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A Formação Econômica do Brasil – Celso Furtado

Por:   •  30/11/2016  •  Trabalho acadêmico  •  3.206 Palavras (13 Páginas)  •  508 Visualizações

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Nome: Juliana Conte Santana

Formação Econômica do Brasil – Celso Furtado

Celso Furtado usa o primeiro capítulo de seu livro “Formação Econômica do Brasil” para explicar a dinâmica do início da ocupação da América. Ele é certeiro ao afirmar que essa ocupação não se trata de pressão demográfica ou movimento de povos, e sim por razão da expansão comercial. Inicialmente, a América não pareceu interessante, visto que ela foi deixada em segundo plano por algum tempo, pelo menos aos portugueses. Esse desinteresse foi transformado em interesse quando os espanhóis encontraram ouro e metais preciosos. A Europa entra em frenesi.

Em uma parte do texto, Celso foi muito feliz em colocar que o ouro acumulado pelas velhas civilizações mexicanas e do altiplano andino é a razão de ser da América. A ânsia europeia para com os metais preciosos fez com que Portugal e Espanha se vissem obrigados a proteger seus territórios na América a todo custo.

        Celso Furtado diz que Portugal e Espanha adotaram estratégias diferentes e por causa de toda pressão política nos dois países ibéricos, eles se viram obrigados a ocupar permanentemente seus territórios. Porém, diferente dos territórios ocupados pela Espanha, os ocupados por Portugal não estavam dando retorno financeiro através de metais preciosos para financiar essa ocupação. Assim, Furtado diz que o “combustível” de Portugal na busca por alternativas que viabilizasse financeiramente a ocupação das terras brasileiras era a miragem do ouro que existia no interior dessas terras.

        A saída foi investir na agricultura. Furtado diz que, no início, a exploração agrícola americana parecia inviável, nenhum produto agrícola era comercializado em larga escala na Europa, o principal produto da terra era considerado abundante no continente europeu, o frete era caro pela insegurança do transporte. Enfim, a saída agrícola portuguesa de início parecia impossível. Porém, Celso Furtado diz que, caso os esforços portugueses não tivessem sido bem sucedidos, dificilmente Portugal teria conseguido se manter como grande potência colonial na América.

        E porque, apesar de todos os fatores parecerem inviabilizar a exploração agrícola na América, Portugal obteve êxito?

        Furtado usa segundo capítulo da primeira parte de seu livro para explicar o porquê de Portugal se sair bem sucedido. Ele diz que, apesar de todos os fatores internacionais conspirarem contra, um conjunto de fatores favoráveis tornou esse êxito possível.

        O país Ibérico já havia iniciado há algum tempo atrás a produção nas ilhas do Atlântico de uma das especiarias mais apreciadas no mercado europeu: o açúcar. Para Celso Furtado essa experiência foi essencial para Portugal conseguir esse êxito. Isso porque a experiência prévia possibilitou ao país um entendimento maior sobre a produção do bem, todo conhecimento e máquinas necessárias para que o setor desse certo. Para ele, sem essa experiência a chance da exploração agrícola desse certo era mínima.

        Mas esse não foi o único fator, tampouco a experiência nas ilhas do atlântico, sozinha, teria feito Portugal obter o sucesso na tarefa de transformar o Brasil na primeira empresa colonial agrícola eurpoeia, para Furtado.

        Outro fator importante para o êxito, para ele, fora a ajuda dos flamengos no comércio. Furtado diz que a ida do produto produzido no Brasil para Europa acabou com o monopólio de Veneza na produção do açúcar. O açúcar era enviado para os portos dos flanders, que refinavam e comercializavam pela Europa.

        Os holandeses em especial tiveram uma participação um pouco mais importante, parte do capital requerido pela produção açucareira veio dos holandeses. Segundo o escritor, o capital flamingo financiou desde instalações produtivas no Brasil até a importação de mão de obra escrava. E ele é enfático ao afirmar que, depois que a viabilidade do processo foi demonstrada, o financiamento da expansão não era mais algo a preocupar Portugal.

        Mesmo com os fatores anteriormente exposto, para Furtado, não bastava para transformar o Brasil na grande zona agrícola e tornar viável a produção. Havia um problema grande a ser resolvido: a mão de obra.

        Exportar mão de obra europeia seria impossível, uma vez que seria necessário o pagamento de salários maiores que os europeus. Exportar mão de obra portuguesa também, uma vez que o país passava por uma grave escassez de mão de obra. Por causa da experiência prévia portuguesa no mercado africano de escravos, o país ibérico já havia domínio do lucrativo escambo. E, com os recursos suficientes, a ampliação da exportação da barata mão de obra africana se tornaria possível. E, Celso Furtado afirma que, sem ela, a economia agrícola brasileira seria inviável.

        Assim, fica claro para Celso, que apenas o conjunto dos fatores fez com que o Brasil pudesse se tornar um case de sucesso para Portugal. Ele afirma que os portugueses resolveram cada um dos problemas que apareceram no timing certo. E que o forte desejo e empenho português de manter as terras na América também foram importantes.  

O terceiro capítulo da primeira parte do livro de Celso Furtado “Formação Econômica do Brasil” é destinado a explicar o porquê do “fracasso” das colônias espanholas. Fracasso por causa das consequências trazidas pelos metais preciosos para a Espanha.

Para Celso as colônias espanholas tinham absolutamente tudo pra dar certo. Porém não foi isso que aconteceu. A Espanha se concentrou na extração dos metais preciosos, o poder econômico do Estado cresceu absurdamente, e o inflou na mesma proporção provocando uma inflação que em pouco tempo se traduziu em um déficit na balança comercial que, inclusive, chegou a se propagar pela Europa como uma onda. Os espanhóis tinham produzir e de exportar, segundo Celso, enquanto isso as importações só cresciam. Isso, segundo ele, ocorreu, pois a o número de pessoas economicamente inativas deu salto que explicado, para ele, por elas estarem sendo subsidiadas direta ou indiretamente pelo Estado.

A crise no país se desenrolou nas colônias, para o escritor. A América espanhola foi duramente prejudicada. Nenhuma atividade produtiva conseguiu obter êxito. Ele afirma que o retrocesso da economia espanhola prejudicou duramente a exportação de manufaturas americanas e de um vínculo econômico mais profundo.

Furtado deixa muito claro, como dito anteriormente, que as colônias espanholas tinham tudo pra dar certo e, caso tivessem dado, fatalmente criariam muitas dificuldades para Portugal obter seu êxito no Brasil. A Espanha tinha tudo em suas colônias para fazer com que o açúcar trouxesse ao país um êxito bem maior, possuía mão de obra barata nas suas colônias (a indígena), terras de ainda melhor qualidade e todo poder econômico que precisasse. Para ele, a Espanha teve chance de dominar o mercado de produtos tropicais. Segundo o escritor, isso não aconteceu por causa justamente da decadência econômica espanhola.

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