A Transformação da Propriedade Fundiária na Inglaterra
Por: Andreo Viana • 15/5/2018 • Artigo • 1.328 Palavras (6 Páginas) • 800 Visualizações
3.1 – A Transformação da Propriedade Fundiária na Inglaterra
“A crise do século XIV acelerou algumas mudanças iniciadas anteriormente em várias partes da Europa Ocidental. [...] a substituição de uma obrigação [...] a chamada corveia.”(p.92)
“A condição para que essa mudança ocorresse era alguns graus de expansão do comércio e da circulação monetária que possibilitasse um pagamento em dinheiro no lugar da obrigação em trabalho.”(p.92)
“Na verdade, estas considerações de ordem econômica nem sempre estiveram presentes na comutação da corveia por uma obrigação em dinheiro. Talvez a comutação tenha sido mais frequentemente concedida em meio a conflitos agudos entre senhores e servos.”(p.93)
“De qualquer modo, é certo que a tendência, numa perspectiva secular, foi a da progressiva substituição da corveia por pagamento em dinheiro.”(p.93)
“[...] ela introduzia nas relações entre senhores e servos alguns dados novos. Por um lado, ao trabalhar exclusivamente em sua própria terra, o camponês tinha maior estimulo – e também mais tempo – para dedicar-se com afinco ao cultivo, aumentando sua produtividade.”(p.93)
“Esta transformação na forma de exploração da terra não implicou, de imediato, qualquer mudança radical na propriedade fundiária.”(p.93)
“No entanto, essas mudanças, e os fatores que as induziram, tenderam a pressionar por mudanças mais amplas na estrutura fundiária.”(p.93)
“No entanto, a crescente mercantilização do produto agrícola criou uma forte pressão para a transformação da estrutura fundiária com a radical mudança dos direitos associados à estrutura herdada da época feudal. O marco clássico dessa mudança foi o conhecido processo de cercamentos iniciado na Inglaterra no século XVI.”(p.94)
“[...] surgiram pressões da parte dos maiores proprietários – senhores do domínio – e mesmo de arrendatários mais ricos no sentido de alterar a distribuição da terra no domínio. O termo “cercamento” indica o aspecto físico dessa transformação.”(p.95)
“Cabe lembrar que, em sua primeira fase, no século XVI, os cercamentos, destinados acriação de ovelhas, foram feitos por mecanismos privados.”(.95)
“Como o cercamento era um processo privado em que o poder de pressão dos mais fortes tinha grande eficácia, os camponeses mais pobres, na consolidação de seus lotes, tenderam a ficar com as terras menos férteis, [...] Além disso, o custo de cercamento era dividido compulsoriamente entre todos os “proprietários” do domínio. Desse modo, aos mais pobres se impunha também esse custo. [...] Muitos camponeses de poucos recursos endividaram-se para pagar o custo do cercamento e não obtiveram, do cultivo em terras pouco propícias à agricultura, o suficiente para saldar sua dívida. Assim, foram obrigados a vender sua terra. Além disso, aqueles que não tinham lote, mas que viviam nas terras comuns [...] foram expulsos do domínio [...] Ou seja, os cercamentos realizados com objetivo de construir pastos para ovelhas, acabaram por retirar os meios de subsistência de uma parcela da população inglesa do século XVI.”(p.96)
“[...] pelo fato dessas terras terem sidos destinadas a pastos, com reduzida necessidade de mão de obra, seu impacto em termo de população destituída foi bastante forte.”(p.96)
“O processo de cercamentos arrefeceu no século XVII, porém teve outra forte onda no século XVIII, onda essa que praticamente concluiu a mudança da estrutura fundiária na Inglaterra.”(p.96)
“Porém a mudança da estrutura fundiária teve outro impacto importante sobre a evolução da antiga indústria.”(p.98)
3.2 – As Transformações da Produção Industrial
“[...] a transformação da matéria-prima em artigos manufaturados – existiu mesmo na época em que a economia feudal foi mais fechada; porém ela fazia parte das atividades do próprio domínio feudal. [...] O renascimento do comércio deu novo ânimo à atividade industrial que foi se concentrando nos aglomerados urbanos em formação e organizando-se de forma bastante peculiar: o chamado artesanato corporativo, ”(p.96)
“O artesanato corresponde a uma forma da atividade industrial em que o trabalho é exercido manualmente: as ferramentas de trabalho são empunhadas pelo trabalhador. [...] O trabalhador está no centro do processo produtivo.”(p.96)
“O caráter corporativo dizia respeito à forma de organização da atividade artesanal. Embora as oficinas fossem individuais – na maior parte das vezes na própria habitação do artesão – havia uma organização coletiva para cada oficio urbano, [...] Desse modo, para cada oficio havia uma corporação que regulava o número de oficinas da cidade ao definir as condições para que um artesão se tornasse “mestre” do oficio e pudesse ser proprietário de uma oficina.” (p.96)
“[...] a estrutura corporativa aparecia como um obstáculo à expansão do produto [...] Desse modo, o comerciante procurou burlar as restrições corporativas instalando artesãos no campo. Isso ocorreu principalmente na indústria têxtil, pois o comercio internacional de tecidos era mais desenvolvido época. [...] Por outro lado, no campo havia uma estrutura social bastante adequada para absorver a atividade industrial:”(p.99)
“Como se tratava de produção no campo, à atividade artesanal se associava, em maior ou menor grau, a atividade agrícola. Em alguns casos, o artesanato podia ser apenas um complemento da produção agrícola.”(p.99)
“A indústria doméstica rural, que observou com frequência a perda de independência dos artesãos, também verificou o caso oposto em que um artesão enriqueceu e passou a comerciar, podendo inclusive controlar a produção de outros artesãos.”(p.101)
“[...]a partir da história da indústria têxtil de lã da Inglaterra, se aplica, em ritmo distinto, para outros ramos da indústria inglesa. É certo que em alguns já prevalece, desde o século XVI, a grande empresa – caracterizada como manufatura ou até mesmo com técnica mais complexa: [...] Assim, a manufatura de ser vista como uma forma de transição entre o artesanato e a indústria mecanizada.”(p.102)
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