A Formação do Brasil Contemporâneo
Por: Amanda Ferreira • 12/10/2020 • Resenha • 924 Palavras (4 Páginas) • 605 Visualizações
Prado Júnior., Caio: Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Companhia da Letras. 2011.
Resenha: Caio Prado Jr - Mineração e Produção Extrativa.
A economia de mineração emergida no Brasil após a decadência da agricultura açucareira possuiu uma dinâmica produtiva e social bastante diferente do antigo ciclo econômico. A introdução geográfica do planalto central na atividade econômica se caracterizou como o início do processo de integração da unidade nacional. A maior mobilidade social entre colonos, e até escravos, aparecem como diferenças notórias entre as duas economias, em conjunto com o maior emprego de mão de obra livre, em contraponto com o enorme contingente de escravos existentes na economia do açúcar. Entretanto, essas características da economia mineira não foram suficientes para perdurar o sistema por longo tempo, tendo perdurado entre o século XVII e XVIII, alcançando a ruína completa no século XIX.
Nesse contexto, de decadência da economia mineira, o historiador e escritor Caio Prado Júnior observa aspectos da economia de mineração em seu livro Formação do Brasil Contemporâneo, e aborda alguns motivos que levaram a ruína da mineração. Ademais, o autor aborda as atividades extrativas provenientes da região Norte do Brasil, em especial o Amazonas, que possibilitaram o estabelecimento social nessa região. Analisando a mão de obra empregada e as características da atividade extrativa, Caio Prado discorre sobre a consolidação social e econômica de uma província completamente desconectada com o resto da colônia.
O autor dá início a análise observando que as duas economias, açucareira e mineração, possuem, apesar de terem organizações distintas, o mesmo caráter econômico, a exportação para a metrópole dos produtos produzidos e extraídos na colonia. Esse caráter ocorre em detrimentos das necessidades sociais do Brasil, a vasta empresa colonial não consegue suprir os colonos na relação básica de subsistência, pois se empenha a transferir a metrópole grande parte de sua produção e possui dentro do próprio sistema colonizador mecanismos que impedem o avanço econômico e industrial.
Prado (2011), discorre acerca da decadência da economia mineira, e expõe fatores naturais e eventos econômicos e políticos que em conjunto culminaram para o declínio da atividade mineradora. Os entraves naturais, expõe o autor, diz respeito a escassez dos metais de fácil extração. A exploração mineradora contava com técnicas rudimentares, que foram incapazes de explorar profundamente os metais encobertos com rochas matrizes. Quando o ouro e as pedras preciosas de fácil extração acabaram, não haviam técnicas sofisticadas muito menos recursos disponíveis para a exploração das camadas mais profundas dos rios. Desse modo, a perduração da atividade se deu devido a extensa área aurífera brasileira.
Os fatores políticos e econômicos causaram, segundo o autor, enorme impacto negativo na economia mineira. Segundo Prado (2011), o regime fiscal e as regras de exploração e produção implementada pela metrópole possuíam bastante rigor e forma propícias a não continuação da economia. A imposição do Quinto, imposto pago a coroa portuguesa, as duras regras de distribuição das Datas para exploração e as autoridades fiscalizadoras, completamente desligadas das necessidades coloniais e atendiam apenas a metrópole, compunham fatores políticos e econômicos que ajudaram a minar a economia de mineração.
Ademais, a alta burocracia existente, a grande desorganização, o desinteresse dos órgãos reais em dar assistência aos colonos, pois visavam apenas o lucro da coroa, coadunaram para o processo de decadência. Tais fatores levaram a ruína da economia mineira, que se verificou como sendo um processo irreversível mesmo a coroa portuguesa tendo dispendido esforços, pouco e tardio, a fim de reverter a situação decadente.
Outra atividade extrativa, afora o ouro e o diamante, se estabeleceu no Brasil, mais especificamente na região Norte do país. De acordo com Prado (2011), a atividade extrativa que se consolidou na região da Bacia Amazônica possuía um caráter além da exploração como consolidação de riqueza, era, sobretudo, base para a consolidação e reprodução social dos colonos que se instalaram. Ao contrário das demais províncias, estruturadas em razão da exportação para a metrópole, a região do Alto Amazonas possuía caracteres únicos, sociais e econômicos. Os gêneros naturais, como madeira, peixes, cacau, castanha, entre outros, possibilitaram a ocupação da Bacia por colonos e missionários.
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