A Evolução do Pensamento Econômico: Teorias Tradicionais de Crescimento em Perspectiva
Por: raphael rocha lima • 4/10/2023 • Ensaio • 5.380 Palavras (22 Páginas) • 81 Visualizações
A Evolução do Pensamento Econômico: Teorias Tradicionais de Crescimento em Perspectiva.
Raphael Rocha Lima
Resumo
Este ensaio examina a relevância contínua das teorias tradicionais de crescimento econômico no mainstream da economia. Ao analisar suas bases fundamentais, contribuições históricas e enfrentamento de críticas, bem como o surgimento de novos desafios econômicos, questiona-se se tais teorias ainda ocupam um papel central no pensamento econômico contemporâneo. Através de exemplos práticos e considerações sobre o papel das instituições, conclui-se que a evolução do pensamento econômico requer uma abertura para novas perspectivas, a fim de enfrentar os desafios atuais e promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
1 - Introdução:
O crescimento econômico sempre foi um dos principais objetivos das nações, buscando melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos e alcançar a prosperidade. Para tanto, ao longo do tempo, diversas teorias de crescimento econômico foram desenvolvidas e adotadas como fundamentos para as políticas econômicas (Barro & Sala-i-Martin, 1995, Apud Costa, 2007). Essas teorias tradicionais, que por muito tempo dominaram o pensamento econômico no mainstream, forneceram uma base sólida para a formulação de estratégias de desenvolvimento.
Na busca por um crescimento sustentável, a importância dessas teorias se intensificou ainda mais a partir dos anos 1940. Esse aumento de relevância foi impulsionado pelas inquietações geradas por uma série de crises econômicas. Um evento particular que recebeu grande ênfase foi a crise financeira de 1929. Esse episódio revelou de forma contundente que a mera presença de mercados livres com intervenção estatal limitada não era adequada para garantir um crescimento sustentável. Essa constatação contradisse as crenças mantidas pelos economistas clássicos. (Acordi,2015, pag 13).
Contudo, a dinâmica econômica global está em constante evolução, e novos desafios e tendências emergentes estão moldando a forma como enxergamos e buscamos o crescimento. Como resultado, nos perguntamos se as teorias tradicionais de crescimento econômico estão perdendo sua popularidade no cenário atual da economia. Essa reflexão sobre a relevância das teorias tradicionais nos leva a considerar como a interação entre as teorias clássicas e as novas realidades econômicas está influenciando a abordagem das nações em relação ao desenvolvimento
Este ensaio tem como objetivo explorar esse cenário em evolução e analisar se as teorias tradicionais de crescimento econômico ainda desempenham um papel central no pensamento econômico contemporâneo. Para tanto, examinaremos os fundamentos dessas teorias e as críticas que têm enfrentado e os desafios emergentes que podem estar impulsionando a busca por novas perspectivas econômicas.
Ao refletir sobre o papel dessas teorias na tomada de decisões econômicas e examinar o contexto atual do pensamento econômico, pretendemos compreender melhor se elas continuam a ser relevantes ou se a economia está caminhando para uma mudança de paradigma. O objetivo final é fornecer uma visão geral abrangente sobre a evolução do pensamento econômico, destacando a importância de adaptar nossas abordagens diante das complexidades e desafios do mundo contemporâneo.
2 - Fundamentos das Teorias Tradicionais de Crescimento Econômico.
Dentro do contexto dos Fundamentos das Teorias Tradicionais de Crescimento Econômico, é possível traçar uma linha de pensamento que se inicia com John Maynard Keynes em 1936. Sua teoria geral, fundamentada no Princípio da Demanda Efetiva, proporcionou uma estrutura para compreender o nível de atividade nas economias de produção monetária. Embora o foco de Keynes não tenha sido prioritariamente nas questões de crescimento e distribuição, é importante salientar que ele reconheceu, em sua teoria, que a transferência de renda dos assalariados teria efeitos moderadores na propensão ao consumo, o que por sua vez afetaria a demanda agregada, a produção e o emprego. Neste âmbito, Keynes destacou que "falhas marcantes da sociedade econômica em que vivemos são sua incapacidade de prover pleno emprego e sua distribuição arbitrária e desigual de riqueza e renda" (Keynes 1936, p. 372, apud Hein, capítulo 2).
Paralelamente às suas contribuições, Keynes também expressou uma análise crítica das deficiências evidentes da sociedade econômica de sua época, ressaltando a incapacidade de alcançar pleno emprego e a distribuição injusta de riqueza e renda. Apesar de embasar sua análise de renda na teoria neoclássica, Keynes abordou também as bases fundamentais da economia, demonstrando uma perspectiva abrangente (Hein, 2014, capítulo 2).Dentro desse contexto, as palavras de Keynes ressoam:
Se considerarmos que o volume de produção é dado, isto é, determinado por forças que não se enquadram na visão clássica, então não há objeção à análise clássica sobre como o interesse próprio determinará o que é produzido, como os fatores de produção serão combinados para fazê-lo e como o valor do produto final será distribuído entre eles” (Keynes 1936, pp. 378–379, apud Hein, 2014, capítulo 2).
A expansão desse pensamento se reflete em 1946, quando Domar introduz a obra "Expansão de Capital, Taxa de Crescimento e Emprego", na qual propõe uma abordagem para contornar as limitações de curto prazo do pensamento keynesiano. Seu objetivo era estabelecer condições que viabilizassem um crescimento equilibrado, mantendo uma taxa constante de utilização crescente da capacidade de produção ao longo do tempo. Domar reforça essa perspectiva ao apontar que "Como o investimento no sistema keynesiano é apenas um instrumento para gerar renda, o sistema não leva em conta o fato extremamente essencial, elementar e bem conhecido de que o investimento também aumenta a produtividade e a capacidade (Domar 1946, p. 139, apud Hein, 2014, capítulo 2).”
Essa perspectiva é ressaltada por Domar quando ele observa que "Como o investimento no sistema keynesiano é apenas um instrumento para gerar renda, o sistema não leva em conta o fato extremamente essencial, elementar e bem conhecido de que o investimento também aumenta a produtividade e a capacidade (Domar 1946, p. 139, apud Hein, 2014, cap 2).”
A compreensão desses fundamentos lança luz sobre as bases iniciais das Teorias Tradicionais de Crescimento Econômico, abrindo espaço para a exploração das perspectivas de modelos de crescimento Harrod-domar, Solow e Kaldor que contribuíram para a evolução desse campo de estudo.
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