência de várias transformações que estiveram na base da constituição de um núcleo capitalista no Brasil. Dentre essas transformações estão as promulgações da Lei de Proibição do Tráfico de Escravos (Lei Eusébio de Queiroz) e da Lei de Terras, que estabelecia a compra como a única forma de acesso à terra e abolia, em definitivo, o regime de sesmarias. Essas leis, que estavam diretamente relacionadas, explicitam a crise do escravismo no Brasil, onde, devido a uma elevada taxa negativa de crescimento - jornada exaustiva, alimentação, condição de habitação e higiene precárias dizimavam os escravos -, havia falta de braços para trabalhar na lavoura do café. Além disso, o escravismo colocava limites para a expansão da produção em locais distantes do Porto de Santos, visto que o transporte era baseado no uso de escravos e de tração animal. A utilização de escravos no transporte de café agravava ainda mais a situação da falta crônica de mão de obra nas lavouras, além de que, devido ao longo tempo de viagem passando por lugares com alta pluviosidade, seria natural uma perda substancial de qualidade do café.
A introdução da ferrovia e de equipamentos mecanizados para a secagem e beneficiamento de café surgiram para minimizar os problemas anteriormente mencionados. Permitiram poupar o trabalho escravo, a ampliação da velocidade de transporte e, principalmente, a redução do custo do transporte, chegando a ser até 6 vezes inferior se comparado ao das tropas de mulas. Além disso, a secagem de grãos fez com que melhorasse a qualidade do produto que chegava ao porto de Santos, permitindo a cobrança de um preço maior do que o cobrado anteriormente.
Entretanto, o fator decisivo para a expansão da economia cafeeira em moldes capitalistas foi a introdução do trabalho livre, via forte fluxo migratório de trabalhadores europeus, incentivada pelo Estado em 1870. A imigração em massa, associada à Lei de Terras, permitiu a criação de um mercado de trabalho livre abundante. Isso, além de assegurar a oferta de mão de obra necessária para a expansão da cafeicultura, permitiu um arrocho na remuneração da força de trabalho e, dessa forma, a ampliação do excedente econômico apropriado pela burguesia cafeicultora.
No começo, essa iniciativa demonstrou-se limitada pois os imigrantes eram enviados a núcleos coloniais de pequenas propriedades, distantes da região dinâmica do café. Após grande queixa e mobilização dos cafeicultores, houve a construção de uma hospedaria de imigrantes no bairro do Brás, localizada naquele momento em uma parte afastada da capital. Lá os imigrantes ficavam isolados e só saiam assim que recebessem a requisição dos fazendeiros para trabalhar na lavoura. Após a assinatura do contrato, as famílias imigrantes embarcavam, na própria estação da hospedaria, rumo às fazendas de café.
Entretanto, nem todos os imigrantes europeus vieram com o intuito de trabalhar nas lavouras. Alguns deles já possuíam técnicas manufatureiras e conhecimentos em atividades comerciais, ou, até mesmo, algum capital. Geralmente, aqueles que já dispunham de capital inicial eram recrutados como representantes locais de empresas comerciais ou indústrias de seus países de origem e passaram a desenvolver atividades ligadas à importação. Alguns desses imigrantes se tornaram grandes industriais paulistas no início do século XX.
Todas as transformações citadas até agora, como: criação de um farto mercado de trabalho, e por conseguinte, diminuição do dispêndio dos fazendeiros com remuneração, introdução de ferrovias, diminuindo o tempo e o custo das viagens, a mecanização do café, tornando-o mais caro em razão do aumento de qualidade e o incentivo governamental a favor da imigração , onde os cafeicultores não arcavam com nada, serviram para um propósito particular: a acumulação intensa de capital pelos cafeicultores. Diante dessa acumulação, passaram a diversificar seus investimentos em terras, atividades urbanas , ferrovias, bancos e indústrias. Nesse processo, surge uma burguesia cafeeira com mentalidade empreendedora.
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