Apostila Economia Brasileira - Profa Luciana Girão de Vilhena
Por: Luciana Vilhena • 10/7/2019 • Resenha • 7.585 Palavras (31 Páginas) • 317 Visualizações
PONTO 1: CONTABILIDADE NACIONAL
- INTRODUÇÃO
Conforme Rossetti (2004), a expressão “agregados macroeconômicos” é empregada para designar, genericamente, os resultados da mensuração da atividade econômica considerada como um todo. O autor salienta que a referência básica é a soma de todas as transações, realizadas, por todos os agentes, na totalidade dos mercados (em dado período).
Vasconcellos (2008), ressalta que a macroeconomia é o ramo da teoria econômica que estuda a determinação dos agregados nacionais. Conforme o autor de “Economia: Micro e Macro”, a necessidade de obter cifras ordenadas que permitissem uma visão agregada do fenômeno econômico ficou mais potente a partir da Grande Depressão de 1930, que sucedeu o crash da bolsa de valores de N.Y., em 1929, quando se evidenciou a necessidade de intervenção governamental na economia para retomada do nível de atividade e do emprego.
Foi necessário o desenvolvimento de um instrumental que permitisse mensurar a totalidade das atividades econômicas, a qual foi denominada Contabilidade Nacional (CN) ou Contabilidade Social (CS).
A preocupação com os agregados macroeconômicos surgiu em grande parte, a partir de 1936 com a publicação da teoria Geral do emprego do juro e da moeda, de J.M Keynes, considerado pai da macroeconomia, na qual se desenvolve a maior parte dos conceitos que são objetivos da contabilidade nacional, tendo grande avanço na década de 1940 com os trabalhos de Richard Stone, Simon Kuznets e Wassily Leontief.
Os sistemas que mais se popularizaram foram o Sistema de Contas Nacionais (SCN) e a Matriz de Insumo – Produto, cuja uma das estatísticas mais relevantes deles derivada é a mensuração ao produto nacional.
- Importância: O desenvolvimento dessas técnicas de mensuração tem contribuído de forma decisiva para análise macroeconômica tomando possíveis testes empíricos e analises quantitativas e qualitativas mais próximas da realidade.
- Sistematização de dados: Nesse sentido, desde o final da 2ª G.M. a divisão de estatística das Nações Unidas elabora manuais metodológicos com o objetivo de servir de referência para a produção de estatísticas pelos órgãos produtos oficiais. As atuais referencias metodológicas desse texto são o Manual das Nações Unidas System of National Accounts – SNA93.
- Brasil: No Brasil as referências são adaptadas pela FGV, a contabilização e atualizações são publicadas pelo IBGE, órgão oficial produtor dessa estatística no Brasil.
- Funções: Atualmente, reconhece-se 03 importantes funções desempenhadas pelo SNC:
- Coordena a produção de estatísticas econômicas;
- Oferece precisão e confiabilidade dos indicadores de desempenho da economia; E,
- Ajuda a entender as relações entre os setores da economia, o que é fundamental para entendermos seu funcionamento.
- O pressuposto básico da contabilidade nacional são:
- As contas buscam medir a produção corrente: Assim não são considerados bens de segunda mão, produzidos em período anterior, o que certa dupla contagem e superestimação dos valores contabilizados. Nessas transações só se considera a venda realizada, pois esta é uma remuneração por um serviço prestado naquele período.
- As contas se referem a um Fluxo: Os empregados macroeconômicos correspondem a variáveis fluxo, cujos valores tem dimensão temporal (P.E. PIB em 2016), diferente das variáveis estoque que a referem a valores em determinado ponto do tempo (P.E Níveis de empregos no final de março/2017). Portanto, a CN só trabalha em fluxos, não apresentando um balanço patrimonial, como na contabilidade .....
- A moeda é neutra: A moeda é considerada apenas uma unidade de conta e instrumento de trocas, dada a existência de produtos e serviços (b/s) com diferentes unidades de medida. A FN não registra os agregados monetários, como os meios de pagamento. Logo, a CN só registra agregados reais, a quais representam diretamente alterações da produção e na renda nacional.
- PRINCIPAIS AGREGADOS MACROECONOMICOS: O fluxo circular da renda (FCR)
A partir do FCR estabelecem os conceitos dos principais agregados macroeconômicos. Inicialmente, suporemos uma economia simplificada, com dois setores, sem formação de capital, sem governo e fechado.
2.1- Economia dos dois setores sem formação de capital
Nesta economia propõe-se:
- A existência de 2 únicos agentes:
- As empresas, produtoras de bens e serviços (b/s);
- As famílias, que auferem os rendimentos prestação de serviços.
- Todas as decisões são tomadas pelas famílias;
- As empresas pertencem as famílias e são consideradas abstrações que representam o locus onde a produção se organiza;
- A economia não se expande, logo não há formação de capital (investimento, depreciação, poupança);
- Só se consideram os bem finais e os custos de produção das empresas. Logo não se incluem os insumos intermediários. Assim, o FCR para uma economia a dois setores pode ser ilustrado como figura 1:
Figura 01: Fluxo Circular da Renda[pic 1][pic 2]
No FCR tem-se que o fluxo monetário representa a contrapartida pelo fluxo real, pelo fornecimento de b/s e fatores de produção.
A remuneração dos fatores de produção constituiu-se de 04 itens:
- Salário remuneração do fator trabalho
- Aluguel remuneração do fator terra ou RN
- Lucro remuneração do capital físico
- Juros Remuneração do capital monetário.
Tais remuneração representam pelo lado das famílias (proprietária dos fatores de produção), rendimentos. Já -ela ótica das empresas representam custos de produção.
2.1.1- Três óticas de mensuração: Produto, despesa e renda
O fluxo da atividade econômica e do rendimento propiciam três óticas pelas quais se pode medir a atividade econômica e que chegam ao mesmo resultado numérico.
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